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Saturday, July 16, 2005

São as trapaças da sorte



Ana Maria Pacheco Lopes de Almeida


Como você aí se sente ao ter seu destino atrelado ao que disseram, dizem e dirão dois trambiqueiros? Pois é a isso mesmo que Lula e o PT condenaram 180 milhões de brasileiros. Nosso presente, nosso futuro próximo, nosso destino estão à mercê das entrevistas, "confissões" e depoimentos de Marcos Valério e Delúbio Soares.

A conclusão do mandato de Lula depende do que esses dois sabem, fizeram e estão dispostos a contar. Ou a omitir. Ou a mentir. Jefferson balançou o coreto. Valério e Delúbio decidem se vão derrubá-lo ou sustentá-lo, mambembe, até o final.

Como farsa

Tudo que era sólido e estável se esfuma, tudo o que era sagrado é profanado e os homens são obrigados finalmente a encarar com serenidade suas condições de existência e suas relações recíprocas.
(MARX, Karl e ENGELS, Friedrich, Manifesto do Partido Comunista - 1848)

Da Veja

Reconhecer que se enfiou o país em um atoleiro é apenas o primeiro passo para tirá-lo dali. O segundo é entender como se pôde chegar até o ponto em que estamos.

Lembrete

Aproveitar a folga de fim-de-semana e decorar inteirinho À espera dos bárbaros, poema de Konstantinos Kaváfis, o velho poeta grego de Alexandria.
À espera dos bárbaros
Konstantinos Kaváfis

O que esperamos na ágora reunidos?

É que os bárbaros chegam hoje.

Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?

É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.

Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?

É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.

Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?

É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.

Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?

É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.

Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?

Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.

Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.

[Antes de 1911]

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