SÃO PAULO - O ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal, acabou condenando por antecipação não a pessoa física Henrique de Campos Meirelles, mas o homem público Henrique de Campos Meirelles.
Como? Simples: ao afirmar, negando-se a determinar o trancamento do inquérito sobre supostas irregularidades cometidas por Meirelles, que, "para chegar ao trancamento de um inquérito, teríamos que perceber uma inocência escancarada".
É a nova versão para a velha história da mulher de César, aquela que não pode apenas ser honesta, tem de parecer honesta.
Ou, na versão de Marco Aurélio, tem que ser "escancaradamente" inocente. Meirelles, sempre na versão de Marco Aurélio, não é.
Como cidadão, Meirelles é inocente até prova em contrário. Como figura pública, as coisas são um pouco mais complicadas, como demonstra a frase do ministro do STF, que, de resto, vale também para o ministro da Previdência, Romero Jucá.
Pena que o país tenha descido degraus em matéria de "inocência escancarada". Enquanto era oposição, o PT se comportava como agora o faz Marco Aurélio de Mello. Virou governo, deixou a inocência de lado.
Não está sozinho, desgraçadamente. O PSDB queixava-se sempre do que achava patrulhamento petista (e da mídia) sobre a "inocência" de membros do seu governo.
Agora, cobra-a de Meirelles, mas omite o fato de que lhe deu a legenda para disputar a eleição, instrumento indispensável para que tenha mandato alguém que não pode presumir-se dono de "inocência escancarada". Não pode, aliás, por problemas ocorridos quando ainda estava no PSDB ou prestes a entrar nele.
Conclusão: não há inocentes na política tupiniquim.
folha de s paulo
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Saturday, May 14, 2005
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