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Saturday, October 15, 2005

Vocês acreditam em artista? NÃO! Tutty Vasques

        

De todas as bobagens que já disseram contra ou a favor do livre comércio de armas no Brasil, a declaração de voto de Fagner é de longe a coisa mais inteligente que ouvi para justificar o "não" no referendo do dia 23: "Onde tem muito artista falando, já se sabe que não é coisa boa", argumentou o cantor cearense no lançamento de uma coletânea de CDs. Depois explicou melhor a Mônica Bergamo, da "Folha", sua bronca com a classe: "É tudo um bando de Maria-vai-com-as-outras. Ficaram gritando 'Lula-lá!', 'Lula-lá!' e, depois que o Lula fez essa cagada toda, não aparece quase ninguém para comentar." Dói concordar! A essa altura da vida admitir que o Fagner está certo, francamente, era só o que me faltava.

A propaganda do "sim" lembra o clima de campanha nas eleições que Lula perdeu com a ajuda gracinha dos artistas. Pegava bem na época dizer sim a Luiz Inácio da Silva, tanto quanto hoje é mais simpático fazer campanha pelo desarmamento da população. Artista – salvo Marília Pêra, Regina Duarte e Hebe Camargo – sempre votou instintivamente em coisas bacaninhas. Certos políticos e certas políticas fazem muito bem à imagem das celebridades, enganam-se os que pensam na mão invertida – e única – dessa relação. Desculpem a grosseria, mas apoio que artista dá por amor é outro! Sem querer generalizar – há de fato meia dúzia de três ou quatro bem intencionados incorrigíveis capitaneados por Fernanda Montenegro –, essa raça é capaz de fazer caridade para sair na "Caras". Gente que vai a evento beneficente para aparecer em revista, entende? Um horror! Artista não vai a lugar nenhum, comício ou baile de debutantes, a troco de nada.

Uma vez me contaram, não consegui confirmar, que alguns incluíam velórios nos pacotes de visitas ao interior para inauguração de lojas, aniversário da filha do prefeito, carnaval fora de época... Imagina a culpa dessa turma, e o quanto apoiar o Lula ou a campanha do desarmamento ameniza tudo – tudo mesmo – que se faz por dinheiro nesse meio. Cobram por abraço, foto ou aperto de mão. A valsa está valendo uma fortuna. Campanha contra o câncer de mama não tem preço. Ah, se todos fossem iguais ao Marco Nanini, mas não são, não são mesmo. Não à toa não se vê mais um Chico Buarque bancando o artista de bobeira por aí. Deve morrer de vergonha!

Como disse Fagner em seu melhor momento desde o sucesso de "As Velas do Mucuripe", "onde tem muito artista falando, já se sabe que não é coisa boa". Viu-se nas campanhas do Lula e não vai dar outra no referendo das armas. Ninguém agüenta mais esta gente vestida de branco, dizendo sim, que é pela paz, sem medo de ser feliz, a esperança vai vencer o medo, bla-bla-blá, bla-bla-blá, bla-bla-blá... É por isso que vai dar "não" no dia 23. Eu sinto muito!

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