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Saturday, June 18, 2005

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http://arquivoetc.blogspot.com/2005/06/miriam-leito-o-desencanto.html
Miriam Leitão :O desencanto
O Globo
Um jovem simpatizante petista, de menos de 30 anos, olha desolado para a televisão que acabou de transmitir seis horas de pura sujeira e lamenta baixinho: "Que pena!" Na expressão, o resumo do sentimento de milhões de outros jovens que pintaram a cara no impeachment do Collor, vestiram vermelho em todas as eleições e garantiram aos discordantes que havia um partido diferente de tudo isso que está aí.
Havia na última eleição duas palavras em disputa pelos marqueteiros: medo e esperança. Agora é o medo da desesperança. O eleitorado petista e seus simpatizantes viveram uma semana dolorosa. Nada é parecido. O eleitor do Collor surfou numa onda fugaz. Não tinha ideologia, nem sonhos. Aquele homem de fantasia, batendo na mesa e levantando os punhos, criatura do oportunismo publicitário, capturou mentes menos compromissadas. Seus eleitores sumiram no ar quando PC Farias falou no Congresso: "Estamos todos sendo hipócritas aqui." No auge do impeachment, não se conseguia achar um eleitor do Collor; 32 milhõe...

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João Ubaldo Ribeiro:Quem nasceu ontem?
o globo
 
Não sei em que vai dar todo o fuzuê da semana passada. É bem possível que não dê em nada e os punidos por acusações eventualmente provadas venham a ser o boy que comprou as malas do suposto dinheiro do mensalão (tenho que usar "suposto", "alegado" etc., senão pode dar processo em cima de mim; mas, como é meio chato ficar repetindo esses adjetivos o tempo todo, peço que os subentendam daqui por diante) e talvez os caixas dos bancos que entregaram o dinheiro aos sacadores. E certamente vai sobrar para mim, pois deverei incorporar a condição de preposto do deputado Roberto Jefferson à minha condição de porta-voz de quem quer que achem que no momento estou portavozeando. Mas é isso mesmo, já estamos e já estou acostumado.
 
Sim, é quase tudo suposto e alegado, mas há aspectos interessantes, para quem assistiu ao depoimento. A primeira crítica que ouvi e li era que foi uma encenação. Ele estava firme, direto, seguro, sem tergiversação, acusou gente cara a cara e apenas, talvez por enquanto, não apre...

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Merval Pereira:Parlamentarismo
o globo
 
O político Lula sempre foi parlamentarista e contra o sistema de reeleição, assim como seu partido, o PT. Após a crise da deposição do ex-presidente Collor, no governo de transição de Itamar Franco, no plebiscito de abril de 1993 para definição do sistema de governo — se parlamentarismo, presidencialismo ou monarquia — o PT e o PSDB deveriam ter marchado juntos a favor do parlamentarismo mas, por oportunismo político, considerando que a eleição de Lula no ano seguinte estava praticamente garantida, o PT fixou-se no presidencialismo.
 
Alguns dos principais líderes do PSDB, entre eles o prefeito de São Paulo, José Serra, não perdoam o oportunismo do PT, que se recusou a participar do governo de coalizão de Itamar Franco e desistiu do parlamentarismo. Da mesma maneira, até pouco tempo atrás, embora sempre repetindo que é contra o sistema de reeleição do presidente, Lula já se preparava para a campanha, a bordo de uma candidatura que parecia imbatível. Com o desgaste provocado pelas sucessivas cri...

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Jefferson Peres:'O país não se suicida, vai se salvar por si só'
O Globo entrevista
 
 Adriana Vasconcelos e Maria Lima
 
Rouco em conseqüência das intervenções enérgicas que teve de fazer na semana passada quando conduziu, na condição de parlamentar mais experiente do grupo, a eleição para a presidência da CPI dos Correios, o senador Jefferson Peres (PDT-AM) faz um diagnóstico sombrio dos desdobramentos da crise de legitimidade que se abateu sobre o governo e o Congresso. Diz que o Congresso vive o pior dos mundos, pois não conseguirá cassar os deputados acusados de receber o mensalão e a sociedade vai entender isto como uma posição corporativista. "O Congresso não tem saída", diz. Ele acha que o presidente Lula não sofrerá um processo de impeachment, mas faz duras críticas ao imobilismo do presidente e ao fato de ele ter demorado a retirar José Dirceu do governo. Mais: chama de leviandade e alienação as piadas sobre futebol e o comportamento de Lula diante da crise. O senador não acredita que Lula abandone a idéia de buscar a reeleição, mesmo considerando que o pre...

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AUGUSTO NUNES :Os perigos da planície espreitam Dirceu
JB
 
 Derrubado pelo comando das Forças Armadas em 1945, Getúlio Vargas não esperou a virada do ano para exibir a extraordinária popularidade consolidada durante o que o ex-ditador chamava de "meu curto período no poder". Um curto período de 15 anos, durante os quais acumulara, ao lado de devoções irredutíveis e amizades comoventes, também ressentimentos e ódios incontornáveis. Nas eleições gerais de dezembro, multidões de eleitores permitiram a Getúlio vingar-se da queda recente.
 As normas fixadas pela Justiça Eleitoral permitiam que o mesmo candidato disputasse simultaneamente, e por diferentes estados, vagas no Senado e na Câmara. Um campeão de votos não iria perder a chance oferecida por essa brasileiríssima singularidade. Getúlio elegeu-se senador por São Paulo e pelo Rio Grande do Sul. Em vários estados, foi o mais votado entre os candidatos à Câmara. A legislação determinava que o eleito optasse por um dos cargos conquistados. Foi como senador pelo Rio Grande que Getúlio Vargas reapareceu na fren...

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Para Cesar Maia, atual cenário prejudica Garotinho
Valor (17/06/05)
 Maria Lúcia Delgado
 
 Ao analisar a atual crise política enfrentada pelo governo quase que de maneira científica, o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), considera que não há chances neste cenário para o crescimento de uma candidatura populista à Presidência da República em 2006, como a de Anthony Garotinho (PMDB). "Acho que vai ser exatamente o contrário. É equívoco imaginar que um quadro desse favorece o Garotinho, porque isso estabelece para candidatos com perfil populista um teto. Pode até ir para o segundo turno. O que a população vai buscar é um perfil antípoda ao de Lula", analisou Maia, que esteve ontem em Brasília para participar do Congresso Nacional de Refundação do PFL. O partido, agora, é oficialmente de "centro".
 
 O prefeito disse não duvidar da honestidade pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas afirmou não ver diferença entre as práticas do PT e do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, que denunciou um suposto esquema de pagamento de dep...

http://arquivoetc.blogspot.com/2005/06/lula-tenta-recomear-o-governo-e-salvar_18.html
Lula tenta recomeçar o governo e salvar sua biografia
veja
 
 Nocaute
Cinqüenta horas depois de Roberto
 Jefferson, o homem a quem o governo
 fez tudo para desqualificar, ter dito
 "rápido, sai daí rápido, Zé",
 José Dirceu deixa a Casa Civil
 

 Otávio Cabral
 
 Lula Marques/Folha Imagem
 A DECISÃO MAIS DIFÍCIL
 Os companheiros Lula e Dirceu: o presidente diz que aceitar a saída do ministro foi sua "decisão mais difícil" em trinta meses de governo
Há trinta meses, José Dirceu de Oliveira e Silva subiu a rampa do Palácio do Planalto e, fiel à sua história de militante cassado e exilado, fez de seu notável triunfo político um emocionado tributo aos que tombaram na luta contra a opressão. Na quinta-feira passada, José Dirceu de Oliveira e Silva, aos 59 anos, saiu do Palácio do Planalto pela porta dos fundos, sob o peso da acusação de comandar o mensalão, apelido da mesada de 30.000 reais com a qual o PT é suspeito de comprar o voto de deputados aliados. No discurso de despedida, ecoando o lamentável estilo dos políticos ortodoxos flagrados com ...

http://arquivoetc.blogspot.com/2005/06/o-pagador-do-mensalo.html
O pagador do mensalão
veja
 Quem é e como atua o lobista mineiro
 Marcos Valério, amigo do tesoureiro
 do PT, Delúbio Soares. Revelado por
 Roberto Jefferson, ele promete
 contra-atacar
 

José Edward e Felipe Patury

Tião Mourão/1º Plano
O LOBISTA VALÉRIO
 Suas relações com o vice José Alencar e o deputado Virgílio Guimarães lhe abriram as portas da cúpula do PT
 
 

O presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson, trouxe à luz na semana passada o nome de quem seria o pagador do mensalão para os partidos da base aliada do governo: o empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Jefferson disse que Marcos Valério era o operador do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, desde o início do governo. Ele distribuiria o mensalão com a ajuda do líder do PP, deputado José Janene. Em depoimento na Câmara, Jefferson deu mais detalhes. Contou que fechou um acordo pelo qual o PT daria ao PTB dinheiro para financiar sua última campanha municipal, como VEJA havia revelado em rep...

http://arquivoetc.blogspot.com/2005/06/pera-do-malandro.html
A ópera do malandro
veja
 
Com garganta bem treinada no
 canto lírico e a cancha de muitos
 anos de tribuna, Roberto Jefferson
 estremeceu a República – e um ele já levou
 
 Fotos Ana Araujo
 
Poucas coisas são mais perturbadoras do que um mentiroso que resolve dizer a verdade, um corrupto que assume ter roubado, um malandro que se transforma em paladino da moralidade. O extraordinário psicodrama político que se desenvolveu na terça-feira passada com o depoimento do deputado Roberto Jefferson ao Conselho de Ética da Câmara envolveu tantos elementos contraditórios que por vezes é difícil distinguir o que é denúncia fundamentada, insinuação cifrada, distorção deliberada. Mas as linhas mestras são de uma contundência assustadora. Número 1: a cúpula do governo e do PT, com os dois Josés, Dirceu e Genoíno, à frente, comandava um esquema sem precedentes de suborno em bloco de parlamentares. Esmiuçando as denúncias já antecipadas, o deputado deu nomes, datas, números. Número 2: a maldição do financiamento ilícito de campanha...

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Lula tenta recomeçar o governo e salvar sua biografia
veja
 
 Nocaute
Cinqüenta horas depois de Roberto
 Jefferson, o homem a quem o governo
 fez tudo para desqualificar, ter dito
 "rápido, sai daí rápido, Zé",
 José Dirceu deixa a Casa Civil
 

 Otávio Cabral
 
 Lula Marques/Folha Imagem
 A DECISÃO MAIS DIFÍCIL
 Os companheiros Lula e Dirceu: o presidente diz que aceitar a saída do ministro foi sua "decisão mais difícil" em trinta meses de governo
Há trinta meses, José Dirceu de Oliveira e Silva subiu a rampa do Palácio do Planalto e, fiel à sua história de militante cassado e exilado, fez de seu notável triunfo político um emocionado tributo aos que tombaram na luta contra a opressão. Na quinta-feira passada, José Dirceu de Oliveira e Silva, aos 59 anos, saiu do Palácio do Planalto pela porta dos fundos, sob o peso da acusação de comandar o mensalão, apelido da mesada de 30.000 reais com a qual o PT é suspeito de comprar o voto de deputados aliados. No discurso de despedida, ecoando o lamentável estilo dos políticos ortodoxos flagrados com ...

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Diogo Mainardi:Eu sabia. Todo
veja
 
 
"Roberto Jefferson garantiu que Lula não
 sabia o que os petistas faziam por baixo
 do pano. Eu sabia. O leitor sabia. Todo
 mundo sabia. O único que não sabia
 era seu maior beneficiário: Lula"
 
 Está a maior farra aqui em casa. Chegou a hora de tripudiar. De contar vantagem. De esfregar na cara. De soltar rojão. De me cobrir de glória. O depoimento de Roberto Jefferson na Comissão de Ética foi melhor do que Copa do Mundo. Foi meu hexacampeonato particular.
 
 Lula reagiu ao ataque de Roberto Jefferson afirmando que não aceitaria "vender a alma pela reeleição". Foi mais uma tentativa de engabelar o eleitorado. Seu governo não foi acusado de vender a alma aos parlamentares. Pelo contrário: foi acusado de comprar.
 
 Agora a reeleição morreu. Não é tão surpreendente assim. Em outubro de 2004, numa coluna intitulada "O partido do topa-tudo", apostei que Lula não seria reeleito, com o argumento de que "os eleitores estão nauseados com o PT. Ele será sempre identificado como o partido qu...

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Roberto Pompeu de Toledo:Roteiro da ópera, até agora
veja
 
 
Um guia dos itens fundamentais da peça
 atualmente em cartaz no cenário político
 
 Música – Cuore Ingrato. Escândalo político brasileiro que se preza precisa ter tema musical. O do governo Collor embalou-se ao som de Besame Mucho, o bolero dançado, rosto colado e ar de adolescentes apaixonados, pelo casal de ministros Zélia Cardoso de Mello e Bernardo Cabral. Não que o atual escândalo tenha atingido o patos do anterior – que ao romance entre ministros somou conflito fratricida, traições, mortes (Pedro e Leda Collor, Elma Farias) e até assassinato (PC Farias). Mas começou bem, com seu principal protagonista optando da janela por uma interpretação em que se adivinhavam amargura e promessa de vingança, soberba, ressentimento e desprezo. Besame Mucho flui em suave cadência e celebra momento de êxtase entre dois amantes. Cuore Ingrato, clássico da canzonetta napolitana, fere o grave tema da dor-de-cotovelo e exige cantoria a plenos pulmões. As duas cabem bem nos respectivos enredos – a primeira po...

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André Petry:Lula em seu labirinto
veja
 
 
"Ou o presidente sabia de tudo
 (e foi conivente), ou não sabia
 de nada (e foi inepto). A situação
 é tão lamentável que há uma torcida
 para que o presidente seja um inepto"
 
O presidente Lula até pode superar a crise atual e, quem sabe, reeleger-se para um segundo mandato. Mas é hipocrisia esconder que foi definitivamente alvejado pelos estilhaços do escândalo – e no coração. Do labirinto em que foi jogado pelo mensalão, Lula tem só duas saídas, e nenhuma delas é boa. Ou o presidente sabia de tudo (e foi conivente) ou não sabia de nada (e foi inepto). Não há uma terceira alternativa. A situação é tão lamentável, mas tão lamentável, que existe uma torcida silenciosa para que a verdade esteja na segunda hipótese. Ou seja: torce-se para que o presidente seja um inepto, apenas isso...
 
 É melancólico, mas a outra hipótese é ainda pior. Se a verdade estiver na primeira alternativa, a de que Lula foi conivente, o desdobramento inevitável é a instalação de um processo de impeachment por pr...

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MILLOR-Mensalão o quê, ô meu!?
Mensalão o quê, ô meu!? Mensalama!
Váryas
 
 
Não espalha, não, mas, ignorante por ignorante, eu prefiro o Severino.
 
 Esse governo é um barco a três. Um olha prum lado, outro rema pro outro. Sem patrão.
 
 Como dizia o cara do PL, recebendo o Mensalão: "Com o meu passado, aceito qualquer presente".
 
 O Mensalão não tem mãe. O Pai é o Pai da Pátria.
 
É dando que se recebe. Mas, por segurança, certas moças e certos políticos cobram adiantado.
 
 Lição para corruptores – quem recebe nunca fica satisfeito. Quem não recebe, também.
 
 O Mensalão pega de galho. É contagioso. E transgênico.
 
 Todo governo é um ato de depravação.

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FERNANDO GABEIRA:Flores, flores para los muertos
folha de s paulo
 Sempre que os fatos ganham velocidade, costumo comprar um bloco de notas. Anoto frases, idéias, intuições e deixo que se decantem com o tempo. Volto a elas, depois, para rejeitá-las ou desenvolvê-las. A primeira frase que me veio à cabeça foi a da vendedora de flores que encerra um filme.
 O pequeno bloco também tem idéias. Por exemplo: comparar a ditadura com o governo Lula. Uma neutralizou o Congresso pelo medo; o outro, pelo pagamento de mesada. Ditadura e governo Lula compartilham o mesmo desprezo pela democracia, ambos violentaram a democracia reduzindo o Parlamento a uma ruína moral.
 Os militares prepararam sua saída de forma organizada. Nem muito devagar para não parecer provocação nem muito rápido para não parecer que estavam com medo. Já o núcleo duro do governo Lula parece perdido, batendo cabeça, ou melhor, enfiando-a na areia, sem perceber que a polícia está chegando e, daqui a pouco, alguém vai gritar na porta do Planalto: "Se entrega, Corisco".
 Quando era menino e vivia ...

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O "NOVO" GOVERNO
editorial de folha de s paulo
 Ao que tudo indica o afastamento do ministro José Dirceu representará uma mudança de perfil da Casa Civil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria inclinado a nomear alguém com características mais gerenciais do que de articulador político. O substituto de Dirceu não seria, portanto, um novo candidato a superministro. Apurações nos bastidores apontam para a ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, tida como uma colaboradora dedicada e com talentos executivos.
 É possível que a mudança ministerial venha também a extinguir a pasta da Coordenação Política, tarefa que seria transferida para o Congresso, a "planície" na qual o deputado José Dirceu promete combater, defendendo a si próprio e ao governo das denúncias de corrupção. Dirceu contaria com o reforço de outros ministros com mandato legislativo que seriam afastados na reforma.
 Certo é que neste "novo" governo o PT perderá força e o PMBD ganhará mais espaço -em mais uma clássica operação na qual essa legenda, ve...

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FECHAR GUANTÁNAMO folha de s paulo editoria
Se há dois nomes que simbolizam o que de pior aconteceu aos EUA após o 11 de Setembro, eles são Abu Ghraib e Guantánamo. O primeiro é o nome da prisão iraquiana onde militares norte-americanos foram flagrados infligindo maus-tratos a prisioneiros iraquianos. O segundo é a base militar norte-americana em Cuba que foi improvisada em prisão para suspeitos de terrorismo após a intervenção no Afeganistão. São fartos os relatos de que presos nessa base foram submetidos a humilhações e tortura.
 Generais do Pentágono negam as acusações e afirmam que as condições de encarceramento são boas, mas são crescentes os sinais de que a Casa Branca cogita de fechar Guantánamo ou pelo menos reduzir significativamente o número de presos. Seria uma satisfação à opinião pública norte-americana e mundial.
 Com efeito, os desmandos de Guantánamo são reveladores de que havia por parte das autoridades norte-americanas a intenção de, em nome da segurança do Estado, atropelar garantias asseguradas pela Declaração Universal dos Direit...

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CLÓVIS ROSSI:Severino, o novo herói
folha des paulo
 SÃO PAULO - Era uma vez, num charco que queria ser lagoa, uma bela figura humana apelidada de Sapo Barbudo. Como todo sapo, tinha um sonho: ser Príncipe. Tentou, tentou, tentou até conseguir, cercado de seus eternos amigos, os petês.
 Agradecido por ser Príncipe, seu primeiro foi ato visitar o Altar da Pátria Financeira e nele depositar sua dádiva: os mais altos juros do planeta. Afinal, ele sabia que o pessoal que habitava a parte de cima do charco, onde fica o altar, tinha medo dele, e era preciso comprá-los na linguagem que entendem.
 Mas alguns petês desconfiaram e criaram a banda Os Radicais, que não parava de cantar o hit "Eu Ainda Lembro o que Você Dizia no Verão Passado". Foram expulsos.
 E foram substituídos por uma turminha brava: o pêéle, o pepê e o petebê. Tinham todos passado a vida brigando com os petês, mas Príncipe não liga para detalhes sórdidos.
 Um belo dia, escândalo no charco: a turma do petebê foi vista roubando o carteiro. "Investiguem tudo", gritou a turma do Prí...

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FERNANDO RODRIGUES:Lula mais igual ao governo
folha de s paulo
 BRASÍLIA - Protegido por todos até agora, Lula continua sendo o único nome certo e competitivo para a eleição presidencial de 2006. Esse é o resultado mais relevante da pesquisa Datafolha apresentada ontem, mas não é nem de longe a única mensagem do levantamento.
 O Datafolha vem captando um fenômeno importante: a diferença de aprovação entre o presidente e o governo já não é tão grande como no passado. Embora ainda blindado da inépcia geral a sua volta, Lula vai aos poucos perdendo a gordura acumulada. Está cada vez mais parecido com a sua administração.
 Em março do ano passado, 60% aprovavam Lula e só 38% davam OK para o seu governo. Hoje, os percentuais são de 49% e 36%, respectivamente. A diferença encolheu de 22 para 13 pontos percentuais.
 Há diversas pistas para entender por que Lula está mais igual ao seu governo. Uma delas é a percepção generalizada de corrupção.
 Em março do ano passado, 32% dos brasileiros achavam que havia corrupção na administração federal. Agora, o percen...

http://arquivoetc.blogspot.com/2005/06/one-for-my-baby-billy-holiday.html
One For My Baby - Billy Holiday
Clique aqui

http://arquivoetc.blogspot.com/2005/06/bem-na-crise-gesner-oliveira.html
Bem na crise GESNER OLIVEIRA
folha de s paulo
 
 A MP 252, publicada no "Diário Oficial" da última quinta-feira, ganhou o apelido de "MP do Bem". Embora aponte na direção correta de desoneração do investimento e da produção, o pacote de bondades é insuficiente para compensar todas as distorções existentes.
 A "MP do Bem" reflete esforço do governo em promover uma agenda positiva em meio à crise política. O discurso oficial destaca incentivos voltados para cinco variáveis principais: investimento produtivo, exportações, inovação tecnológica, inclusão digital e a produção de segmentos específicos como a construção civil.
 Anúncios como o da MP 252 costumam dar carona a toda sorte de providências. É o varejão do bem. Assim, por exemplo, o governo reduziu a alíquota de IPI para vinhos espumantes de 15% para 10% por meio do decreto 5.466/05!
 O estímulo ao investimento constitui componente mais importante, tanto do ponto de vista quantitativo quanto do qualitativo. Do ângulo quantitativo, a redução para zero do IPI de bens de capital re...

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Miriam Leitão :Canal de contágio
o globo
 
A semana termina com uma sensação de saldo positivo na economia. Afinal, quem viu a extrema volatilidade de outras crises pode concluir que está tudo superado. No mercado, a conclusão é que o ministro Antonio Palocci está mais forte e a política econômica, blindada. Mas há outras maneiras pelas quais uma crise como esta afeta a economia de forma mais prolongada e perigosa.
O pessimismo econômico aumentou. Os dados da pesquisa CNI/Ibope, divulgados ontem, mostraram isso. E deve continuar aumentando porque, quando as notícias são as que estão sendo servidas diariamente às pessoas, isso acaba minando a confiança que leva os consumidores ao consumo e os investidores aos investimentos. A deterioração do humor do empresário ou do consumidor posterga decisões de compra. O que afeta o nível de atividade. O efeito nunca é instantâneo, nem espalhafatoso como os movimentos de mercado financeiro, mas ferem a economia ainda mais.
 
 
O mercado gosta do sobe-e-desce. A volatilidade abre o apetite de compr...

http://arquivoetc.blogspot.com/2005/06/zuenir-ventura-enrolation-demais.html
Zuenir Ventura:É enrolation demais
o globo
 Acho que foi o colunista Clóvis Rossi o primeiro a perceber a carga simbólica contida naquele comercial da Schincariol que desqualificava a concorrência ao propor sua cerveja como a única legítima: "o resto é enrolation", dizia o anúncio. Aproveitando o fato de que os publicitários "são craques em retratar a alma profunda da pátria", Rossi recolheu várias formas de pequenas trapaças do comportamento brasileiro para ilustrar nossa vocação de país da enrolation: o "gato", o "por fora", "com nota ou sem nota", o "jeitinho".
 
 
 Curiosamente, essa semana o caso ganhou um raro e exemplar desfecho, com a Polícia Federal, a Receita e o Ministério Público descobrindo que a Schincariol, ela sim, é que era enrolation. Enrolava tanto o fisco que seus donos foram presos e indiciados por sonegação, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Só nessa Operação Cevada, a PF calcula que as fraudes cheguem a R$ 1 bilhão.
 
Espera-se que na confusão moral que assola o país, em meio a tanta...

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Merval Pereira:Fora de hora
o globo
 
A reforma do nosso sistema político- partidário voltou à ordem do dia com os escândalos envolvendo uma possível compra de votos em massa no Congresso, uma megaoperação de suborno que o deputado Roberto Jefferson acusa o ex-Ministro José Dirceu de ter organizado com o PT. No entanto, o que inviabiliza qualquer debate mais profundo da questão é que os que estão negociando as alterações nas regras do jogo são os mesmos líderes partidários acusados de fazer parte do grande esquema do mensalão.
 
 Um dos principais pontos da reforma que está em estudos no Congresso é a lista fechada para a escolha dos candidatos, que em teoria fortaleceria os partidos.
 
 Além do fato de que as últimas crises políticas no continente esvaziaram o argumento de que todos os países da América do Sul já usam o sistema de lista fechada, e que apenas o Brasil adota o sistema uninominal, existe outra dificuldade: como entregar a direções partidárias acusadas de corrupção, como o PP de Pedro Corrêa; o PL de Valdemar Costa...

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Thomas Friedman :Os carros híbridos da Toyota
The New York Times Eu tenho uma pergunta: se eu estiver torcendo para a General Motor declarar falência e ser comprada pela Toyota, isso faz de mim uma pessoa ruim?
 
 
 Não que eu queria que os operários da indústria automobilística percam seus empregos, mas eu certamente não vestiria um terno preto se a equipe inteira da gerência da GM fosse demitida e substituída por executivos da Toyota. Na verdade, acho que a única esperança para os funcionários da GM, e talvez até mesmo para nosso país, é com a Toyota. Vamos encarar a verdade, quando a Toyota se for, os EUA vão junto.
 
 
 
 A Toyota tomar o comando da General Motors – que baseou sua estratégia de negócios na produção de carros a gás, incluindo o Hummer idiota, ridicularizando a tecnologia híbrida e combatendo esforços do congresso para impor padrões de milhagens mais altos sobre as companhias automotoras americanas – não seria apenas de interesse econômico americano, também seria de interesse geopolítico dos EUA.
 
 
 
 Porque a Toyota fo...

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Eminências: pardas, cinzas e vermelhas Por Alberto Dines
ultimo segundo
 Tratamento para cardeais, eminência significa relevo, relevância. Figuras de proa, príncipes da Igreja, os cardeais usavam habitualmente a cor púrpura para distinguirem-se do baixo-clero sempre de preto. O Cardeal Richelieu, o manda-chuva de Luís XIII (1610-1643), conhecido como o Eminence Rouge, mandava ostensivamente.
 
 
Mas o poder atrás do poder, invisível, inacessível, intocável era o confidente do rei, o obscuro pére, padre, Joseph (François Leclerc, ex-Marquês de Tremblay antes de ordenar-se Capucho) conhecido como Eminence Grise.
 
A mutação do discreto cinza francês para a cor parda em português pode explicar-se através dos meandros da nossa preconceituosa tinturaria antropológica mas o que interessa no momento é a sábia e sofisticada distinção estabelecida há quase quatro séculos no esquema absolutista com os dois tipos de eminências, a rubra e a cinza.
 
José Dirceu saiu – ou caiu, dá no mesmo -- porque não prestou atenção à sutil nomenclatura francesa. Entregou-se ao fasc...

http://arquivoetc.blogspot.com/2005/06/villas-boas-nada-detm-cpi.html
Villas Boas Nada detém a CPI
no mínimo
 
 17.06.2005 | O governo comemora, com o coração apertado, a primeira vitória na ressaca de caiporismo, ao eleger o presidente e emplacar o relator na CPI incumbida de apurar as denúncias de grossa roubalheira nos Correios com o desvio de dinheiro para a caixinha do PTB. Escolheu a dedo gente de confiança, à prova de traição: o senador petista Delcídio Amaral para presidente e o deputado Osmar Serraglio, do PMDB, para relator: dois candidatos a deliciosos momentos de notoriedade, com espaço garantido na mídia e a suprema ventura de aparecer na televisão.

Esperteza demais costuma castigar os ladinos. No caso, além de contraproducente, levanta a poeira da suspeição da CPI chapa branca, instiga a oposição e não terá força para barrar a onda que ameaça deflagrar a crise institucional que bate à porta do Legislativo e do Executivo. Além do que, não é a única: a Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o mensalão que o PT é acusado de distribuir com os aliados deve ser constituída na próxima se...

http://arquivoetc.blogspot.com/2005/06/pps-recebeu-oferta-de-r-4-milhes-para.html
PPS recebeu oferta de R$ 4 milhões para apoiar Marta em São Paulo
Expedito Filho - Artigo O Estado de S. Paulo 17/6/2005
 
Partido relata que teve oferta para votar com o governo Marta, nos mesmos moldes denunciados por Jefferson em nível federal

O esquema de compra do apoio de partidos políticos denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) em Brasília funcionou também em São Paulo. No primeiro semestre do ano passado, o secretário-geral do PT, Silvio Pereira, e o então secretário municipal de Comunicação, Valdemir Garreta, ofereceram - segundo uma testemunha das negociações - R$ 4 milhões ao PPS para que os vereadores da legenda votassem conforme o interesse da prefeita Marta Suplicy. O PPS tinha então dois vereadores na Câmara paulistana, Edvaldo Estima e Myriam Athiê.
A proposta foi apresentada durante uma conversa na Galeria dos Pães, uma padaria na esquina das ruas Haddock Lobo e Estados Unidos, nos Jardins. Ali os dois petistas se encontraram com os dois principais dirigentes municipais do PPS: o presidente Carlos Fernandes e o tesoureiro Ruy Vicentini....

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Uma crise antiga em um Brasil novo LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
folha de s paulo
 
 Não escapa ao analista mais cuidadoso uma característica importante dos dias turbulentos que estamos vivendo: os preços dos principais ativos brasileiros, apesar de um aumento importante na volatilidade, não refletiram ainda a crise do governo Lula. Um exemplo claro desse comportamento é a cotação do dólar em relação ao real: R$ 2,37, em 30 de maio e R$ 2,406 ontem.
 A primeira lição desse comportamento inusitado é que a participação crescente de agentes financeiros internacionais nos negócios com ativos brasileiros explica de forma importante essa mudança. Isso já era conhecido dos que vivem o dia-a-dia dos mercados, mas, agora, temos uma prova inconteste dessa nova realidade.
 A internacionalização de nossa economia aumentou muito nos últimos anos, tanto pelo canal do comércio internacional como pelo financeiro. Nossas exportações, somadas às importações, já representam mais de 25% do PIB. Embora ainda longe de outras economias, esses números são significativamente maiores do que no ...

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IGOR GIELOW:Saiu
folha de s paulo
 BRASÍLIA - E José Dirceu caiu. Diferentemente do que muitos pensavam há pelo menos dois anos e meio, o sol se pôs e deverá nascer hoje. Caiu pelo peso que começou a representar em 13 de fevereiro de 2004. Se Lula tivesse tirado Zé, como seus amigos o chamam, lá atrás, quando estourou o caso Waldomiro Diniz, muito desgaste teria sido evitado. Poderia haver coordenação política. Talvez não houvesse tanta centralização dos negócios do governo na Casa Civil, sob a alegação pitoresca de que Dirceu era um gerentão eficaz.
 Mas não. O Zé era imexível. Gênio. O autor hardcore do projeto Lula light. Mas o que vai ficar no imaginário político e popular é a figura de Roberto Jefferson, justo quem, dizendo: "Sai daí". Saiu.
 Assim como Sérgio Motta, seu equivalente do início da era FHC, Dirceu jogou em terreno obscuro e fez inimigos de todos os lados na confecção de seu projeto político -isso assumindo a presunção de sua inocência em episódios como o do "mensalão", algo que agora talvez seja apurado....

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CLÓVIS ROSSI :Sai Dirceu, entra PMDB, crise fica
folha des paulo
 SÃO PAULO - A saída de José Dirceu da Casa Civil não é um problema para o governo (nem uma solução), mas pode ser um problema para o PT e para as relações entre o partido e o governo.
 Explico: como coordenador político, Dirceu não deu lá muito certo, a ponto de legar um governo que é o mais desconjuntado politicamente dos últimos muitos anos. Como gerente do governo idem: pode-se fazer o elogio que se quiser ao governo Lula, mas não conheço ninguém, nem o próprio Lula, que diga que se trata de uma máquina azeitada.
 Portanto não é por aí o problema. Até é, é só minha opinião. Mas gente do próprio Palácio do Planalto compartilha a tese sobre o relacionamento PT/governo, que tem a ver com o simbolismo que Dirceu carrega: encarnação do PT, do velho PT, não o "new PT", cuja figura emblemática chama-se Antonio Palocci.
 Dependendo da carga de mágoa com que Dirceu voltar ao Congresso, contaminará a bancada do partido, que, é sempre bom lembrar, é a maior da Câmara. Ou, posto de outra forma: o...

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A QUEDA DE DIRCEU
folha de s paulo editorial
 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou ontem o período de discursos, evasivas e tiradas futebolísticas para, finalmente, tomar decisões com vistas a enfrentar a crise política. Foi anunciado o pedido de demissão do ministro da Casa Civil, José Dirceu, que passará a atuar na Câmara dos Deputados.
 Desgastado desde o escândalo envolvendo seu ex-assessor Waldomiro Diniz, Dirceu foi perdendo influência no núcleo do governo. Também suas posições críticas em relação à política econômica o colocaram em rota de colisão com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a quem o presidente passou a dedicar crescente consideração.
 Ao deixar o Executivo, depois de conclamado a fazê-lo pelo deputado Roberto Jefferson, em seu depoimento no Conselho de Ética da Câmara, Dirceu já não era nem uma sombra daquele político que, no início da nova administração, chegou a se comportar como uma espécie de "superministro", centralizando as principais articulações e traduzindo as inclinações do presi...

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MAURO SANTAYA NA: O respeito ao mandato
A saída esperada de José Dirceu do cargo de chefe da Casa Civil do governo pode aliviar as tensões do momento, mas não basta para resolver a crise de fundo. Não se encontra circunscrita a nomes, mas resulta da anemia das instituições republicanas.
 Quando o confronto natural entre duas facções partidárias se torna exacerbado, não é difícil superar a crise. O grupo majoritário assume as prerrogativas e os riscos do mando, enquanto a minoria, exercendo a oposição, conforme as regras constitucionais, busca a conquista (ou a reconquista) do poder pelas urnas. Se os ocupantes do Poder Executivo cometem abusos, para nele manter-se ou para dele usufruir, há os recursos constitucionais do impedimento do chefe de Estado e de governo, nos regimes presidencialistas; e do voto de confiança e dissolução do Parlamento, nos sistemas parlamentaristas. E quando a nação se sente frustrada pela representação política como um todo, como ocorre hoje?
 
 Uma das vantagens do governo parlamentarista é o poder de intervenção mo...

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Luís Nassif - Um salto no planejamento
Folha de S. Paulo 17/6/2005
 
 Em plena crise do segundo governo Getúlio Vargas, foram preparados os diagnósticos que alimentaram o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. Em pleno fracasso do governo José Sarney, o Ministério da Ciência e Tecnologia plantou as sementes dos futuros programas de qualidade total. Em pleno terremoto do governo Fernando Collor, iniciou-se o trabalho de abertura e desregulamentação. Na confusão do governo Itamar Franco, foi consolidado o SUS (Sistema Único de Saúde). Na agonia do governo Fernando Henrique Cardoso, foi lançado o sistema de inovação.
Em meio a esse terremoto político inédito, está em preparação um salto inédito no conceito de formulação estratégica do país: os estudos coordenados pelo Inae (Instituto Nacional de Altos Estudos), sob o comando do coronel Oswaldo Oliva Neto.
Da ESG (Escola Superior de Guerra), Oliva trouxe o conceito de planejamento estratégico e de visão geopolítica, adicionou uma metodologia de ponta e a assessoria especial de Maria João Rodrigu...

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Dora Kramer - Atirando da planície
DORA KRAMER O Estado de S. Paulo 17/6/2005
 
José Dirceu sai tarde demais, com a majestade perdida e a reputação ferida José Dirceu deixa a chefia da Casa Civil com ano e meio de atraso e volta à Câmara dos Deputados desprovido da majestade de segundo homem mais poderoso da República, ferido na reputação de grande articulador político e devendo ao país explicações a respeito de denúncias de corrupção envolvendo a cúpula do PT a ele íntima e diretamente ligada.

Nem por isso abandonou o ânimo do confronto. Anunciou seu pedido de demissão num tom bem abaixo da estridente arrogância habitual, mas acentuou a pronúncia de militante ao prometer "dar combate" aos adversários do PT e do governo Lula.

Se na volta à Câmara permanecerá como referência política e dono da prerrogativa de comandar a tropa petista, isso vai depender do rumo dos escândalos em curso e das consequências das arestas que criou com petistas, aliados e oposicionistas ao longo do seu reinado.

José Dirceu definitivamente não fez amigos ne...

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Lucia Hippolito:Com ele nada andava
BLOGRicardo Noblat
 "E lá se foi o ministro José Dirceu. Fragilizado, atacado por adversários e até por alguns aliados, insatisfeitos com seu estilo truculento de fazer política, bombardeado por denúncias de que seria o cérebro de uma camarilha que loteou a administração pública brasileira e passou a distribuir mesadas a deputados.
 Mas não era só a performance de José Dirceu como articulador político que era criticada por amigos e inimigos. Também seu desempenho como supergerente do governo deixou muito a desejar. Para muitos ministros, a Casa Civil era uma espécie de túmulo de projetos. Tudo tinha que ser enviado ao ministro José Dirceu. E a maioria morria ali mesmo.
 O ministro se envolvia em tudo, requeria participação em tudo. Chegou a coordenar mais de 70 grupos de trabalho, comissões interministeriais e comissões de alto nível que tratavam dos mais variados assuntos, desde o novo perfil das agências reguladoras, passando pelo fracassado acordo entre a Varig e a TAM, chegando mesmo aos projetos de i...

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PT: Encontro Nacional Extraordinário já! PLINIO ARRUDA SAMPAIO e IVAN VALENTE
folha de s paulo

 Hoje é patente que as divergências internas quanto aos rumos do Partido dos Trabalhadores chegaram a um ponto extremo. Agravadas pela crise aguda envolvendo a governabilidade e questões éticas, essas divergências estão impedindo a unidade da ação partidária. Elas têm origem na ilegitimidade das posições assumidas pela maioria da direção do partido ao desrespeitar as resoluções do Encontro de Olinda, em 2001, e, mais que isso, ao desrespeitar toda a histÓria do PT.

 A demissão de José Dirceu é o reconhecimento da crise da proposta capitaneada pela maioria no PT e no governo

 Na verdade, as divergências agravaram-se muito após a posse de Lula na Presidência da República, em razão, especialmente, das políticas que ele adotou no plano econômico e no plano das alianças políticas.
 Logo no inicio do governo, um grupo de amigos do presidente, perplexos com os rumos da administração, enviaram-lhe uma carta solicitando mudanças de rumo. Não foram sequer recebidos. Um pouco mais adiante, 30...

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NELSON MOTTA :Sem pecado acima do equador
folha de s paulo
 AMSTERDAM - Um café europeu como outro qualquer, pequeno, charmoso e enfumaçado, um dos 300 espalhados pela cidade. Entra um senhor americano, encosta no balcão e é recebido com simpatia pelo jovem atendente, um nerd de "oclinhos", holandês. O americano consulta o menu. Conversam um pouco, como um sommelier e um apreciador de vinhos, trocando idéias. Depois de muito escolher, acaba comprando um saquinho de cannabis "Purple Haze", enrola seu baseado, dá umas tragadas e sai fumando pela rua. Entram dois garotões brasileiros doidos para ficarem doidões. Depois um senhor italiano, um casal francês de meia-idade, um negão americano com uma loura holandesa. Um clichê folclórico de Amsterdam? Não mais.
 Atualmente, os estrangeiros são maioria absoluta entre os consumidores de maconha nos cafés e nas ruas desta linda e pacífica cidade cortada por canais e pontes. É até engraçado ver tantos jovens, senhores e senhoras estrangeiros, fumando seus "becks" pelas ruas e parques como se estivessem numa D...

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Miriam Leitão : O contra-ataque
o globo
 O governo demorou, mas iniciou ontem o contra-ataque. A saída do ministro José Dirceu é um primeiro passo. Outros ministros sairão. O gabinete de crise, que será instalado, será chefiado por um ministro e todos os órgãos e estatais receberão a ordem de dar prioridade a todos os pedidos de informação da CPI no processo de apuração que foi iniciado. O presidente prepara um pronunciamento à nação. A área econômica prepara medidas fiscais. O pior da resposta foi o tom conspiratório em um trecho do discurso de José Dirceu.
Numa conversa a sós que o presidente e o ministro José Dirceu tiveram ontem no café da manhã, todos os detalhes da saída dele foram acertados. Um detalhe importante: José Dirceu é presidente do PT, licenciado. Discutiram a possibilidade de ele voltar ao posto ou não. Prevaleceu a segunda alternativa. Discutiram a necessidade de que ele passasse a aglutinar a turma do PT, desorganizada desde o início da crise.
 
 
O ex-ministro José Dirceu prepara um forte contra-ataque ao deputad...

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Luiz Garcia:O sistema e a grana
O deputado Roberto Jefferson tem forma peculiar e muito pessoal de qualificar a circulação clandestina de dinheiro na atividade política.
 
 
Quando ele e os seus não participam, como no caso do mensalão, trata-se de escândalo a ser ruminado sem alarde e denunciado com fanfarras na hora de maior vantagem ou necessidade. Quando o dinheiro é em seu benefício — o exemplo é o aporte de dinheiro petista para campanhas eleitorais do seu PTB — ele parece acreditar honestamente que a operação clandestina é sempre inevitável e quase sempre perdoável.
 
Como ele disse e repetiu com sonora ênfase, todo mundo faz assim na política nacional. No máximo, caso formalmente denunciado, admitiu fazer comunicação temporã à Justiça Eleitoral. Será isso manifestação de honestidade ou disposição de escapar do prejuízo?
 
Parece óbvio que Jefferson não está sozinho nesse comportamento. Nestes dias complicados, qualquer tentativa de isolá-lo num nicho especial e detestável sempre terá mais cheiro de jogada do que aroma de a...

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Merval Pereira : O militante Dirceu
o globo
 A decisão do presidente Lula de "abrir mão" de seu principal colaborador é uma indicação da grandiosidade da crise política em que estamos envolvidos. José Dirceu sempre foi um militante petista, e volta para seu berço político para se defender e defender o PT, que de símbolo da ética na política, transformou-se em instrumento de corrupção, pelo menos na percepção da opinião pública, depois das denúncias de esquemas montados nos bastidores dos órgãos governamentais para financiamentos de campanhas e de políticos.
 
 Saindo do Palácio do Planalto, José Dirceu deixa o presidente Lula liberado para fazer a ampla reforma ministerial que estava prometendo e que adiou várias vezes, constrangido pelos laços de amizade de sua extensa vivência petista. É quase certo que teremos brevemente, ou no plenário da Câmara, ou nas reuniões da CPI dos Correios, grandes embates políticos, com Dirceu retomando seu estilo agressivo, o mesmo que o fez controlador das principais manobras políticas do grupo Articulação, ...

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Clichês, ameaças e futuro
Palocci na Casa Civil — preparando a sua candidatura à Presidência, com Lula anunciando que não disputa a reeleição — é a melhor saída. Por isso, talvez, não se opte por ela...
Por Reinaldo Azevedo

Fernando Pessoa dizia que "todas as cartas de amor são ridículas". As de renúncia também. Até quando carregam uma carga dramática infinitamente maior, como a de Getúlio Vargas. Aquele negócio de "sair da vida para entrar na história" apela a uma antítese patética. Até porque a história é muito mais madrasta do que a vida. E até me perderia aqui nas culpas de Getúlio não fossem outras urgências.

A fala de Dirceu carrega na emoção e na grandiloqüência para tentar diminuir a fealdade do atual momento político. Não faltaram os clichês da honradez política — "cabeça erguida", "mãos limpas" — e também um certo tom de ameaça, que sempre fica muito bem ao agora só deputado José Dirceu: "Percorrer o Brasil para mobilizar o PT e o Brasil contra aqueles que querem interromper o processo democrático". Quem quer? Dirceu...

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Troca de cartas Lula -Zé Dirceu (Dok. Duda???)
BLOG Ricardo Noblat
 
 De: Lula. Para: José Dirceu
 
 Querido Zé,
 Recebi seu pedido de afastamento das funções de Chefe da Casa Civil. Decidi aceitá-lo louvando seu desprendimento pessoal. Só pessoas de sua grandeza são capazes desses gestos.
 Compartilho seu sentimento de que esta decisão permitirá a você melhor defender nosso governo, nosso partido e sua própria pessoa.
 Como parlamentar brilhante que é - um dos líderes políticos mais importantes e respeitados da República - você poderá, na Casa do Povo Brasileiro, desfazer as infudadas acusações lançadas por aqueles que querem descontruir nossa história e nosso projeto de mudança social.
 Esta é a ocasião para expressar meu apreço por sua lealdade, dedicação, competência e honestidade no trato da coisa pública, como Ministro Chefe da Casa Civil.
 É também a ocasião para reiterar minha amizade e gratidão por tudo o que fez pelo povo brasileiro em nosso governo. Como você mesmo diz em sua carta, a luta continua.
 
 
 De: José Dirceu. Para: Lula
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Descontruindo o discurso de José Dirceu
BLOG Ricardo Noblat
 
 * "Quero agradecer a Maria Rita, minha esposa, que sempre está ao meu lado, todos esses anos". (Da semana passada para cá, o ministro foi alvo de notas publicadas em jornais e de informações que circularam na internet dando conta do fim do seu casamento. Maria Rita estava ao lado dele no salão leste do Palácio do Planalto.)
 * "Vou também voltar como militante-dirigente ao PT que é, na verdade, a minha vida. Vou voltar para junto, ao lado, e apoiando o presidente Genoíno."
 (José Dirceu não voltará ao PT apenas como militante - por mais importante que seja ou possa ser. Ele sublinhou que voltará como militante-dirigente. Ele é presidente licenciado do cargo desde que foi para o governo. Nada mais natural que reassuma o cargo. Seria também uma saída honrosa para Genoino, alvo de denúncias do deputado Roberto Jefferson.)
 * "Vou mobilizar o PT para dar o combate àqueles que querem interromper o processo político democrático, e querem desestabilizar o governo do presidente Lula." ...

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Jefferson e a missão de Jorge Viana Por Alberto Dines
ultimo segundo
 
 Autor da minuta da modelar Constituição americana, terceiro presidente dos EUA e um dos patriarcas da república com o mais expressivo legado político, Thomas Jefferson (1743-1826), não poderia imaginar que 250 anos depois o seu nome seria tão usado no Brasil para batizar meninos destinados a seguir a carreira política.
Um destes Jeffersons, Roberto, nasceu em 1953, rechonchudo, tornou-se rotundo, fez carreira no trabalhismo fluminense (PTB) que não é propriamente uma academia para exercitar virtudes e inclinado para o bel canto enveredou pela histrionice. Outro Jefferson, Péres, amazonense (nascido em 1932) hoje senador da República pelo PDT é de outra cepa: escolheu o caminho da ética, veterano nas investigações legislativas e o decano da recém instalada CPI do Correiogate.
 
 
 
Sobre o Jefferson (Roberto) e as más companhias com que andava o governo, disse o outro Jefferson (Péres): "quem anda com porcos come farelo". Não poderia ter sido mais explícito sobre o chiqueiro que se in...

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Lucia Hippolito: Primeiro capítulo de uma longa novela
BLOG Ricardo Noblat
 
 "Depois de um grande incêndio, é preciso fazer o rescaldo, ver o que sobrou do fogaréu, reunir os sobreviventes e tentar tocar a vida. É assim mesmo.
 Ontem o mundo político viveu uma espécie de ressaca, depois da avalanche de denúncias e acusações que rechearam as sete horas do depoimento do deputado Roberto Jefferson no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
 Foram tantas as linhas de investigação sugeridas pela fala do deputado, tantos foram os nomes citados nas acusações, que para processar todas as informações vai levar algum tempo.
 Não há dúvida de que ontem aconteceu só o primeiro capítulo de uma longa novela, que deve se arrastar por todo o segundo semestre, pode cancelar o recesso de julho e já paralisou o Congresso.
 Também no Poder Executivo o depoimento causou forte impacto. Ontem de manhã, o sindicato dos trabalhadores nos Correios, filiado à CUT, patrocinou uma manifestação de funcionários em frente ao edifício-sede dos Correios, no Rio de Janeiro, quando foi e...

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O outro 'mensalão'
EDITORIAL O Estado de S. Paulo 16/6/2005
 
Q uiseram as circunstâncias que, no mesmo dia em que o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson, exibiu sua performance arrasadora no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, ao demonstrar, de forma convincente e demolidora, todo o esquema do "mensalão" (a compra de apoio de parlamentares mediante pagamentos mensais em moeda corrente do País), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) era demolido um outro tipo de "mensalão": o chamado "dízimo", sistema pelo qual os ocupantes de cargos públicos comissionados têm que fazer contribuições (também mensais), consignadas em folha de pagamentos, em favor dos partidos ao qual pertencem. Claro está que o Partido dos Trabalhadores tem sido o grande beneficiário desse esquema de arrecadação de recursos, que o TSE considera "ilegal, imoral e inconstitucional".

Não se pode deixar de associar esses dois tipos de "mensalões" às profundas distorções por que tem passado o sistema político-eleitoral brasileiro, especialmente n...

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'Sou, mas quem não é?'
'
 EDITORIAL O Estado de S. Paulo 16/6/2005
 
E m dado momento do seu memorável show no Conselho de Ética da Câmara, o deputado Roberto Jefferson lembrou a fábula do sapo e do escorpião. Na versão jeffersoniana, este seria o PT, que não consegue contrariar a sua natureza e vai picando o sapo que o carrega até que ambos se afoguem no rio. Mas, antes por falta de alternativas do que por determinação biológica, o escolado político assumiu ele próprio, na realidade, o papel de escorpião que atribuiu àqueles que quer destruir no partido governante: o ministro da Casa Civil, José Dirceu, o presidente petista José Genoino, o secretário-geral Sílvio Pereira e o tesoureiro Delúbio Soares.
Sabendo ser quase certa a cassação do seu mandato pelo confessado envolvimento em esquemas de arrecadação de vultosas propinas nos Correios e no Instituto de Resseguros do Brasil - ao que acrescentou a admissão de crime eleitoral, por não ter declarado os R$ 4 milhões que, em nome do PTB, teria recebido do PT para cobrir custos...

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A blindagem depende de Lula
Rolf Kuntz* - Artigo O Estado de S. Paulo 16/6/2005
 
Não haja ilusão: a economia brasileira não está blindada contra a crise política. Para o País atravessar os próximos solavancos sem maior estrago econômico o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de conservar o juízo e manter o compromisso com a seriedade fiscal e monetária. O rigor, até agora, tem sido mais monetário do que fiscal, mas, ainda assim, a equipe econômica tem sido convincente ao sustentar a bandeira da austeridade. Não se esperam loucuras do ministro da Fazenda, apesar de pressões por maiores gastos e menor superávit primário.
Duas condições são em geral necessárias para uma efetiva blindagem. Uma delas é a maturidade institucional. As crises dificilmente transbordam para os mercados, quando o sistema político é bastante firme para absorver os abalos. Quando o presidente Bill Clinton parecia acuado por seus acusadores e já se considerava o risco de impeachment, os mercados continuavam a funcionar sem traumas e o crescimento econômico ...

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CLÓVIS ROSSI:Ilha Fiscal, de novo?
folha de s paulo
 
 SÃO PAULO - Foi há escassos 20 dias, quando a crise ainda não era chamada de crise pelos governistas. No site com o qual colabora, escrevia Ricardo Kotscho, amigo leal do presidente da República, seu assessor de imprensa em todas as campanhas presidenciais e também no governo até recentemente:
 "O vento virou e só eu não percebi -eu e muitos amigos do governo em que trabalhei nos últimos dois anos. (...) Não me dei conta da radical mudança no tempo, que virou de vez o humor das pessoas".
 Bem-vindo de volta ao planeta Terra, caro Ricardo. Mas faça um favor para seus muitos amigos do governo: telefone urgentemente para todos eles e conte-lhes que não foi apenas o humor das pessoas que mudou. Os fatos mudaram, sempre para pior para o governo. Até o escândalo dos Correios, havia corrupção numa empresa estatal que o governo/PT, em vez de mandar apurar, preferiu tentar abafar. Perdeu.
 Veio a denúncia de Roberto Jefferson sobre o "mensalão". O governo/ PT limitou-se a festejar o fato de Je...

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PAINEL
folha de s paulo
 
 Universo paralelo
 O grupo de governadores que esteve anteontem no gabinete de Lula saiu impressionado com a ausência de uma só palavra do presidente sobre a crise. "Parecia que não estava acontecendo nada", disse um dos visitantes.
 
 Casa da sogra
 Em tom de brincadeira, Lula pediu à primeira-dama que o deixasse a sós com os governadores: "Dona Marisa, esta é uma conversa de homens". Assombrados, os convidados ouviram a resposta: "Por isso mesmo vou ficar aqui". E lá ficou, até o fim.

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Conseqüências econômicas da crise política PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
folha de s paulo
 
 A crise política e as denúncias de corrupção podem minar a política econômica e abalar a economia brasileira? É a pergunta que muitos fazem. Vou tentar responder. Mas antes um comentário: Não se deve esquecer que o que abala a economia é a própria política econômica, mais especificamente a combinação desastrosa de juros altos e câmbio valorizado.
 Bem. Essa última frase foi só para não perder o hábito. Passo então ao tema do momento. Nas últimas duas semanas, os mercados financeiros ficaram turbulentos e voláteis. O receio é que o presidente da República possa ser aconselhado a dar uma guinada na política econômica, de tipo "populista", para tentar evitar o naufrágio eleitoral em 2006. Noticia-se que alguns assessores do presidente alimentam a esperança de dar a volta por cima. A salvação viria de políticas monetárias e fiscais mais flexíveis, que pudessem estimular a produção e a criação de empregos.
 A esperança é compreensível. Não há dúvida de que a estagnação e o desemprego consti...

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Dora Kramer - Um crime continuado
O Estado de S. Paulo 16/6/2005
 
Fala-se agora de um dinheiro sem dono sobre o qual já se falava no caso PC-Collor Muita gente tem apontado, com estranheza e desconforto, semelhanças entre o escândalo em curso e aquele que resultou na interrupção constitucional do mandato de Fernando Collor de Mello em 1992.

Similitudes de fato existem, mas não guardam relação com supostas identidades entre um governo e outro. De familiar , ambos os casos apresentam exatamente a questão dos financiamentos obscuros para campanhas eleitorais.

Lá como cá, falava-se daquele tipo de dinheiro solto, aparentemente sem dono, genericamente chamado de "sobras de campanha", dinheiro que sai de mãos desconhecidas é entregue a portadores anônimos e passa por doleiros em trajetos normalmente observados por pessoal de apoio. Secretárias e motoristas, em geral.

O deputado Roberto Jefferson entregou pistas às investigações sobre corrupção nos Correios e no Parlamento, transferindo à CPI a tarefa de achar as provas materiais.

Ma...

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Ricardo A. Setti:Onde está a indignação sagrada do velho Lula?
no mínimo
 
 16.06.2005 | Uma fileira de personalidades – políticos, magistrados, intelectuais, dirigentes de entidades várias – se declara surpresa, perplexa ou estupefata com o escândalo, espetacularmente denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), do chamado "mensalão", a mesada que o PT pagaria a deputados de outros partidos para apoiarem o governo na Câmara. Tanto quanto todas essas figuras da vida nacional, também me surpreendo que, eventualmente comprovadas as denúncias de Jefferson, as coisas tenham chegado a esse ponto na vida política do país.

Mas algo mais está me surpreendendo à medida que as muitas versões e os primeiros fatos sobre a denúncia vão se desenrolando: não vejo, entre os acusados, nada que se assemelhe a uma verdadeira indignação diante do calibre grosso, avassalador da suspeita.

Os aparentemente furiosos bate-bocas com Jefferson na Comissão de Ética da Câmara mantidos pelos deputados Sandro Mabel (GO) e Valdemar Costa Neto (SP), respectivamente líder na Câmara e pre...

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JANIO DE FREITAS :Boa surpresa
folha de s paulo
 O principal efeito político do depoimento de Roberto Jefferson, a par do imenso acréscimo que fez ao aturdimento do governo e da direção do PT, foi a criação imediata de uma segunda e inesperada CPI, quando a Presidência da República não está agüentando nem a existência de uma. O que seria o Conselho de Ética da Câmara, reunido para questionar acusações difundidas por um deputado, embaraçou-se de tal maneira nas próprias acusações, que os desdobramentos inevitáveis transformaram o conselho em uma CPI não aprovada, mas legal.
 Lula oferece a melhor demonstração do problema que a segunda investigação lhe causa e ao PT. Tão pouco depois de dizer que "as investigações não deixarão pedra sobre pedra" e está pronto até para "cortar na própria carne", ontem, em telefonema, determinava ao senador Delcídio Amaral não ceder na luta para ocupar a relatoria da CPI dos Correios. Relator que é líder, no Senado, da bancada dos investigados não é, propriamente, uma exigência presidencial decente, nem sug...

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DENIS LERRER ROSENFIELD :A República da safadeza
folha de s paulo
 
 Muito se tem discutido, e justamente, sobre a forma do presidencialismo brasileiro, cuja estrutura híbrida dificultaria o exercício de governar, pela ausência de uma maioria parlamentar correspondente. O presidente estaria condenado a fazer coligações que desvirtuariam os seus propósitos originais. Com o problema sendo estrutural, as derrapagens éticas seriam conseqüências. Embora essa avaliação seja correta, apontando para um fenômeno que exigiria determinadas medidas -constantes numa eventual reforma política-, o problema suscitado pelas declarações do deputado Roberto Jefferson sinaliza para uma outra questão, que estaria igualmente presente se o regime político fosse outro.
 
 O problema de fundo está no aparelhamento do Estado pelo PT. O que vemos são só expressões de um projeto de poder
 
 Parto da premissa de que as declarações de Roberto Jefferson são, em linhas gerais, verdadeiras. Primeiro, porque o deputado era até então tido por interlocutor privilegiado do atual governo...

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VALDO CRUZ:Romper e sobreviver
folha de s paulo
 BRASÍLIA - Acuado pela crise política do "mensalão", o governo Lula resolveu encomendar a especialistas uma receita para superar a infindável zona de turbulência.
 Ouviu o que internamente já foi sugerido, mas até hoje não acatado totalmente pelo presidente: "romper" com o PT e baixar uma saraivada de boas notícias nos próximos dias.
 No campo das boas novas, as iniciativas já começaram. Foi divulgada a "MP do Bem", recheada de benefícios para o mundo empresarial. Podem vir também campanhas destacando os programas sociais.
 Agora, quando o tema é rompimento com o PT, a temperatura esquenta. Os defensores da tese argumentam que não se trata de Lula abandonar o seu partido, mas de adotar algumas medidas que mostrem independência em relação a ele.
 Exemplos: negociar a saída do ministro José Dirceu, forçar o afastamento do tesoureiro Delúbio Soares e demitir alguns petistas, abrindo espaço no ministério para outros aliados, preferencialmente o PMDB.
 A avaliação é que, sem essas medidas, ...

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CPI CHAPA-BRANCA- editorial da folha de s paulo
Depois do depoimento do deputado Roberto Jefferson no Conselho de Ética da Câmara -quando a sociedade foi convidada a renovar suas piores impressões sobre parte expressiva da classe política-, veio a ser finalmente instalada a CPI dos Correios. E o foi à feição do governismo, que conseguiu conquistar a presidência e a relatoria da comissão. Sendo assim, aumentaram as chances de que se instaure no Legislativo um inquérito chapa-branca -ou seja, circunscrito às conveniências do governo.
 Investigações desse tipo, entretanto, nem sempre conseguem seguir um roteiro previamente determinado. No caso da CPI dos Correios, o propósito é concentrar as atenções nas denúncias de corrupção naquela estatal. Em princípio, seu objeto é a divulgação da fita de vídeo na qual o funcionário Maurício Marinho recebe dinheiro de um interlocutor e afirma que o deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, comanda um esquema de intermediação de negócios na empresa.
 Ninguém desconhece, porém, que, desde a divulgação do vídeo, uma ...

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AUGUSTO NUNES : Na gafieira dos amigos de Lula
"Já enterramos muitos cadáveres juntos", sorriu o ministro quando o nome de um empresário emergiu na conversa. Com a imagem perfeita, resumiu a solidez da amizade que os unia. Como a frase remete a cenas de velhos faroestes nas quais dois cowboys escavam uma cova às pressas, silhuetas camufladas pela noite sem estrelas, convém ressalvar que o ministro e o empresário não mataram ninguém. Não há ossadas a exumar.
 Amigos enterram cadáveres metafóricos. São confidências personalíssimas, ou fatos sigilosos (edificantes ou não, pouco importa), um momento de fraqueza ou de brutalidade, qualquer segredo engavetado na memória de ambos - e de mais ninguém. Amizades genuínas se alicerçam na palavra e no silêncio. Sobretudo na solidariedade irrestrita: aconteça o que acontecer a um deles, as mãos do outro estarão estendidas, sem cobranças preliminares. Recriminações, se pertinentes, ficam para depois.
 
 Amigo é coisa pra se guardar, canta Milton Nascimento. É graça alcançada, é bênção distribuída parcimoniosamente...

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Miriam Leitão :Ilha fiscal
o globo
 O governo deu uma demonstração de extremo autismo ontem. De manhã, o ministro Furlan falou em brinde com vinho espumante e o presidente disse que "algumas" pessoas gostariam que o governo não tivesse dado certo. O presidente não demonstrava ter noção da gravidade da crise quando falava, ou quando sorria feliz ao lado do ministro José Dirceu, o epicentro da crise. Sua melhor declaração foi reafirmar a política de austeridade fiscal. É bem verdade que o fazia quando aumentava a renúncia fiscal.
No Copom, aconteceu o que todos esperavam: os juros pararam de subir. As razões são técnicas. Analisando os números, é fácil concluir que não havia razão para subirem. A notícia vem em boa hora, mas não tem o objetivo de aliviar uma crise que é política e só pode ter solução política. Cientistas políticos advertem: não adianta uma reforma política às pressas. Pelo contrário, foi exatamente assim que a Itália encontrou Berlusconi e a Venezuela, Hugo Chávez.
 
 
Fabiano Santos, professor do Iuperj, acha que...

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Merval Pereira :Na boca do povo
o globo
 Há uma mistura explosiva no ar: o descrédito dos políticos e a queda de popularidade do presidente Lula, tragada pela crise política que as denúncias do deputado Roberto Jefferson desencadearam. A pesquisa que o Ibope divulga hoje à tarde, realizada por encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI), foi feita depois das entrevistas do deputado, mas não pegou as repercussões de seu depoimento ontem na Comissão de Ética da Câmara.
 
Já deve mostrar, no entanto, uma tendência de queda no índice de bom e ótimo na avaliação do governo, que girava anteriormente em torno dos 38%.
 
Num primeiro momento, são os políticos, porém, os mais afetados na percepção da opinião pública, e não foi à toa que o relator da CPI dos Correios, deputado federal do PMDB Oscar Serraglio, foi dramático ao lembrar os recentes episódios em Rondônia, onde o povo foi às ruas apedrejar a Assembléia, depois da exibição de um vídeo no qual um grupo de deputados negociava com o governador Ivo Cassol votos por dinheiro. S...

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Dora Kramer - Não ficou pedra sobre pedra
O Estado de S. Paulo 15/6/2005
 
Jefferson demoliu a cúpula do PT, comprometeu José Dirceu e boa parte do Congresso O presidente Luiz Inácio da Silva intuiu com correção e disse bem em seu programa de rádio desta semana. Não ficou mesmo pedra sobre pedra.

Mas, ao contrário da intenção contida na manifestação do presidente, a iniciativa da demolição não ficou com o governo mas sim com o dublê de acusado e acusador no escândalo de corrupção iniciado nos Correios e estendido aos Poderes Legislativo e Executivo, deputado Roberto Jefferson.

Sem documentos ou gravações, o presidente do PTB teve a sustentar a verossimilhança de suas acusações a minuciosa descrição de fatos, conversas, mecanismos, a convicção das referências a personagens, quantias, negociatas, a ausência de tergiversação dos que já não se preocupam com a salvação da própria pele.

Se o Delúbio Soares tivesse exibido na semana passada a mesma firmeza e convicção, teria convencido. Mas, diferentemente de Roberto Jefferson ontem, Delúbio con...

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ELIO GASPARI: O São Jorge catatônico
folha de s paulo
 Lula orgulha-se de ter cortado o Brasil com suas caravanas da cidadania. Esse é um bom motivo para que se ouça o que disse em fevereiro de 1994, quando atravessou o Sul do país. As pesquisas mostravam que ele tinha 30% do eleitorado e Fernando Henrique Cardoso, 7%.
 Em Livramento, referindo-se ao Congresso e à sua capacidade de mexer na Constituição: "A responsabilidade é nossa. Temos que criar vergonha na cara e eleger pessoas dignas. Com uma parte do Congresso sob suspeita da população, ele tem pouca legitimidade".
 Logo depois, em Rosário do Sul: "Quem colocou os ladrões lá? Não foi obra de Deus, foi o voto do povo. Ou o povo assume a responsabilidade de mudar este país ou vai ter mais ladrões no Congresso". Em Alegrete: "Basta que tenhamos um governo sério, que tenhamos vergonha na cara e que esse sistema financeiro deixe de nos roubar, de ser gatuno".
 As falas de Lula relacionavam uma eventual falta de vergonha na cara do eleitorado com a possibilidade de uma redenção nacional por...

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Tereza Cruvinel - O show, as falhas e a eficácia
Panorama Político O Globo 15/6/2005
 
A performance como prova. Esta foi a tática adotada por Roberto Jefferson ao depor no Conselho de Ética. Mostrou-se excelente ator e bom dramaturgo, conferindo verossimilhança a suas denúncias com fartura de detalhes e precisão nos gestos. Mas a narrativa teve falhas, sobretudo na tentativa de reinvenção da pessoa do autor. E houve erros técnicos na condução do depoimento, a começar pela exigência do compromisso de dizer a verdade, o que só deve ser exigido de testemunhas. Ele estava lá como acusado.

Mas o show de Jefferson foi eficaz no sentido de traçar a linha das investigações. Voltado para o público externo, muito mais do que para os membros do Conselho, buscou reforçar na sociedade a convicção de que o PT alugou deputados do PP e do PL para sustentar o governo. Fortaleceu-se assim a estratégia da oposição, de levar para este rumo as investigações da CPI dos Correios, que acabará deixando em segundo plano os casos de corrupção nos Correios e no IRB, em áreas o...

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FERNANDO RODRIGUES :Caminho das pedras
folha de s paulo
 BRASÍLIA - É fácil Lula desmontar Roberto Jefferson. Ou comprovar a veracidade do que diz o deputado do PTB. Basta ao presidente da República incentivar a abertura de um processo judicial para quebrar o sigilo bancário de todos os saques em dinheiro acima de R$ 200 mil realizados nos meses de maio, junho e julho de 2004 nas agências do Banco do Brasil e do Banco Rural.
 Ao relatar um crime que ele próprio cometeu -ter recebido R$ 4 milhões em dinheiro, sem recibo nem descrição de origem-, Roberto Jefferson afirmou ontem que o numerário vinha embalado em etiquetas do Banco do Brasil e do Banco Rural. Foram duas parcelas. Uma de R$ 2,2 milhões e outra de R$ 1,8 milhão.
 Esse é o detalhe objetivo mais valioso do depoimento do presidente do PTB à Comissão de Ética da Câmara. A não ser que o portador do dinheiro tenha sido laborioso a ponto de forjar as etiquetas que embalavam os R$ 4 milhões, certamente será possível chegar às contas bancárias que deram origem a essa fortuna.
 São raros saqu...

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CLÓVIS ROSSI:De honestos e sinistros
Folha de S Paulo
 SÃO PAULO - Um leitor, cujo nome preservo porque não tive tempo de pedir autorização para citá-lo, mandou e-mail no qual afirma que está com medo de sair à rua.
 Por causa da insegurança generalizada? Não. Com medo de ser apontado assim: "Ih, lá vai o honesto".
 Difícil negar-lhe razão. O depoimento do deputado Roberto Jefferson ontem pode ser inteirinho uma grande mentira, uma formidável coleção de fantasias. Mas, para quem conhece mesmo superficialmente a política brasileira e mesmo para quem a acompanha apenas pela mídia, é perfeitamente verossímil.
 É, no fundo, a história, a sinistra história, de um pedaço da política brasileira, tão sinistra que, por isso mesmo, torna verossímil tudo o que de sinistro se diga sobre boa parte de seus protagonistas.
 Tão sinistra que fornece palco e até uma presunção de superioridade moral a quem, como Roberto Jefferson, foi um dos mais ruidosos líderes da tropa de choque de um presidente, Fernando Collor de Mello, devidamente "escorraçado" da polít...

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Zuenir Ventura :O que ensina a crise
o globo
 

Escrevo enquanto se desenrola no Conselho de Ética da Câmara o depoimento do deputado Roberto Jefferson, aguardado com tensão e medo como uma bomba de efeito moral devastador. Não pude acompanhar até o fim, mas até onde vi, o vilão posou de herói, dominando o espetáculo: interpretou, foi melodramático, fez caras e bocas e acabou transformando sua defesa em acusação contra colegas e contra a imprensa que, claro, o persegue.
 
 
A sensação era de que este país, que já parou por tantos motivos nobres, estava assistindo a um arremedo de ópera bufa. Poucas vezes apresentou-se em público um espetáculo tão revelador dos bastidores de Brasília e das relações espúrias entre o Executivo e o Legislativo. Chegou a ser didático. Às vezes parecia reunião para ensinar como usar dinheiro ilícito de campanha, caixa 2, doações e compra de votos. Falou-se em luvas de R$ 1 milhão, e até um crime eleitoral foi revelado. O próprio Jefferson confessou ter recebido no ano passado R$ 4 milhões de um operador do tes...

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Miriam Leitão :O intolerável
o globo
 
O Brasil parou ontem diante do mais estarrecedor depoimento já visto. E o país tem vivido fatos extremos nestes 20 anos da sua jovem democracia. Nos próximos meses, as instituições estarão passando por um duro teste. É hora grave e dolorosa. Ela exige que cada um saiba o seu papel e o exerça para proteger o que temos de mais precioso: as instituições que construímos em 20 anos de uma longa luta.
O Congresso terá que cortar na carne. Esse processo não terminará sem cassações de mandato. O governo terá que fazer uma profunda investigação sobre seus procedimentos, seus fatos e personagens. Não bastarão os clichês de retórica, como "não ficará pedra sobre pedra" ou "cortarei na própria carne", que o presidente Lula tem oferecido ao país. Será preciso que as expressões combinem com os atos do próprio governo. O país terá que encarar de frente anomalias que tem tolerado como se fossem parte do processo democrático. É natural que uma coalizão divida o poder entre os partidos da base; não é nada natural...

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Merval Pereira:Hipocrisias
O Globo
 
O que de mais importante ficou exposto ontem da reunião do Conselho de Ética da Câmara foi a desmoralização total da classe política. Não apenas pela a triste coincidência de que o deputado Roberto Jefferson tenha usado a mesma palavra — hipocrisia — que PC Farias, o finado tesoureiro de Collor, usou quando depôs, quase quinze anos atrás. E nem mesmo pelo comportamento de parte dos deputados, que gritavam uns contra os outros, como se fossem um bando de colegiais inquietos. Definitivamente, ficou claro que não é possível manter essa estrutura de financiamento de campanhas eleitorais, que junta hipocrisia com corrupção.
 
 E nem essa maneira de formar governos de coalizão, distribuindo cargos sem o menor critério e favores, inclusive dinheiro. Entre muitas histórias que Roberto Jefferson contou ontem, com detalhes, está uma que é exemplar: o da substituição de um diretor de Furnas.
 
Agastado com críticas que teria recebido do governador de Minas, Aécio Neves, que indicara o diretor, o própri...

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A ordem é desqualificar tudo é qualquer coisa
blog Ricardo Noblat
 Além de desqualificar Jefferson, aliado até outro dia, o PT e o governo serão obrigados agora a desqualificar também a ex-secretária do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza. Começaram a fazê-lo.
 Em breve será a vez de um motorista, candidato à desqualificação. E daqui a pouco da deputada do PSDB de Goiás alvo de uma tentativa de suborno para que trocasse de partido.
 O governador de Goiás não perde por esperar: se confirmar que alertou Lula para a existência do mensalão em maio do ano passado, será desqualificado.
 E assim será com todos que ousem avalizar pedaços da história contada por Jefferson.

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Gilberto Dimenstein Daslula
FOLHA ON LINE
 Há uma série de motivos para explicar a crise na qual está metido o governo Lula, alguns desses problemas que já vêm de longe, como o molde partidário que exige as piores barganhas para assegurar a sobrevivência dos partidos ou a falta de burocracia mais estável que impeça tamanha rotatividade de cargos na administração.
 
 Há também o deslumbramento. A verdade é que Lula e seus aliados se deslumbraram tanto com o poder como as peruas paulistanas com a Daslu. O deslumbre existe em qualquer governo e em todas as partes do mundo, isso faz parte do jogo do poder. Quando vai além da conta (Collor é um exemplo) os riscos de deslizes são maiores.
 
Desde que o PT chegou à presidência, testemunhamos sinais inquietantes, como o Banco do Brasil comprar ingressos para shows que arrecadavam verbas para o partido; uma estrela feita nos jardins do Palácio do Alvorada; reuniões eleitorais serem realizadas no Palácio do Planalto, o envolvimento atabalhoado de Lula nas disputas municipais. Não se sabia ...

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CLÓVIS ROSSI Retratos do pântano
folha de s paulo
 SÃO PAULO - O que mais retrata o pântano político em que o país está metido é o fato de ouvir-se, de parte dos acusados, muito menos um brado de indignação pelas supostas mentiras do deputado Roberto Jefferson e muito mais um suspiro de alívio pelo fato de ele próprio dizer que não tem provas. Um segundo retrato está dado pelo fato de que se desqualifica tudo o que o Jefferson diz menos a declaração de que ele não tem provas. Estranho, não é?
 Um terceiro retrato vem do comportamento recente de quem o desqualifica agora. Para o meu gosto, Jefferson era desqualificado desde o momento em que fez gostosamente parte da tropa de choque de um presidente desqualificado como Fernando Collor de Mello.
 Quem o "requalificou" foi o PT ao aliar-se a ele e ao entregar-lhe estatais como os Correios.
 Pior: a "requalificação" prosseguiu mesmo depois de o vídeo divulgado pela revista "Veja" ter mostrado que havia um esquema de corrupção nos Correios entregue a Jefferson.
 Ou alguém já esqueceu que, dep...

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DENÚNCIAS A APURAR editorial da Folha de S Paulo
Quadros do Partido dos Trabalhadores e do Executivo são acusados de operar ou de ter conhecimento de um amplo esquema fisiológico no qual a corrupção de parlamentares de partidos aliados se fazia por meio da utilização de recursos provenientes de empresas privadas e estatais. Diante das novas denúncias, ontem, em seu programa quinzenal de rádio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a ressaltar que a corrupção no Brasil "não é uma coisa nova" e que seu governo a tem combatido.
 Com efeito, esta Folha, em mais de uma oportunidade, já destacou o que todos sabem -a corrupção é um problema que aflige o país de longa data. E este jornal, seja qual for a coloração política dos governantes, tem procurado cumprir sua missão de divulgar os fatos que apura -como ocorreu, para citar um exemplo, com as evidências de compra de voto na apreciação da emenda da reeleição, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Também já se elogiou neste espaço a atuação da Polícia Federal, que tem realizado operações de vulto ...

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Jânio de Freitas - Três certezas
Folha de S. Paulo 14/6/2005
 
O programado depoimento do deputado Roberto Jefferson, logo mais, à Comissão de Ética (sic) da Câmara, abre na crise uma nova etapa que, entre incontáveis interrogações gerais e insondáveis medos pessoais, leva a três certezas.
A primeira provém da persistente afirmação do deputado de que Lula estava "completamente desinformado" do "mensalão". É uma certeza que Roberto Jefferson não pode ter. O que proporciona a certeza de que está retribuindo à altura a solidariedade pessoal e presidencial que Lula lhe deu, pronta e publicamente, quando "Veja" publicou o ainda inexplicado caso dos Correios.
Tanto Lula poderia ter sabido antes de ser informado por Jefferson, como o "mensalão" poderia nem ser uma iniciativa tão sigilosa no Planalto, sem que o deputado saiba de uma ou de outra coisa. Ainda assim, vale notar que seu inegável gesto de retribuição tem, além do mérito comum às gratidões, o da raridade no meio político.
Outra certeza consolidada, embora suscetível de (improvável) ...

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Valdo Cruz - Tempo fechado
Folha de S. Paulo 14/6/2005
 
BRASÍLIA - Previsão do tempo político para hoje: chuvas e trovoadas sobre o Palácio do Planalto, com tempestade intensa partindo do Congresso Nacional; instabilidade elevada.
É esse o clima que o presidente Lula e seus aliados vão enfrentar hoje. Roberto Jefferson, o homem-bomba do PTB, depõe na Conselho de Ética. A CPI dos Correios define seu presidente e relator e começa a operar.
O grande temor dos governistas é que o tempo feche de vez, sem previsão de melhora nas próximas semanas, após o depoimento na Câmara do presidente do PTB.
Apesar de terem comemorado publicamente o fato de o deputado ter dito não dispor de provas, aliados de Lula temem que seja um grande blefe do petebista. No momento adequado, ele pode apresentar dados concretos complicando governistas.
Esse receio se baseia, por exemplo, no relato do deputado quando ele diz ter recebido do publicitário Marcos Valério uma mala com dinheiro do PT para campanhas do PTB.
Esse dinheiro não está registrado nas pres...

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Deputada do PSDB confirma ter recebido oferta de dinheiro
folha de s paulo
 Raquel Teixeira diz que proposta envolvia dinheiro, mas afirma que só falará na CPI
 
 
 
 MÔNICA BERGAMO
 COLUNISTA DA FOLHA, EM PARIS

 Depois de passar dois dias fugindo da imprensa em Paris, a deputada federal licenciada Raquel Teixeira (PSDB-GO) deu rápida entrevista sobre o "mensalão".
 Teixeira diz ter sido assediada por aliados do governo federal, que, segundo o governador de Goiás, Marconi Perillo, procuraram dois deputados tucanos para oferecer uma "mesada" de R$ 40 mil e R$ 1 milhão por ano de "bônus" para que trocassem de sigla.
 Raquel Teixeira, atual secretária de Ciência e Tecnologia de Goiás, pela primeira vez falou abertamente sobre o caso. Ela, que está na França participando do "Ano de Goiás na França", disse viver um dilema "weberiano".
 O sociólogo Max Weber (1864-1920) distinguia duas formas de conduta, a ética da convicção e a da responsabilidade. A primeira avalia os comportamentos por seus princípios: uma ação é boa se sua intenção é boa. A segunda avalia...

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Parceiro é parceiro
Blog Noblat
 
 Agência Estado, 17 de maio de 2005:
 "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu ontem em defesa do presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), acusado de participar de um suposto esquema de cobrança de propina nos Correios. Lula abriu o almoço com os líderes da base aliada, no Palácio do Planalto, avisando que o Roberto Jefferson tem a sua "solidariedade" e pediu ao líder do PTB, José Múcio (PE), que transmitisse a mensagem ao deputado.
 "Precisamos ter solidariedade com os parceiros", declarou o presidente, acrescentando que "não se pode condenar ninguém por antecipação" e que a relação do governo com o PTB não muda. A solidariedade de Lula a Jefferson foi confirmada pelo líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
 Depois da defesa do deputado no plenário da Câmara, no Planalto, a avaliação era de que o deputado havia se saído bem e que as suas explicações foram convincentes. Além de convincente, houve quem traduzisse a fala dele também como tranqüilizadora...

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Dora Kramer - Reforma sem causa
O Estado de S. Paulo 14/6/2005
 
A renúncia do ministério teria como único objetivo permitir a Dirceu sair à francesa

 Se a retomada da proposta de renúncia de todo o ministério, feita há dias pelo ministro Luiz Gushiken e devidamente bombardeada por todos os lados, tem como objetivo proporcionar uma saída alegadamente honrosa para o ministro José Dirceu da equipe de governo, trata-se de uma solução, além de arrevesada, fadada ao fracasso no tocante à administração da crise política.
Primeiro, porque os dissabores governamentais em curso não dizem respeito à composição do Ministério, embora possam guardar relação com os meios e modos escolhidos pelo presidente Luiz Inácio da Silva para governar sem maioria resultante das urnas.

Em segundo lugar, a retirada do ministro da Casa Civil de cena já foi uma saída, mas perdeu a validade. Agora, se adotada, chega com atraso de um ano e meio. Em fevereiro de 2004, não foram poucos os que defenderam o afastamento de José Dirceu para que o governo mostrasse ao...

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Lucia Hippolito: Governo anda em círculos
BLOG Ricardo Noblat
 "Em momentos de crise, alguns políticos crescem. Apresentam propostas de solução, procuram saídas administradas para a crise, tentam romper o círculo de ferro da falta de ação com propostas positivas, tranqüilizam seus comandados. Em suma, em momentos de crise, alguns políticos se transformam em verdadeiros líderes.
 Este não parece ser o perfil do presidente Lula. Mais uma vez, Lula está demonstrando que não é um bom líder para momentos de crise. Ao contrário.
 Diante de um conflito, de uma situação inesperada, enfim, diante de um problema mais sério, Lula não lidera. Toma atitudes desencontradas, demora para decidir, emite sinais contraditórios para os seus liderados e para o país, espera que a crise se resolva sozinha, como por milagre. Lula não identifica qual é o seu papel na solução da crise.
 Assim foi no episódio que quase resulta na expulsão de um jornalista estrangeiro, assim foi nas reformas ministeriais mais ou menos fracassadas, assim foi nas negociações que resultaram na...

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Arnaldo Jabor: Hoje é o dia em que Jefferson vai cantar
o globo
 Não sei o que estará dizendo hoje, terça-feira, na Câmara, porque vos escrevo do longínquo passado de anteontem, domingo, pois o ritmo histórico está vertiginoso no país. Como em toda boa crise, o tempo se acelera. Há 15 dias, éramos outro Brasil. Agora, viramos um texto de realismo fantástico, com o Jefferson cantando na janela "Cuore ingrato" e os políticos correndo feito perus bêbados embaixo. E me lembro da frase do Nelson Rodrigues: "Em Brasília não há inocentes; todos são cúmplices..."
 
Que estará declarando Jefferson na tribuna, esse homem que é hoje o "sujeito da História" brasileira, titulo que só os comunistas se atribuíam — "sujeitos da História"? Imagino os gestos do criminalista operístico jogando mais m... no ventilador. Será que estará provocando um "salto qualitativo" em nossa pobre pátria? É quase maravilhoso que o capataz do Collor seja um protagonista de mudança. Jefferson pode provocar uma reforma política com as denúncias que lhe jorram pela goela como uma ária do Rigoletto....

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Miriam Leitão : Resposta econômica
o globo
 A MP do Bem está em total desacordo com as regras da OMC, que proíbe subsídios ligados à exportação e especificamente proíbe suspensão de pagamento de impostos sociais. O governo tem que tomar muito cuidado com as respostas à crise com as quais tenta criar uma onda de otimismo. Agora é hora de respostas políticas à crise e não de pajelanças econômicas.
O professor Marcelo Paiva Abreu, da PUC, diz que as medidas que estão sendo comentadas como parte da chamada MP do Bem ferem diretamente e explicitamente os termos da Rodada Uruguai.
 
 
O acordo proíbe subsídios. O ministro Luiz Fernando Furlan disse que a MP não estabelecerá subsídio e garantiu em entrevista recente que não haverá perda para o governo, porque esses impostos nem seriam recolhidos se os investimentos não fossem feitos.
 
Cada um dá o sentido que quer à palavra, mas, no texto assinado pelo Brasil, está assim definido: "Para os fins desse Acordo, considerar-se-á ocorrência de subsídio quando: receitas públicas devidas são perdo...

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Luiz Garcia:Ih, esqueci!
o globo
 Já se disse que a designação "agência de inteligência" é uma contradição em termos. A espionagem doméstica oficial ganhou infame notoriedade durante a ditadura militar, com a criação do Serviço Nacional de Informações em junho de 1964.
 
 
Mas desde 1946 existia o discretíssimo Serviço Federal de Informações. O fato de que nunca freqüentou manchetes pode provar que era altamente eficiente — ou totalmente inoperante. Nunca se saberá ao certo. Ele morreu em 1964, quando o regime militar instituiu o SNI, de infame notoriedade. O SNI foi extinto no governo Collor, e no mandato de Itamar Franco nasceu a Subsecretaria de Inteligência, subordinada à Secretaria de Assuntos Estratégicos. Esta passou em branco e foi substituída no governo seguinte pela Agência Brasileira de Informações.
 
A Abin, pelo visto, pode ser tudo, menos discreta.
 
Sua atuação nas tribulações atuais tem componentes estranhos. Dois fatos:
 
1. A agência tinha — fato confirmado por sua direção geral — um agente infiltrado ...

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Merval Pereira:Destinos cruzados
o globo
 Fica a cada dia mais difícil a tentativa do PT de separar a apuração do caso de corrupção nos Correios do chamado mensalão. Há indícios cada vez mais evidentes de que um caso está ligado ao outro, e que os dois são facetas do mesmo esquema de corrupção montado no interior da máquina do governo para financiar, de uma maneira ou de outra, partidos políticos aliados do Palácio do Planalto.
 
 A insistência do partido do governo em desmentir a palavra do presidente da República com atos políticos que objetivam controlar o andamento da CPI, monopolizando seus postos mais importantes — a presidência e a relatoria — e virtualmente impedindo que tudo seja apurado, não apenas demonstra o permanente desencontro das forças políticas deste governo, como preocupa os que desejam que tudo seja esclarecido, para que as instituições democráticas do país sejam preservadas.
 
Como era de se esperar, por ser implausível que o tesoureiro do PT agisse por conta própria, as denúncias já entraram no Palácio do Planal...

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AUGUSTO NUNES :Governo ignora o tamanho do perigo
JB
 
 
 
 Raul Fernando do Amaral Street, colunável muito festejado nas colunas sociais nos anos 60 e 70, tinha na certidão de batismo uma espécie de habeas-corpus preventivo, com validade perpétua. O prenome composto identificava o garotão bem-nascido. O sobrenome andava claudicante, mas mantinha suficiente charme para abrir-lhe as portas das melhores festas do eixo Rio-São Paulo. E havia, de quebra, o apelido: Doca.
 Aparentemente adequado a surfistas, combinava à perfeição com aquele paulista de fina estampa que, na juventude, fora salva-vidas em piscinas em Miami. Quase cinqüentão, exibia um invejável currículo de sedutor. Casara-se com mulheres lindas, namorara dezenas de outras. Elas pagavam a conta. Não se queixavam.

 Em 1979, quem pagava as contas era a belíssima mineira Ângela Diniz, companheira de Doca havia alguns meses. Cometeu o erro de queixar-se, exaurida por sucessivas manifestações de ciúme (e outros excessos) do parceiro genioso. Num fim de tarde em Búzios, pediu a Doca que juntass...

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xico vargas:O Brasil está mal na foto
no mínimo
 
 13.06.2005 | Fosse possível fotografar um país, o Brasil teria nesta segunda-feira o péssimo retrato de uma nação parada à espera de tudo o que está cansada de conhecer. Em outros tempos, não foram poucas as vezes em que a expectativa nos imobilizou. Desde Getúlio, para não esticar demais o passado, volta e meia o país se pilhava olhos e ouvidos postos no desconhecido. Parou diante de um golpe de estado, da morte de Tancredo e até de um presidente que escolheu a rapina como forma de governo. Nunca, porém, como agora que aguarda o que dirá na terça-feira, 14, o deputado Roberto Jefferson, um político de elevada estatura e baixa extração.

Perseguidor de jornalistas, zagueiro truculento contra todos os ataques às falcatruas do governo Collor e, até poucos dias, amigo do peito do presidente da República, Jefferson reinou a semana passada de ponta a ponta. Teve o país na mão. Derrubou a bolsa, fez subir o dólar, o risco-país, os juros futuros e o que mais regule a jogatina do mercado financeiro. ...

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AUGUSTO NUNES :Um time perdido no Planalto
no mínimo
 
 13.06.2005 | Desde a fundação, o time do PT sempre foi bom de ataque. Sobravam artilheiros de primeira linha, eram constantes as infiltrações na pequena área do adversário, sucediam-se jogadas de efeito ou malabarismos brasileiríssimos. Conquistada a vaga na divisão principal, não renunciou ao estilo agressivamente ofensivo adotado por Lula da Silva, técnico e também presidente do clube.

Nos primeiros torneios estrelados, mais perdeu que ganhou, mas o talento dos artilheiros abrandava qualquer derrota. Um gol belíssimo, uma firula notável, um drible desconcertante – algum deslumbramento esses craques não deixariam de registrar. Tanta ousadia muitas vezes impediu a conquista de taças e troféus. Mas era agradável ver o time em ação, e a torcida não parou de aumentar. Era a maior entre todas em 2002, quando o clube nascido em 1980 enfim venceu o campeonato nacional.

O Brasil não tardaria a constatar que o poder de fogo do ataque havia camuflado, ao longo dos anos, falhas perturbadoras. Seria...

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Mais uma bravata
EDITORIAL O Estado de S. Paulo 13/6/2005
 
Sob a alegação de que 'os interesses de saúde pública e da vida estão acima dos direitos industriais', a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou o projeto de um deputado petista, com apoio do Ministério da Saúde, que torna livre de patentes os medicamentos de combate a aids. O objetivo é reduzir seus preços, dispensando os laboratórios nacionais de pagar royalties às multinacionais do setor farmacêutico. Como foi votado em caráter terminativo, o projeto será enviado diretamente ao Senado.

Nos Estados Unidos, cinco deputados americanos e o exsecretário de Defesa Frank Carlucci, na defesa dos interesses das empresas do seu país, pediram ao governo Bush a aplicação de sanções comerciais contra o Brasil, caso o Senado aprove o projeto e o presidente Lula não o vete. Em ofício ao responsável pela política de comércio exterior dos Estados Unidos, Rob Portman, com cópia ao nosso embaixador em Washington, eles lembram que o Brasil está na 'lista de observ...

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Dora Kramer:Lembrança do pacote em abril
O ESTADO DE S.PAULO
 Domingo, 12 de Junho de 2005

 
 
 

 

 
 
 
Reforma política feita por iniciativa do Executivo remete a ação de Geisel em 1978 A hora não poderia ser pior para a retomada do debate sobre a reforma política. Além de parecer o velho truque de aludir aos defeitos da estrutura para desviar a atenção dos malfeitos na conjuntura, a proposta de entregar ao Ministério da Justiça a tarefa de alterar as regras do sistema político-partidário-eleitoral remete à lembrança o chamado Pacote de Abril, editado pelo governo Ernesto Geisel alterando as normas para eleições a partir de 1978.

No ano anterior, depois de ver rejeitado projeto de reforma do Judiciário, o general pôs em recesso o Congresso, criou a figura do senador biônico, com um terço do Senado composto por via indireta, alterou a proporcionalidade da representação dos Estados para garantir maior presença de regiões menos desenvolvidas, e estendeu de quatro para seis anos o mandato presidencial.

A semelhança não está na...

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Fernando Luiz Abrucio:Política - Sentido e antídoto para a atual crise
(1)
 
 Valor Econômico 13/6/2005
 
Dada a gravidade das denúncias feitas nas últimas semanas, referentes à corrupção em estatais - particularmente nos Correios - e à suposta mesada recebida pelos deputados - o chamado "mensalão" -, o Brasil necessita apurar completamente esses episódios. Não está em jogo apenas a credibilidade do Governo Lula. Uma apuração frágil, que não vá fundo nos problemas, terá reflexos não somente para os políticos governistas, mas também para os oposicionistas. Isto porque muitos eleitores não saberão diferenciar quem esteve ou não envolvido, e assim colocarão toda a classe política numa vala negativa comum. E uma investigação profunda significa três coisas:

1) Descobrir se houve e em que medida processos de corrupção, comprovando cabalmente qualquer conclusão. A democracia não pode viver num terreno propício às denúncias sem provas, com o risco de criarmos incentivos para oposições irresponsáveis e para o frágil exercício da função pública. É sabido que uma investigação mal ...

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Jarbas Passarinho:"Ao contrário de Getúlio, Lula não enfrenta uma oposição golpista"
v
 De São Paulo Valor Econômico 13/6/2005
 
 Aos 85 anos, o ex-senador, ex-governador do Pará e ex-ministro nos governos Costa e Silva, Médici, Figueiredo e Collor, Jarbas Passarinho vai todas as manhãs à Confederação Nacional da Indústria, onde trabalha como consultor. A idade e a função não diminuíram seu interesse pela política. Passarinho aposta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sairá com poucos arranhões da CPI, desde que mude o governo e diminua o espaço do PT na administração. Não vê intenções golpistas na oposição.

É nostálgico do tempo em que foi líder do governo no Senado, no regime militar. Naquela época, os congressistas eram impedidos de propor emendas ao Orçamento. O ex-senador acredita que esta velha norma deveria ser ressuscitada. Diz estar espantado com o mensalão, algo que garante jamais ter ouvido falar nos seus 24 anos de Congresso. E é cético em relação às investigações. "Como irá se provar a existência do mensalão? Quebrando o sigilo bancário de 50, 100, 150 deputados? I...

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FERNANDO RODRIGUES:Caça à "prova material"
folha de s paulo
 BRASÍLIA - Roberto Jefferson diz não ter provas porque não as tem ou porque sua estratégia mais adiante é apresentar evidências materiais e desmoralizar quem hoje nega suas acusações? Impossível responder.
 Ao acusar frontalmente o ministro José Dirceu (Casa Civil) de participar de encontros sobre divisão de poder com o "PTB e adjacências", como diz Lula, Roberto Jefferson faz uma ameaça: "Eu duvido, du-vi-do, que ele negue o que eu estou dizendo".
 O que levaria o presidente nacional de um partido aliado ao Palácio do Planalto a repetir, de maneira sincopada, um desafio ("du-vi-do")? Também impossível responder. Já no sábado, José Dirceu pagou para ver. Afirmou ser "tudo mentira".
 Por enquanto, a estratégia de Jefferson nesse caso do "mensalão" parece ser oferecer detalhes que dêem verossimilhança a seus relatos. Fez assim ao citar frases supostamente pronunciadas por Dirceu sobre a revista "Veja" ("é tucana") e o jornal "O Globo" ("dá para segurar").
 Quem conhece Dirceu sabe. São e...

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VINICIUS TORRES FREIRE:Eu era infeliz e não sabia
folha de s paulo
 SÃO PAULO - O governo Lula deteriorou de tal modo o ambiente nacional, sempre saturado de bactérias políticas, que a fermentação de sua crise ameaça transbordar não só para o futuro mas também para o passado. Não se trata apenas do assanhamento de gente que quer reabilitar sem mais a imagem do tucanato, embora este possa vir a ser o início de um processo de falsificação da história.
 Associar a crise apenas ao arrivismo e ao despreparo de Lula e PT é parte da estratégia revisionista. Bom para o país seria o despotismo esclarecido do tucanato, seus tecnocratas insulados, sua "racionalidade", seu apreço pela "técnica". Os tucanos, que quebraram o país duas vezes, com o real forte e com o apagão.
 Adeptos do "mercado", do BC autônomo etc., politizavam as privatizações e privatizavam a política no Congresso. Atacavam privilégios na Previdência, a "captura" de instituições econômicas pelo interesse privado etc. Mas institucionalizaram favores a empresas privatizadas com indexação, quase-monop...

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Lucia Hippolito;Articulação política deve ficar fora do Palácio do Planalto
Blog Ricardo Noblat
 
 "Parece que o presidente Lula vai mesmo fazer uma reforma ministerial, como resposta à profunda crise moral que atingiu o coração de seu governo.
 Claro que as apostas são muitas. Mas uma delas, que tem toda a cara de estar sendo levada a sério, é a transferência do ministro da Justiça, Marcio Thomas Bastos, para a Casa Civil.
 Má notícia. Não porque Marcio seja um mau nome, muito ao contrário. Advogado de sucesso, dono de uma das bancas mais bem sucedidas do país, Marcio Thomas Bastos demonstrou ser um excelente ministro da Justiça.
 Discreto, operoso, calmo nos momentos em que o governo tem uma crise nervosa e o presidente entra em parafuso, como no caso da desastrada tentativa de expulsar o correspondente do New York Times. Zeloso com os assuntos do governo, como no episódio em que o marqueteiro oficial de Lula, Duda Mendonça, tentou dar uma carteirada ao ser preso em flagrante apostando numa rinha de galo.
 Além disso, Marcio Thomas Bastos revelou-se um competente comandante ...

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JB Jefferson mira em Ciro Gomes
Deputado Nelson Marquezelli revela que o presidente do PTB tem provas de manipulação da concorrência do projeto de engenharia da transposição do Rio São Francisco
 Sérgio Pardellas
 
 
 
 BRASÍLIA - Promete ser potencialmente devastador o arsenal de revelações que o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), ameaça apresentar em depoimento amanhã no Conselho de Ética da Câmara. Um relato explosivo do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), durante almoço na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), na última segunda-feira, deu a dimensão do calibre do petebista.
 - O ministro (da Integração Nacional) Ciro Gomes está enrolado. O Jefferson (deputado Roberto Jefferson) vai estourar ele no meio - engatilhou Marquezelli, ante olhares surpresos de empresários e parlamentares.
 
 A atmosfera de expectativa se espalhou como rastilho de pólvora no local, ao que o parlamentar do PTB, percebendo um misto de estupefação e ansiedade no ar, acrescentou:
 
 - O Roberto Jefferson tem uma fita q...

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Vícios do poder EDIRORIAL JB
O poder corrompe. E como corrompe! Assim os cidadãos de bem acostumaram-se a identificar a natureza da vida política e partidária brasileira. Assim têm exemplificado, com perturbadora clareza, boa parte dos nossos representantes, espalhados por todos os níveis em todas as regiões do país. A clarividência de tais convicções recebe acréscimos ainda mais inquietantes com as sucessivas revelações divulgadas pela imprensa.
 À saudável percepção de vitalidade democrática - balizada pela liberdade investigativa com que repórteres têm esgaravatado os desmandos do poder - soma-se o crescente repúdio do (e)leitor, estupefado com as práticas despudoradamente inseridas no cotidiano da esmagadora maioria dos partidos e seus integrantes. Deseja-se um sistema transparente e eficiente; encontram-se as migalhas morais do que sobrou de uma classe corroída pela corrupção endêmica.
 
 Os últimos episódios, deflagrados pelo homem-bomba do PTB, deputado Roberto Jefferson, escancaram ainda a desventura de um partido fragilizad...

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Frases definitivas da crise
Vou botar prá foder, Vou lavar minha alma
 
O deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, confidenciou hoje a dois amigos, também deputados do PTB, que tem 51 fitas com gravações de conversas dele com políticos de vários partidos e até ministros de Estado. Jefferson contou que está muito magoado com um monte de gente - especialmente com gente do governo. Mas também com colegas de partido que querem vê-lo pelas costas, segundo o Noblat
 
O governo Lula acabou. Já vinha dando sinais claros de anemia moral e gerencial, e agora, via deputado Roberto Jefferson (a quem o presidente concedeu um cheque em branco, devidamente preenchido e descontado), recebeu o chamado golpe de misericórdia.
 
 Ruy Fabiano - Correio Braziliense
 
Sou procurador de carreira, e FUI O PRIMEIRO A PEDIR O IMPEACHMENT DE COLLOR. Agora a situação se aproxima muito
 
deputado Thomaz Nonô, vice presidente da Câmara na Tribuna
 
Sem emitir ainda uma só palavra, um personagem está posto, pelo medo que impõe, no centro da crise: o...

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Marcos Sá Corrêa Crise? Que crise?
No Mínimo
 
 12.06.2005 | Não deixemos que as manchetes nos tapeiem, companheiros. Isto tudo que está aí não é a crise do governo Lula. É o governo Lula, seguindo firme numa linha quase reta de continuidade administrativa , que começa antes da eleição de 2002, com a morte do prefeito Celso Daniel em Santo André, e chegou a mensalão sem perder o rumo. Mesmo porque foi marcado ao longo do caminho, aqui e ali, pelos contratempos sofridos pelos parceiros Waldomiro Diniz e Delúbio Soares.

Tudo nos conformes, como uma vez explicou o jornalista Carlos Castello Branco ao chefe da Casa Civil. Não, nada a ver com o ministro José Dirceu. Isso aconteceu no governo Médici. Quem se sentava em seu trono naquela época era o jurista Leitão de Abreu. E ele uma vez confessou que não conseguia entender como o governador Haroldo Leon Peres, nomeado pelo regime militar, filtrado pelas fichas do Serviço Nacional de Informações, sem o menor risco de contaminação pela patuléia do sufrágio universal, pudera cair na armadilha de u...

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OTIMISMO DE GREENSPAN
EDITORAL DA FOLHA DE S PAULO
 O oráculo da política monetária dos EUA, Alan Greenspan, presidente do Fed (banco central daquele país), sinalizou, em depoimento no Congresso, que o ritmo da atividade econômica permanecia saudável e que as pressões inflacionárias estavam sob controle. A taxa de crescimento da economia norte-americana alcançou 3,5% no primeiro trimestre deste ano e o núcleo do índice de preços ao consumidor atingiu 2,2% em abril. Porém Greenspan assinalou que a persistência das cotações do barril de petróleo acima de US$ 50 estaria afetando o dinamismo da produção.
 O presidente do Fed considerou ainda a possibilidade da existência de bolhas especulativas no mercado imobiliário em algumas regiões do país. Os mercados mais especulativos estariam concentrados na costa dos Estados da Flórida e da Califórnia. Todavia Greenspan assinalou que é pouco provável a emergência de bolhas no mercado imobiliário em âmbito nacional. Em sua avaliação, portanto, reduções nos preços das residências, caso venha...

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Salt Peanuts - Charlie Parker
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SEM MÁGICA FOLHA DE S PAULO EDITORIAL
Ao reagir às denúncias sobre casos de corrupção em seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recolocou na agenda nacional a reforma política, que chamou de "palavra mágica". Não há dúvida de que o sistema político-partidário brasileiro precisa de correções.
 O Planalto, porém, parece inclinado a ver no debate da reforma uma ocasião para desviar as atenções, transferindo responsabilidades do governo e do PT para as deficiências institucionais do país.
 A verdadeira "mágica" que se pretende encenar é transformar culpados em vítimas. O ilusionismo consiste em criar a idéia de que falhas do arcabouço político devem responder por decisões de indivíduos cientes do que estavam fazendo. Mas identificá-los e submetê-los ao rigor da lei é fundamental.
 Se houve pagamento de "mesadas", como afirmou o deputado Roberto Jefferson a esta Folha, os envolvidos precisam ser apontados e punidos. O mesmo aplica-se aos Correios e ao Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), empresas nas quais quadrilhas ligadas a polí...

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