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Wednesday, May 11, 2005

LUÍS NASSIF: O bazar da planilha

Meu amigo , o Planilha, decidiu montar um supermercado virtual de idéias econômicas. É economista, chegado numa planilha e um completo sedutor dos números.
A exemplo desses sites que vendem lições de casa para os estudantes relapsos, ele resolveu montar o www.bazardaplanilha.com.br, para oferecer cálculos e conceitos para todo tipo de cliente.

Câmbio e investimentos
1) Para os defensores do câmbio apreciado, ele dirá que a apreciação estimula os investimentos. Um equipamento importado de US$ 10 milhões, a um câmbio de R$ 3,20, sairá por R$ 32 milhões; a um câmbio de R$ 2,50, por R$ 25 milhões -22% mais barato.
2) Para os críticos do câmbio apreciado, ele dirá que o preço do equipamento não é um dado absoluto, mas função da rentabilidade que se pretende obter dele. Se com o dólar a R$ 3,20, a empresa obtém uma receita líquida de R$ 6,4 milhões com o equipamento, ele será amortizado em cinco anos. Se, com a apreciação cambial, a receita líquida cair pela metade, mesmo com o preço menor o prazo de amortização saltará para 7,8 anos -56% a mais.

Câmbio de equilíbrio
1) Para o defensor do câmbio apreciado, ele dirá que, antes "os exportadores" diziam que o câmbio de equilíbrio era R$ 3,00 e, agora que o câmbio está em R$ 2,50, falam em R$ 2,70. Logo, está comprovado que o câmbio de equilíbrio corresponde ao nível presente da taxa mais um porcentual de choradeira.
2) Para os críticos, ele dirá que quem considera "os exportadores" uma categoria única e o "câmbio de equilíbrio" um índice único é um cretino da planilha. O câmbio da Vale do Rio Doce é totalmente diferente do câmbio do Vale dos Sinos. Para aumentar a defasagem cambial, então, bastará utilizar o câmbio do Vale dos Sinos.

Contas correntes e nível de atividade
1) Para os defensores do câmbio apreciado, ele apresentará um gráfico demonstrando estreita correlação entre superávit em contas externas e retração do consumo, comprovando que superávit provoca retração de demanda.
2) Para os críticos, ele mostrará o gráfico anterior com uma linha a mais: as taxas de juros internas. E concluirá que são as taxas de juros que aumentam o superávit nas contas externas (atraindo dólares adicionais ao superávit comercial) e redução na demanda interna (encarecendo o crédito).

Câmbio e emprego
1) Para os defensores do câmbio apreciado, ele dirá que a desvalorização é anti-social por reduzir o salário real.
2) Para os críticos do câmbio apreciado, ele dirá que a apreciação é anti-social, por reduzir o emprego e, no rastro dele, o salário.

Exportação e superávit
1) Para os defensores do câmbio apreciado, ele dirá que, como o câmbio é flutuante, jamais os exportadores irão reduzir as exportações. Se eles consideram o câmbio apreciado, suportarão prejuízos o tempo que for necessário até que o câmbio se torne novamente competitivo.
2) Para os críticos do câmbio apreciado, ele dirá que estava de porre ao expor a opinião anterior.

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