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Thursday, September 08, 2005

O demônio do totalitarismo Reinaldo Azevedo dobre Emir Sader



Uma frase que escrevi aqui há alguns dias continua rendendo. Disse, então, que "tudo o que é ruim para o PT é bom para o Brasil". Até amigos meus protestaram, alguns que não têm simpatia pelo petismo. Os petistas, então, ficaram muito bravos. "Isso lá é análise política? É só campanha antipetista, típica do reacionário que você é. Pois eu já acho que tudo o que é ruim para a TFP, ou seja, para você, é bom para o Brasil." É um leitor. Chama-se Paulo Lima. É impressionante. Mas ele não está sozinho no seu rancor, como se verá adiante.

É claro que eu não vou provar que não integro a Tradição, Família e Propriedade. Não integro. Ainda que integrasse, não corresponderia a fazer uma reunião com narcoterroristas das Farc, como fizeram os petistas numa chácara no Distrito Federal, ou a ser membro do Foro de São Paulo, onde aqueles narcoterroristas estão abrigados, a exemplo do PT. Não comungo dos princípios da TFP, mas me parece que carregar bandeiras vermelhas na rua com um leão dourado não tem a mesma gravidade de seqüestrar, matar, violar ou traficar drogas. Ainda que eles quisessem recuperar os valores da Idade Média. Não censurei o PT só por suas convicções, mas também por sua prática.

Mas vou brincar um pouquinho com a patrulha petista. Essa gente sempre me ajuda a pensar. E depois vou chegar ao professor Emir Sader, outro que me leva de volta às Santas Escrituras da democracia, em oposição ao demônio do totalitarismo. Escrevi "demônio"? Sim, é isso mesmo. Refiro-me ao universo simbólico. Creio em Deus, mas não no capeta como existência autônoma. O diabo está dentro de nós e corresponde à corrupção dos princípios. É por isso que ele sempre exibe uma face sedutora. O mal nunca se mostra como tal. Resistir a ele requer firmeza, caráter, convicção. Resistir a ele implica controlar as próprias tentações.

Às pessoas civilizadas que então me criticaram, respondi que ninguém reclamaria — ou bem poucos o fariam — se eu houvesse escrito algo como "tudo o que é ruim para Maluf é bom o Brasil". Se o tivesse feito, seria lido com bons olhos pelos "progressistas" de plantão. Acontece que eu não dependo da generosidade dos progressistas e não preciso de sua ração diária de simpatia para me sentir um cara bacana. Não sou de companhia. Assim, preconceituosos são aqueles, e aí incluo até os meus queridos amigos que apontaram o meu exagero, que consideram que quem rouba para enriquecer é mais vil do que quem rouba para construir um novo amanhecer. Para mim, tanto faz.

Se quiserem saber, acho Maluf menos prejudicial para o país do que Luiz Inácio Lula da Silva. De um deles, cedo ou tarde, a lei dá conta; do outro, não. Porque suas proteínas de má consciência acabam se juntando ao DNA sadio dos sonhos de justiça social e lhe conspurcam a verdade. De um, a sociedade pode se livrar, sem que ele mude o código genético da democracia; o outro corrompe a vontade de mudar. Quem me viu entrevistar Maluf no Roda Viva sabe como trato este senhor e quanto lhe sou simpático. Mas não vou ficar ciscando a boa vontade de estranhos sendo óbvio. Os covardes malham os judas de plantão dos politicamente corretos; quem tem coragem afronta os grandes inquisidores do PT.

É isso aí. O PT é o mal porque corresponde à morte da tolerância. E vou provar, logo mais, com um de seus anticristos totalitários, o que falo. Essa gente vampirizou o processo político e se tornou bem depressa caudatária e beneficiária do mal que eles próprios denunciavam. É por isso que seu pecado político não tem perdão. Outros partidos poderão ter praticado ilegalidades. E, parafraseando Padre Vieira, por isso foram enforcados. O PT esbulhou a lei e, ainda por cima, mandou enforcar. Não, eu não os quero na fogueira; eu não os quero como mártires de seu delírio do rancor. Eu os quero vencidos pelo voto. Eu os quero expostos à luz dos fatos. A água benta e o crucifixo contra o enxofre nauseabundo de sua ideologia é a liberdade, é a democracia, é a clareza. Tudo o que é ruim para o demônio da mistificação, da mentira, do engodo, da falsa santidade, da pusilanimidade, da fraude, da traição, é bom para o Brasil. Tudo o que é ruim para o PT é bom para o Brasil. E, assim, chego a Emir Sader. Ele está com sede. E, a exemplo do que disse de Marat um inimigo seu, repito: vamos dar um copo de sangue a ele; ele está com sede.

Que coisa!
Emir Sader é um medalhão do petismo e da academia brasileira. Sua biografia no site Carta Maior, que reúne só articulistas de esquerda, não deixa dúvidas sobre as suas credenciais de pensador. Lá está escrito sobre ele: "Professor de sociologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), onde é o coordenador do Laboratório de Políticas Públicas. Formou-se em filosofia na Universidade de São Paulo (USP). Também na USP, fez mestrado em filosofia política e doutorado em Ciência Política e ainda trabalhou como professor -primeiro de filosofia, depois de ciência política e de sociologia. Foi, ainda, pesquisador do Centro de Estudos Sócio Econômicos da Universidade do Chile, e professor da Universidade de Campinas (Unicamp)."

Como a gente vê, é um homem que goza, há muito tempo, de uma condição privilegiada e rara no Brasil: é pago com o dinheiro público, arrancado também dos miseráveis, para pensar. Fruto do seu talento. Pode ser. Mas também do ambiente de compadrio e partidarização da universidade. De qualquer modo, é indecente que um intelectual se torne esbirro de um partido político. Não freqüento o site Carta Maior, em que ele escreve regularmente. Só o acessei duas vezes: a primeira, quando fui objeto de algumas considerações ácidas de um outro professor, chamado Flávio Aguiar, e agora, para ler o texto de Sader, que me foi (des)recomendado por um amigo.

Comecei achando engraçado o nome de sua coluna: O Mundo pelo Avesso. Tenho uma há mais de cinco anos, que está hoje na revista Primeira Leitura, que se intitula O Avesso do Avesso , com os créditos a Décio Pignatari. Está dado: tudo indica que, sempre que Emir estiver de um lado, eu estarei do outro. Mas vamos a seu texto no tal site. Havia tempos nada me chocava tanto. Nem a cueca do assessor do irmão de José Genoino. Olhem o que é capaz de escrever um pensador brasileiro, especialista em ciência política e em políticas públicas. Segue em itálico seu texto, cujo título é Políticos Descartáveis, interrompido por comentários meus.

A burguesia não tem partido, já nos ensinava Gramsci. Usa os partidos e os políticos, conforme lhe interessem em cada momento político, a fim de garantir a reprodução da sua lógica de maximização dos lucros e de hegemonia dos seus valores na sociedade. Da mesma forma que o império se vale de quem cumpra com os seus desígnios. O ex-secretário de Estado norte-americano Foster Dulles, no governo Eisenhower, é o autor da famosa frase sobre o ditador Anastácio Somoza: "It's a son of a bitch, but it's our son of a bitch".

A citação de Gramsci vem bem a calhar. Lembram-se de quantas vezes eu já disse aqui que é ele o grande orientador do PT? Pois é, para contestar o que considera o mal, Sader recorre ao mais cínico de todos os teóricos do totalitarismo. Mais nefasto do que Lênin, que só acreditava na violência. Gramsci queria fazer com o modelo dito burguês o que acreditava que este fazia com a humanidade: imiscuir-se na sua consciência e criar um contravalor. O veículo para isso era o partido, que ele chamava de "Moderno Príncipe" e queria como o "imperativo categórico" da sociedade. Segundo o autor, o partido é que definiria o que seria virtuoso e o que seria criminoso. Eis a crença de Sader.

Aí ele cita Foster Dulles, a quem se atribui a frase sobre Somoza: "É um filho-da-puta, mas é o nosso filho-da-puta". Entendo que Sader censura o cinismo da frase. Bonito era ver a extinta URSS invadir a Hungria e a Checoslováquia para dar um jeito nos seus próprios "filhos-da-puta", o que tinham fugido do controle. Sader acha certamente justo que o regime da "burguesia", como ele chama, se defina pela frase de Dulles, mas certamente rejeita que o socialismo que ele defende se defina pelos 70 milhões de mortos na China, pelos 30 milhões na já citada URSS, pelos 3 milhões no Camboja, pelos, enfim, quase 200 milhões de cadáveres mundo afora. Não é que Sader não goste de ditaduras. Ele só não gosta daquelas de que ele não gosta, entendem? Mas vamos seguir com o mestre. Vamos ver o que ele anda ensinando a seus alunos. 

A burguesia brasileira se valeu de uma malta de aventureiros e corruptos, conforme lhe foram funcionais para derrotar a esquerda e garantir a continuidade do poder. Foi assim com Jânio Quadros, para derrotar o nacionalista general Henrique Lott. Foi assim com a ditadura militar, para derrotar a esquerda. Foi assim com Collor, para derrotar a esquerda. Foi assim com Severino Cavalcanti, para impor derrota ao governo Lula.

Ele tem o direito, claro, de dizer o que quiser. Como acadêmico sustentado pelo dinheiro público, não deveria ter o direito de mentir. Mas também este lhe é garantido. Reparem nas três primeiras linhas. Ele diz que a burguesia sempre se valeu de corruptos para derrotar a esquerda, o que faz supor, então, que não há corruptos na esquerda. Por definição. Santo Deus! Segundo o mestre, a burguesia usou Jânio para vencer Lott. Estou enganado ou "a UDN de porre" foi eleito pelo voto direto? Entendi. Sader acha a eleição um método burguês, ilegítimo. Do mesmo modo, diz, Collor também foi instrumentalizado para vencer a esquerda. De novo: não foi o povo que decidiu? É verdade. Foram só eleições burguesas.

Ué, professor, a esquerda tantas vezes derrotada, como o senhor diz, venceu em 2002? E tudo terminou em cuecão e mensalão? Em tempo: PSDB e PFL tinham 113 parlamentares na eleição da Presidência da Câmara, e a base aliada, 377. Severino teve 300 votos. Foi eleito pela base aliada. José Genoino cabalou votos para o ainda presidente da Câmara no primeiro turno. Emir Sader não fala a verdade. Quem elegeu Severino foi o PT.

Depois, passada a circunstância, quando já não tem mais utilidade ou caso se torne um aliado incomodo, a burguesia se desfaz dos bonecos que criou e inflou, jogando-os no lixo, até mesmo tratando de demonstrar que não tinha nada com isso, como se tivessem sido invenções da natureza ou do acaso. Foi assim com Jânio, com a ditadura militar, com Collor, e agora com Severino.

Nossa! Sempre achei que Jânio renunciou porque tentou dar um golpe; que a ditadura caiu porque entrou em crise e porque o Brasil queria democracia; que Collor foi para o vinagre porque seu governo foi flagrado em corrupção — foi impichado, inclusive, com a colaboração do PT — e que Severino, por seu turno, caiu em desgraça porque flagrado num caso de notória quebra do decoro, para dizer pouco. Descubro agora, lendo Sader, que não foi nada disso, não. Todos eles foram eleitos pelo complô da burguesia e caíram por obra do mesmo complô. De sorte que, segundo entendi, não fosse essa conspiração, nenhum deles teria sido eleito. E, não tivesse havido outra conspirata, também não teriam caído.

Este foi um candidato articulado pelos tucanos, com FHC na cabeça. Um Pigmaleão do mal, lançado, apoiado e votado pelos tucanos – a começar por esse ex-comunista, Alberto Goldman, que agora finge que não tem nada a ver com esse engendro. Os tucanos colocaram um vice de confiança deles, do PFL, e diziam abertamente que seria o poder atrás do trono e, caso chegasse a hora, assumiria no lugar de Severino. Ieda Crusius, Artur Virgilio, Zulaiê Cobra – todos brindavam a vitória contra o governo, elevando Severino a presidência da Câmara de Deputados.

E mentira. É mentira factual. É mentira aritmética. É mentira histórica. Sader sabe contar, é claro. Ele só não sabe contar a verdade. Reitero. PSDB e PFL tinham 113 votos. A base de Lula tinha 377. Severino recebeu 300 votos. Ainda que tucanos e pefelistas tivessem votado em massa no deputado do PP, 187 deles teriam vindo da base aliada. Virgílio Guimarães (PT-MG) foi derrotado por Severino no primeiro turno por 7 votos — votos que Genoino, em pessoa, tirou do petista mineiro e transferiu para o então candidato do PP. Tinha a certeza de que Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) o venceria no segundo turno. Como o baixo clero já estava revoltado porque não recebia mais mensalão, deu no que deu. Sader, entendo, está querendo defender Severino. Mas não tem coragem. Então ataca seus adversários.

Agora se comportam como o tipo que foi pego roubando um "porco", com o bicho nos ombros e que faz gesto de surpreso: "Tirem esse bicho daí." As marcas digitais do crime apontam para os dedos dos tucanos. Se a imprensa tivesse um mínimo de decência, reconstituiria os votos que elegeram a Severino e publicaria a lista, para que a cidadania pudesse saber quem joga com a republico conforme sopra o vento.

Se o, por assim dizer, pensamento de Emir Sader tivesse alguma decência, já teria feito a conta que fiz. Ok. Vamos lançar os 113 pefelistas e tucanos na lista de Severino — o que é deslavada mentira. E os outros 187. Ademais, o homem parece ter entrado em surto. Junta à extravagância teórica a ignorância factual. A votação é feita em urna, voto em papel. E é secreto. Não há identificação. Nesse caso, nem a quebra do sigilo do painel eletrônico resolveria, porque a votação é manual. A imprensa, em boa parte dos casos, tem decência. Se falta decência nesta história, não é aos jornalistas, mas a acadêmicos que abrem mão de pensar para lamber as botas de um partido.

Os mesmos mentores das denúncias contra a corrupção, aqueles que privatizaram o patrimônio publico a preço de banana, os mesmos que querem retornar ao poder para dar continuidade a esse processo, privatizando a Petrobras, o Banco do Brasil, a Eletrobrás, a Caixa Econômica Federal, cumprindo o compromisso que assumiram com o FMI, quando quebraram o país pela terceira vez em seu governo, são os que geraram o monstro de Severino Cavalcanti e agora querem jogá-lo na lata do lixo, de onde o tiraram, porque já lhes serviu e agora se torna aliado incômodo.

É prova de ignorância, só aceita porque fala a seus crentes. As afirmações de Sader não chegam a valer uma banana. A Telebrás privatizada, dois ou três anos depois, valia em Bolsa 40% do valor pelo qual foi privatizada. Sinal de que houve um ágio extraordinário. Arrecadaram-se R$ 22 bilhões, o correspondente a US$ 20 bilhões. Nos anos seguintes, outro tanto entrou a título de investimento direto. Sader mente ao dizer que a privatização foi feita "a preço de banana". Isso é clichê que junta ignorância com má-fé. Mente quando diz que há planos para privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil, a CEF etc. Infelizmente, não há. As estatais são a principal fonte de corrupção no Brasil. Se o esquema PT-Delúbio-Valério movimentou, estima-se, R$ 3 bilhões sem a Vale do Rio Doce e a Telebras na mão, imaginem se tivesse... Seria uma festa. O PT de Sader não privatiza estatais; privatiza o próprio Estado.

O governo que, segundo ele, assumiu "compromisso com o FMI" fazia um superávit primário de 3,25% do PIB, incluindo as receitas extraordinárias. O de Lula faz 4,25% e quer chegar a 5%. Tudo porque, como sabemos, os petistas decidiram enfrentar o FMI... Sader é patético. Vejam o fim do parágrafo. Ele, de fato, quer é defender Severino. Mas tem medo. Na presidência da Câmara, o deputado do PP, até agora, foi mais útil ao próprio Lula do que às oposições. No embate entre Fernando Gabeira e o presidente da Casa, os petistas todos, amigos de Sader, emprestaram sua asquerosa solidariedade a Severino.

Severino sempre foi conhecido como corrupto. Mas era "their son of a bitch", o corrupto – um dos tantos – de plantão no PSDB. Não serve mais e deve ser descartado. Outros aventureiros se candidatam a terem seus 15 minutos de glória. Como dizia o cartaz no casamento do filho de César Maia: "Não procriem". É necessário castrar os tucanos, antes que povoem de novo o poder de severinos.

Bem, aqui o pensamento de Sader realmente atinge o sublime! É assim que ele constrói a sua democracia. Eu, porque escrevo que "tudo o que é ruim para o PT é bom para o Brasil", provo, segundo alguns leitores, que sou de extrema direita; Sader, que pede a "castração" de seus adversários, certamente o faz em defesa do novo homem. Ah, é claro que ele usava uma metáfora, não é? Dize-me as metáforas que escolhes, e te direi quem és.

Emir Sader está à baixura do pensamento que segue. Pensamento que matou quase 200 milhões de pessoas para tentar se impor e que, ainda assim, foi derrotado; pensamento que só sabe conviver com a eliminação física do outro, com o expurgo, com a mutilação, com a segregação, com a castração. Pensamento que não suporta a diferença e que só vê como sabotagem a seus propósitos. Era isso o que eles estavam construindo. Ninguém inicia impunemente um artigo citando Gramsci como referência positiva.

O artigo de Sader deixa de ser uma questão de ideologia e passa a revelar um problema de caráter. Para sustentar a sua argumentação, recorre à fraude factual, à mentira e, o maior de todos os defeitos, à covardia. Ele está querendo defender Severino, mas não tem coragem. Então decide jogá-lo no colo das oposições e acusar uma conspiração para tirá-lo do cargo. Por dedução, conspiração também seria tudo o que se diz do governo Lula, a despeito das evidências.

Sader talvez tenha se reproduzido, não sei. Sua vida não me interessa — aliás, seu pensamento também não; li dois livros seus e achei um lixo; se ele quiser, digo onde está errado e por quê. Talvez tenha recorrido ao direito que aqueles fascistas que compareceram ao casamento de Rodrigo Maia lhe queriam cassar. Espero que o professor não apenas tenha espalhado suas sementes como cuidado decentemente de seus frutos e do jardim em que eles germinaram — vale dizer: a mãe ou mães. Segundo os meus critérios conservadores, que aquele leitor lá do começo identifica com os da TFP (pobre cretino!), só as mães de nossos filhos merecem ainda mais cuidado e respeito que os nossos filhos.

Espero mesmo que Sader seja pai. Espero que tenha aprendido a respeitar as mulheres. Espero que tenha aprendido a respeitar o fruto de seu [delas] ventre. E que tome vergonha na sua cara já madura e se desculpe por ter coonestado aquela grosseria miserável que fizeram com Rodrigo Maia e sua mulher. Ou estará provando que não pode respeitar as mulheres alheias e os filhos alheios, ainda que vindouros, quem não respeita a própria mulher e os próprios filhos.

É sintomático que um pensador, ao combater seus adversários, recorra à metáfora da castração. Trata-se de uma soma nojenta de machismo com stalinismo. Vislumbro uma nesga da psique mais profunda de um pensador mixuruca. Um raio me ilumina. Ocorre-me que ele nem mesmo reconhece a existência das mulheres como seres políticos. Por isso, para eliminar um adversário, recorre à metáfora da emasculação. Só os homens que não pensam como ele são seus adversários. As mulheres estão fora do jogo porque não pensam e são espectadoras de sua vontade de potência, que, impotente, precisa ver o outro sangrar para se exercer.

Atenção, coleguinhas meus! Eis aí o petismo que se orgulha de ser não-palocciano. Sader é o petismo autêntico, aquele descontente com o continuísmo. Professor Sader, detesto tudo o que o senhor pensa. Acho que o senhor escreve mal. Acho que o senhor pratica o pior tipo de pensamento, que é aquele da ignorância propositiva. Já participamos juntos de um debate. Senti vergonha pelo senhor porque o vi ser humilhado, diante do público, por um outro intelectual, cujo nome não menciono por delicadeza, que provou por A mais B que o senhor atribuía a um pensador uma frase que ele jamais houvera escrito. Tratava-se apenas de uma dessas muitas confusões a que nos expõe a internet.

Robespierre, sem dúvida um tarado, mas também um pensador, gostava de cortar cabeças. O senhor, ainda que por metáfora, quer passar a lâmina em outra parte do corpo dos seus adversários. De onde nascerá, professor, essa sua diferença com Robespierre? Espero que o senhor viva muito. Não o quero nem morto nem emasculado. Espero que viva muito para ser derrotado. Tudo o que é ruim para as idéias de Emir Sader é bom para o Brasil.

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