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Thursday, September 08, 2005

Lucia Hippolito As novidades no discurso do presidente

BLOG NOBLAT

"Pelo menos, ontem o presidente da República fez um discurso dirigido diretamente ao povo brasileiro. Foi diferente da última vez, quando Lula fez um discurso para seu enorme ministério e permitiu que sua fala fosse transmitida pela TV. Parecia que o povo estava espiando uma conversa pelo buraco da fechadura.

 

Ontem não. Lula encarou diretamente os telespectadores. Tudo para fazer mais ou menos o mesmo discurso de sempre. Elogios à economia, afirmações de que os culpados pela crise política serão punidos, que as investigações estão sendo rigorosas, e assim por diante. Novidade mesmo, nenhuma.

 

Quer dizer, teve novidade sim.

 

Ao listar os bons números da economia, ao mostrar que a produção continua crescendo, que o mercado está absorvendo bem a crise política, que as exportações continuam em alta, que a inflação está em baixa, que o Brasil está às vésperas de se tornar auto-suficiente em petróleo, enfim, que o país está trabalhando normalmente, o presidente Lula nos permite concluir que o Brasil tem amadurecido muito nos últimos anos.

 

Quando uma crise política destas proporções não contamina a economia, é sinal de que os fundamentos econômicos estão razoavelmente sólidos.

 

Se somarmos a isso um período de três anos seguidos sem nenhuma crise externa, teremos no final um quadro de razoável estabilidade econômica, que faz com que os agentes continuem trabalhando e confiando no Brasil.

 

É muito importante esta autonomia que a parte produtiva do país ganhou em relação ao Estado brasileiro. Isto significa que a classe política pode se meter em trapalhadas, que a máquina pública pode ser investigada a fundo, mas a parte mais dinâmica da sociedade brasileira vai continuar tocando em frente.

 

Há uma outra lição a tirar das palavras do presidente da República. Como os números da economia são realmente bons, como a crise não contaminou a atividade econômica, então foi dado o sinal verde para que todos os organismos encarregados de investigações aprofundem e acelerem seus trabalhos.

 

CPIs, Polícia Federal, Ministério Público, Justiça e até a imprensa estão devidamente autorizados pela sociedade brasileira a levar até as últimas conseqüências as investigações sobre a corrupção de políticos e a tentativa de tomar de assalto o Estado brasileiro.

 

A sociedade civil está fazendo a sua parte, produzindo como nunca. Agora cobra dos organismos do Estado uma atuação no mínimo igual.

 

Ao trabalho, senhores."

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