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Monday, September 05, 2005

VINICIUS TORRES FREIRE Eleição de rapina


FOLHA DE S PAULO
SÃO PAULO -
O desfazimento precoce do governo Lula propicia a transformação da eleição presidencial de 2006 numa corrida de cavalos ou de candidatos de rapina -mais do que de costume.
Tudo parece depender da rapidez da putrefação do lulismo e das bicadas que os tucanos darão no corpo caído do governo além das que vão trocar entre si, na disputa rapace pela dianteira das pesquisas, lá por fevereiro. PFL e PMDB ainda tentarão infiltrar um urubu-malandro nessa briga, mas é mais provável que fiquem com os restos do tucanato.
A desconexão de sociedade e política e a corrida personalista para aproveitar o butim eleitoral tende a reduzir o nível do debate político, econômico e social, que não costuma sobrevoar os rodapés.
Na eleição de 2002, já restrita à polêmica econômica, debate quase não havia. Um dos maiores críticos da economia de FHC era o candidato do governo FHC, José Serra, que se constrangia a não tratar do assunto. O petismo-lulismo econômico foi um besteirol seguido de estelionato. As vozes de fato governistas-fernandistas não passavam de propagandistas da própria falsificação, pois se vendiam como os campeões da prudência fiscal, que jamais tiveram.
Nos três anos que se passaram da campanha de 2002 até agora, reafirmou-se a única linha de força contínua do país desde o início do mandarinato de FHC, em 1993. Isto é, o seqüestro da política e do governo pela política monetária, com progressiva distribuição de assistência social, que é hoje o que contém, como um dique de Nova Orleans, o aumento da desigualdade que a economia normalmente produz.
O futuro de tal política, concentrar o gasto público em juro e esmola social, produz o cozimento do país em caldo de crime, corrupção e pobreza. É preciso derrubar a tecnocracia banqueira que capturou a política econômica. Criar uma economia de mercado de fato, mais aberta, menos regulada, subsidiada, protegida e burocratizada. Embicar o gasto público para a infra-estrutura social. Estamos brincando de capitalismo e política social. Não temos nenhuma das duas coisas aqui.

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