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Friday, October 21, 2005

FERNANDO RODRIGUES Três erros da oposição

fsp
 BRASÍLIA - A votação do processo de José Dirceu atrasa a cada manobra governista. Por enquanto, só Roberto Jefferson foi cassado. Duda Mendonça confessou um crime em 11 de agosto e apenas ontem a CPI pediu documentos ao embaixador dos EUA.
Se é possível resumir o ritmo das apurações do "mensalão", a palavra mais apropriada é desolação.
Por que se chegou a esse ponto? Várias razões. A mais relevante é a decisão do governo Lula de operar dentro da mais tradicional lógica fisiológica no Congresso. OK, é regra do jogo. FHC fazia o mesmo e ganhou quase tudo.
Mas é necessário registrar a esta altura a inépcia da oposição nos últimos meses. Os principais partidos anti-Lula, PSDB e PFL, cometeram três erros graves ao longo do processo:
1) medo do impeachment - quando Duda Mendonça confessou ter recebido dinheiro ilegal, no exterior, para fazer as campanhas petistas em 2002, as oposições se reuniram para decidir o que não poderiam falar. Por exemplo: ninguém poderia insinuar a responsabilidade de Lula. Passou o "momentum". Não se toca mais no essencial: o presidente da República era um inepto completo e não sabia de onde vinha o dinheiro para sua campanha milionária?;
2) tucanos sem asa - quando surgiu o nome de Eduardo Azeredo entre os beneficiários do valerioduto, o PSDB se acovardou. Em vez de propor investigação sobre seu presidente nacional, o tucanato passou a fazer ameaças bobas do tipo "não mexa com a gente, senão...". O PSDB não é um partido, mas um grupo de elite a procura de uma causa;
3) fator imponderável - uma ajuda para derrubar Severino Cavalcanti era tudo o que o Planalto desejava da oposição. Na eleição do sucessor, um caos. Ingênuos, PFL e PMDB se dividiram. Deram a Câmara dos Deputados de presente para Lula.
Com uma oposição assim, Lula nem precisa se esforçar tanto na fisiologia. Qualquer CPI vai dar quase sempre em muito pouco.

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