Despeço-me novamente dos leitores de e-Agora. Já o fiz uma vez, por motivo de viagem. E voltei. Agora, porém, se trata de outra viagem.
Creio que já escrevi aqui tudo o que devia e podia sobre a ameaça que paira sobre a democracia brasileira desde que Lula assumiu a presidência da República. Minha avaliação do atual governo está no texto postado aí ao lado, na seção artigos, intitulado "Lula não é corrupto. É coisa muito pior". Agora, que muita gente já conhece o perigo (e não fui o único a apontá-lo), minhas análises não são tão necessárias. Sim, muita gente conhece o perigo, inclusive alguns setores oposicionistas. Se não agem para proteger a sociedade brasileira é por outro motivo, não por ignorância.
No início deste site, ainda em 2003, pouca gente prestava atenção quando eu alertava aqui para a necessidade de começar a organizar uma resistência democrática no Brasil. Agora se vê que isso era realmente um imperativo em um país que, por vários motivos, não conseguiu ter uma oposição partidária.
Oxalá eu esteja enganado sobre o que vou dizer em seguida. Sim, gostaria muito que os fatos desmentissem minhas previsões. Vou ficar torcendo para isso, torcendo contra o meu juízo. Mas neste momento não posso deixar de dizer o que vou dizer. Talvez isso ajude alguém a ver o buraco em que estamos nos metendo. Então, vamos lá.
Ao que tudo indica, vamos continuar sem oposição partidária. Está provado que as elites brasileiras não têm tal vocação. Lula e o PT podem dormir tranqüilos. Nada – nem mesmo seus muitos erros e presumíveis crimes – vai ter qualquer conseqüência. As nossas elites – tanto as econômicas, quanto as políticas – vão garantir a sua continuidade. Isso já está decidido.
Alguns poucos serão punidos e ficará tudo por isso mesmo. Até mesmo esses gatos-pingados que serão agora sacrificados no altar expiatório da pátria, voltarão em breve ao cenário político, bem mais cedo do que se pensa.
A quadrilha organizada dentro do governo Lula não será totalmente desbaratada e o esquema de poder – o verdadeiro Estado paralelo criado pelo PT sob a direção de Lula – continuará intacto. Tudo isso contribuirá para dar continuidade ao projeto estratégico da reeleição de Lula.
A campanha da reeleição continuará financiada pelos abundantes recursos ilegais, frutos de crime, que estão no exterior e serão internalizados também ilegalmente, pelo dinheiro em espécie que está distribuído pelo estados do país (com exceção, talvez, do Ceará, pois que foi apreendido na cueca de uma das "mulas") nos cofres dos petistas e, inclusive, por recursos fornecidos por aqueles setores empresariais que estão muito felizes com o governo. (É o que se diz e o que apontam as evidências, não se sabe se é verdade, mas isso não vem mais ao caso, pois não haverá apuração).
Com a providencial ajuda do PFL e do PSDB, os fundos de pensão continuarão aparelhados para poder prosseguir fornecendo mais recursos. E o esquema financeiro, com múltiplas ramificações, será apenas reformatado e maquiado. Os bandidos que organizaram a quadrilha continuarão atuando, estejam onde estiverem (e certamente não será na cadeia). Os chefes maiores da quadrilha e do esquema político ilegítimo, continuarão dando as cartas, mesmo que percam agora os seus mandatos e os seus cargos para dar uma satisfação à opinião pública. (É o que se diz e o que apontam as evidências, não se sabe se é verdade, mas isso não vem mais ao caso, pois não haverá apuração). É possível, inclusive, que o chefe operativo de todo o esquema consiga sair impune e ainda com força para retaliar os que pediam a sua cabeça.
Sim, os que procuraram criticar o governo, os que exigiram a apuração dos crimes, os que se esforçaram por investigar os suspeitos e até mesmo os que divulgaram suas opiniões publicamente, começarão a ser perseguidos. Alguns serão punidos no lugar dos acusados. (É o que se diz e o que apontam as evidências, não se sabe se é verdade, mas isso não vem mais ao caso, pois não haverá apuração).
Nossos governantes estão de parabéns! Conseguiram implantar uma estratégia exitosa no Brasil. Conseguiram descobrir o segredo, o ovo de Colombo. Manter a política econômica do governo anterior é uma espécie de hábeas corpus preventivo para cometer qualquer delito: crime de responsabilidade, formação de quadrilha, desvio de recursos públicos, manipulação de licitações, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, latrocínio ou acobertamento de seqüestro, mesmo quando seguido de tortura e morte (e mortes em série) – tudo pode! (É o que se diz e o que apontam as evidências, não se sabe se é verdade, mas isso não vem mais ao caso, pois não haverá apuração). Tudo pode, desde que seja mantida a política econômica que garante a aprovação dos mercados e a docilidade de uma oposição que faz qualquer coisa – inclusive se anular, se ajoelhar, ficar de quatro e lamber sapato – para não desagradar os mercados. Gostaria que não fosse assim. Gostaria que os partidos ditos de oposição, não por meio de declarações, mas na prática, me desmentissem.
Mas me confesso descrente a esse respeito. Para o velho mundo político, a sociedade brasileira não é uma realidade, não conta, não faz parte da equação. Para a situação e para a oposição, só existem Estado e mercado.
Nestas circunstâncias, não creio que valha a pena a gente se desgastar. O mercado e o 'PT-no-governo' – quer dizer o PT convertido à realpolitik – têm razão no que pregam. A gente tem mesmo é que cuidar dos nossos interesses, seja individualmente, seja corporativamente. Missão, ideal, causa... tudo besteira.
Como disse um leitor, em comentário à minha penúltima nota, "foi divertido enquanto durou. Vamos voltar para o Campeonato Brasileiro e para os jogos finais das eliminatórias que dá mais certo". Não acho que foi divertido, senão muito sofrido, mas entendo a desilusão do leitor.
Ou, quem sabe, não devamos aproveitar a oportunidade para copiar o exemplo que vem de cima e organizar também uma quadrilha para melhorar a nossa vida e as dos nossos amigos, ou até para conquistar e manter o poder pelo maior tempo possível nas mãos do nosso grupo político. Tudo isso agora, de certo modo, está incentivado. Os que tiveram vocação para tanto, devem por mãos à obra pois o crime compensa. E como!
Eu não tenho. Por isso me despeço.
Creio que já escrevi aqui tudo o que devia e podia sobre a ameaça que paira sobre a democracia brasileira desde que Lula assumiu a presidência da República. Minha avaliação do atual governo está no texto postado aí ao lado, na seção artigos, intitulado "Lula não é corrupto. É coisa muito pior". Agora, que muita gente já conhece o perigo (e não fui o único a apontá-lo), minhas análises não são tão necessárias. Sim, muita gente conhece o perigo, inclusive alguns setores oposicionistas. Se não agem para proteger a sociedade brasileira é por outro motivo, não por ignorância.
No início deste site, ainda em 2003, pouca gente prestava atenção quando eu alertava aqui para a necessidade de começar a organizar uma resistência democrática no Brasil. Agora se vê que isso era realmente um imperativo em um país que, por vários motivos, não conseguiu ter uma oposição partidária.
Oxalá eu esteja enganado sobre o que vou dizer em seguida. Sim, gostaria muito que os fatos desmentissem minhas previsões. Vou ficar torcendo para isso, torcendo contra o meu juízo. Mas neste momento não posso deixar de dizer o que vou dizer. Talvez isso ajude alguém a ver o buraco em que estamos nos metendo. Então, vamos lá.
Ao que tudo indica, vamos continuar sem oposição partidária. Está provado que as elites brasileiras não têm tal vocação. Lula e o PT podem dormir tranqüilos. Nada – nem mesmo seus muitos erros e presumíveis crimes – vai ter qualquer conseqüência. As nossas elites – tanto as econômicas, quanto as políticas – vão garantir a sua continuidade. Isso já está decidido.
Alguns poucos serão punidos e ficará tudo por isso mesmo. Até mesmo esses gatos-pingados que serão agora sacrificados no altar expiatório da pátria, voltarão em breve ao cenário político, bem mais cedo do que se pensa.
A quadrilha organizada dentro do governo Lula não será totalmente desbaratada e o esquema de poder – o verdadeiro Estado paralelo criado pelo PT sob a direção de Lula – continuará intacto. Tudo isso contribuirá para dar continuidade ao projeto estratégico da reeleição de Lula.
A campanha da reeleição continuará financiada pelos abundantes recursos ilegais, frutos de crime, que estão no exterior e serão internalizados também ilegalmente, pelo dinheiro em espécie que está distribuído pelo estados do país (com exceção, talvez, do Ceará, pois que foi apreendido na cueca de uma das "mulas") nos cofres dos petistas e, inclusive, por recursos fornecidos por aqueles setores empresariais que estão muito felizes com o governo. (É o que se diz e o que apontam as evidências, não se sabe se é verdade, mas isso não vem mais ao caso, pois não haverá apuração).
Com a providencial ajuda do PFL e do PSDB, os fundos de pensão continuarão aparelhados para poder prosseguir fornecendo mais recursos. E o esquema financeiro, com múltiplas ramificações, será apenas reformatado e maquiado. Os bandidos que organizaram a quadrilha continuarão atuando, estejam onde estiverem (e certamente não será na cadeia). Os chefes maiores da quadrilha e do esquema político ilegítimo, continuarão dando as cartas, mesmo que percam agora os seus mandatos e os seus cargos para dar uma satisfação à opinião pública. (É o que se diz e o que apontam as evidências, não se sabe se é verdade, mas isso não vem mais ao caso, pois não haverá apuração). É possível, inclusive, que o chefe operativo de todo o esquema consiga sair impune e ainda com força para retaliar os que pediam a sua cabeça.
Sim, os que procuraram criticar o governo, os que exigiram a apuração dos crimes, os que se esforçaram por investigar os suspeitos e até mesmo os que divulgaram suas opiniões publicamente, começarão a ser perseguidos. Alguns serão punidos no lugar dos acusados. (É o que se diz e o que apontam as evidências, não se sabe se é verdade, mas isso não vem mais ao caso, pois não haverá apuração).
Nossos governantes estão de parabéns! Conseguiram implantar uma estratégia exitosa no Brasil. Conseguiram descobrir o segredo, o ovo de Colombo. Manter a política econômica do governo anterior é uma espécie de hábeas corpus preventivo para cometer qualquer delito: crime de responsabilidade, formação de quadrilha, desvio de recursos públicos, manipulação de licitações, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, latrocínio ou acobertamento de seqüestro, mesmo quando seguido de tortura e morte (e mortes em série) – tudo pode! (É o que se diz e o que apontam as evidências, não se sabe se é verdade, mas isso não vem mais ao caso, pois não haverá apuração). Tudo pode, desde que seja mantida a política econômica que garante a aprovação dos mercados e a docilidade de uma oposição que faz qualquer coisa – inclusive se anular, se ajoelhar, ficar de quatro e lamber sapato – para não desagradar os mercados. Gostaria que não fosse assim. Gostaria que os partidos ditos de oposição, não por meio de declarações, mas na prática, me desmentissem.
Mas me confesso descrente a esse respeito. Para o velho mundo político, a sociedade brasileira não é uma realidade, não conta, não faz parte da equação. Para a situação e para a oposição, só existem Estado e mercado.
Nestas circunstâncias, não creio que valha a pena a gente se desgastar. O mercado e o 'PT-no-governo' – quer dizer o PT convertido à realpolitik – têm razão no que pregam. A gente tem mesmo é que cuidar dos nossos interesses, seja individualmente, seja corporativamente. Missão, ideal, causa... tudo besteira.
Como disse um leitor, em comentário à minha penúltima nota, "foi divertido enquanto durou. Vamos voltar para o Campeonato Brasileiro e para os jogos finais das eliminatórias que dá mais certo". Não acho que foi divertido, senão muito sofrido, mas entendo a desilusão do leitor.
Ou, quem sabe, não devamos aproveitar a oportunidade para copiar o exemplo que vem de cima e organizar também uma quadrilha para melhorar a nossa vida e as dos nossos amigos, ou até para conquistar e manter o poder pelo maior tempo possível nas mãos do nosso grupo político. Tudo isso agora, de certo modo, está incentivado. Os que tiveram vocação para tanto, devem por mãos à obra pois o crime compensa. E como!
Eu não tenho. Por isso me despeço.
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