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Thursday, May 26, 2005

LUÍS NASSIF :O caso do PC Conectado

 Há certa confusão nas críticas feitas ao programa PC Conectado, pelo fato de exigir apenas softwares livres no computador. Alega-se que, como o Windows é o sistema operacional hegemônico nos computadores pessoais, os "incluídos" do software livre seriam os "excluídos" do sistema predominante.
Não é bem assim. Há dois tipos de público: o profissional e o usuário individual. Qualquer política de desenvolvimento de software no país precisa contemplar não apenas o livre mas os sistemas e programas mais utilizados no mundo, como Windows, Oracle, SAP etc.
Quantos aos usuários individuais -especialmente os que irão adquirir o primeiro computador-, precisarão, no básico, de um editor de texto e de uma planilha, um navegador para a internet e um programa de e-mails. Adicionalmente, programas de apresentação e bancos de dados, softwares que rodem programas de áudio e vídeo.
Só que, no reino do software livre, todas essas ferramentas "office" viraram commodities, com similares à altura dos originais. Existe o OpenOffice, que emula todos os comandos do Microsoft Office. O acesso ao OpenOffice habilita o usuário não apenas a dominar o OpenOffice como os aplicativos do Microsoft Office. E de graça.
Mas é importante que o PC Conectado não se transforme apenas em um distribuidor de aplicativos. Tem que servir de base para uma política de modelagem do negócio de software livre.
Esse pessoal trabalha de duas maneiras: ou sistemas próprios, em cima de plataformas livres e abertas, ou na integração de aplicativos de software livre. Ainda há muita dificuldade em definir o modelo de negócio -que lhes permitirá se profissionalizar, ganhar dinheiro e crescer.
O primeiro passo é definir um padrão de Linux único a ser utilizado. Embora seja um sistema aberto, nos últimos anos surgiu um modelo torto de negócio, de distribuidoras de Linux operando com a cabeça de software proprietário, compilando programas apenas para seu próprio ambiente. Há que colocar ordem nessa zorra.
O segundo ponto consiste em definir o negócio do pequeno desenvolvedor. Um modelo de negócio é o de prover serviços de atualização dos aplicativos e de assistência técnica remota. O sucesso do programa, aliás, dependerá da capacidade permanente de atualização dos sistemas e aplicativos.
Outro ponto relevante é estimular sistemas de rede que permitam economizar hardware e integrar comunidades, especialmente a escola pública. O Ministério da Educação pode ter, aí, a chance de implantar definitivamente as bibliotecas virtuais e outras possibilidades abertas pela inclusão digital.
folha de s paulo

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