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Tuesday, March 28, 2006

Carta aberta ao diretor da ISTOÉ

 

 

"ISTOÉ, pelo jeito, não quer afligir mais ninguém, principalmente os poderosos. Deve ser por isso que a ISTOÉ desta semana consegue o milagre de produzir uma matéria sobre o caseiro Nildo, aquele que viu as bandalheiras da "República de Ribeirão Preto", sem citar uma única vez o santo nome de Antonio Palocci.

 

E discorre sobre a vergonhosa quebra de sigilo do caseiro omitindo acintosamente o nome do assessor de imprensa Marcelo Netto, um dos suspeitos de envolvimento no crime.

 

Reclamo porque fui eu que escrevi a matéria, e nela constavam os dois nomes – Palocci e Marcelo. Meu texto foi lipoaspirado, desintoxicado dos nomes do ministro e do assessor, e assim publicado. Por isso, recusei assinar a matéria ."

 

O trecho acima é de carta assinada pelo jornalista Luiz Cláudio Cunha, editor de Política da sucursal de Brasília da ISTOÉ, enviada a Carlos José Marques, diretor-editorial da revista, e publicada pelo site do Observatório da Imprensa.

 

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Monday, March 27, 2006

Tribunal não é palanque: o retorno da razão

Tribunal não é palanque: o retorno da razão
Artigo: Luiz Fernando Ribeiro de Carvalhio/Thiago Ribas Filho
Correio Braziliense
27/3/2006

O ministro Nelson Jobim tingiu com cores sombrias sua inesquecível passagem pela presidência do STF. Ali assinalou com as tintas fortes da anomalia uma indelével circunstância: teve parceiros e correligionários, em vez, como seria natural, de destinatários da tutela constitucional de direitos fundamentais. Daí a melancólica despedida da corte e da sua presidência, de que também se afasta sem estimular o rufar dos tambores pelo tributo de qualquer homenagem.

Recentemente, ao reagir com irritação a críticas que lhe foram dirigidas por sua conduta em julgamento que buscava protelar a votação pela Câmara Federal da perda do mandato do então deputado José Dirceu, o ministro Jobim afirmou que "os idiotas perderam a modéstia". Essa reação, pela falta de moderação, poderia ser considerada imprópria para um magistrado, cuja altivez e firmeza nunca devem, pela própria natureza de suas funções, prescindir da serenidade. Em se tratando do seu autor, na verdade corresponde ao triste retrospecto de atuação que coloca a mais alta corte de Justiça do país a serviço de sua biografia e dos propósitos de uma recorrente carreira política, como unissonamente destacado pela imprensa nacional.

Já no discurso de posse na presidência do STF, afirmara, impropriamente, o intento de uma parceria com o Poder Executivo, em tosca assimilação do princípio da harmonia entre os poderes — que pressupõe intocado o complemento da independência. A obsessão pela governabilidade não pode turvar a visão do Judiciário no tocante a seus primordiais deveres de tornar efetivas a supremacia da Constituição e a aplicação da Justiça. Nesse passo, desprezando a valoração do Judiciário como efetivo — e não apenas retórico — poder do Estado voltado à garantia dos direitos fundamentais do cidadão, pode ser lembrado o voto do ministro Jobim na Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que, em nome do ato jurídico perfeito e do direito adquirido, questionava a taxação dos aposentados com nova contribuição previdenciária, sem a contrapartida de qualquer benefício, onde alardeou que, em detrimento daqueles princípios da segurança jurídica, amparava sua posição em elementos da matemática atuarial. Resumindo: escolheu esses últimos como predominantes em relação àqueles, chegando a afirmar — em postura que escandaliza o constitucionalismo contemporâneo e até a jurisprudência do próprio Supremo — que a instituição da referida contribuição por meio de Emenda Constitucional não poderia ser revista pelo STF. O raciocínio torna praticamente inócuo o chamado núcleo imodificável da Carta da República, formado pelas cláusulas pétreas, assim denominadas exatamente por sua imunidade aos projetos, mesmo que revestidos pela forma de emendas à Constituição, de eventuais maiorias parlamentares ou governamentais.

Também soou estranho o anúncio ao país — já ocupando a presidência do STF — de que foram enxertados no texto final da Constituição dispositivos que não chegaram a ser votados, situação que não denunciou na época própria, como era de seu dever na qualidade de relator-adjunto da Constituinte, agindo de forma que a muitos estarreceu pela notícia de uma fraude no processo de votação da Lei Maior.

Há pouco tempo, a imprensa noticiou a decisão do presidente do STF de suspender a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do presidente do Sebrae — e amigo/provedor do presidente Lula — Paulo Okamotto, decidida pela CPI dos Bingos. Mais uma liminar que teve abalada a presunção da seriedade de seus motivos. Justificou-se que a liminar decorreria de jurisprudência do tribunal, que veda a quebra de sigilo bancário com base em matéria jornalística, mas, segundo mencionado na própria decisão, o requerimento de quebra teve suporte não somente em reportagens, mas também no depoimento do próprio Okamotto à CPI, o que por si só balança sua fundamentação.

Ainda mais grave se mostrou a movimentação político-eleitoral do ministro diante de insistente veiculação na mídia impressa e eletrônica, especialmente ao longo do último ano, de sua eventual candidatura à Presidência ou Vice-Presidência da República, encabeçando chapa do PMDB ou compondo coligação deste último com o PT, tudo culminando com a divulgação do seu nome em recente pesquisa eleitoral como detendo 1% de intenções de votos para a Presidência da República. Embora notória a irrelevância do percentual, a gravidade decorre do simples fato da circulação do nome na pesquisa, diante da taxativa proibição constitucional e legal do exercício de atividade político-eleitoral por magistrado.

Enquanto isso, seu personagem reagiu de maneira dúbia, ora dizendo ter como único intuito o "desejo de servir ao País" (O Globo, sábado, 03/12/05), ora argumentando não ter definido seus projetos futuros. Nesse campo, não existe liberdade sem concomitante responsabilidade, pois ao legítimo direito de escolha de seu futuro político deveria preceder a renúncia à Presidência do STF, com a aposentadoria do cargo de ministro, sob pena de abastardar-se aquela presidência em palanque eleitoral e trair-se a indisponível isenção político-eleitoral de seus juízes.

Essa dubiedade de comportamento se conjuga com o inexplicável retardamento — por períodos variáveis de três a oito anos — do exame de Adins, algumas ainda do período do governo Fernando Henrique Cardoso, com julgamentos suspensos no STF em decorrência de pedidos de vista do ministro Jobim que, não sendo o relator dos processos, na prática impediu o prosseguimento e a conclusão dos mesmos. Ora, sabendo-se que tais ações dizem respeito às questões mais sensíveis para o governo e para grandes conglomerados financeiros e grupos empresariais, a quem e para que serviram esses imobilizados pedidos de vista, inibidores do julgamento de matérias de elevado interesse público (e também privado)? Ainda mais quando a protelação provém do pregoeiro-mor do choque de gestão e de eficiência nos serviços judiciais, certamente incompatível com pedidos de vista que se perenizaram a ponto de desafiar a intervenção dos mais capacitados oftalmologistas, além de merecer de um outro integrante do STF a observação, ainda que formulada genericamente em tributo à elegância, de terem se transformado em "perdidos de vista".

Foram essas as indagações a que, em interpelação judicial que lhe foi dirigida no âmbito do STF, por magistrados, advogados, juristas, professores e lideranças da sociedade civil, e que já produziu (ufa!) o resultado de alguns tardios chamados à pauta, o ministro Jobim não respondeu frontalmente, embora acusando o golpe quando se declarou em rede nacional candidato apenas a advogado. Nem mesmo a recente notícia da aposentadoria em março apagou a pertinência das perguntas ou supriu a necessidade de esclarecimentos afastados da arte dos sofistas. A falta de uma resposta direta apenas trombeteou a perda irremediável do tom, até pela coincidência do anunciado afastamento do STF no final de março, antes do término cronológico de seu mandato na presidência e, curiosamente, bem a tempo de atender à exigência de desincompatibilização para filiação partidária e lançamento do nome em convenções para indicação de candidatura nas próximas eleições.

Mais recentemente, essa conduta de tormentosa qualificação dentro das normas da civilidade também se revelou no esdrúxulo comportamento do presidente do STJ, ministro. Edson Vidigal, principalmente no estranho episódio da guerra de liminares em torno das prévias para lançamento de candidato próprio do PMDB à presidência da República. Na ocasião, uma liminar do ministro Vidigal para suspender as prévias foi cassada pelo ministro Hamilton Carvalhido, sendo, logo em seguida, restaurada pelo primeiro atendendo a instâncias da ala governista do partido, que tem como uma de suas expressões máximas o senador e ex-presidente da República José Sarney, de quem o ministro Vidigal fora assessor de imprensa quando aquele governara o Maranhão (1966/70) e que, após uma longa convivência política com seu ex-assessor, participou de sua eleição para deputado federal pela Arena/MA em 1978, vindo em dezembro de 1987 a nomeá-lo ministro do antigo TFR, hoje STF (Superior Tribunal de Justiça). Como se não bastasse, além de toda essa trajetória marcada por coincidências que tornam implausível a isenção do ministro Vidigal para a concessão e restauração da referida liminar, este, segundo fartamente noticiado pelos meios de comunicação, entre o momento da concessão e o da restauração da medida voltou a se declarar candidato ao governo do Maranhão no pleito deste ano. Consta que, a exemplo do ministro Jobim, também já pediu sua aposentadoria, mas o simples fato de se encontrar em campanha para mandato eletivo no Executivo evidentemente o torna no mínimo suspeito para as decisões que proferiu em matéria de alta voltagem eleitoral.

Se, como afirmou o ministro Jobim, os idiotas perderam a modéstia, certamente a nação, já tão castigada pela atual temporada de escabrosa corrupção em sucessão de escândalos no Executivo e no Legislativo, também não aceita a afronta de um eventual exercício de autocrítica nem da perda do pudor pela arrogância.

Diante desse quadro tão sombrio, é inadiável que vozes responsáveis — principalmente do Judiciário e da imprensa — se levantem, como já vem ocorrendo, para combater o descalabro, tornando oportuna a lembrança de um pensamento de Norberto Bobbio em artigo intitulado O dever de sermos pessimistas, publicado na imprensa italiana em 15/05/77: "O pessimismo hoje, seja-me permitida mais esta expressão impolítica, é um dever civil. Um dever civil porque só um pessimismo radical da razão pode despertar com uma sacudidela aqueles que, de um lado ou de outro, mostram que ainda não se deram conta de que o sono da razão gera monstros.".

Que a posse dos ministros Ellen Gracie, primeira mulher a ocupar o cargo de ministro e agora a presidência do STF, e Barros Monteiro, na presidência do STJ, assinale o início de nova era quando o sono da razão, para recuperação da credibilidade e do prestígio do Judiciário e da própria democracia atingida por condutas somente explicáveis por desmedida ambição pessoal, não tenha espaço para produzir sua escandalosa geração. 
 
Luiz Fernando Ribeiro de Carvalhio
Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e ex-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros
Thiago Ribas Filho
Desembargador aposentado e ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio

Sunday, March 26, 2006

CCPL - Comando de Caça ao Primeira Leitura

 CCPL - Comando de Caça ao Primeira Leitura
Por Reinaldo Azevedo e Rui Nogueira

A bola foi cantada neste espaço, na edição anterior, num texto intitulado "Operação Caça-Alckmin" (Clique para ler ). Era fatal que, definida a candidatura do PSDB, o governador passasse a ser a bola da vez. Tudo se dá em tempo perfeito para uma narrativa verossímil e para alimentar as lendas de cada um. Na mesma edição em que a Folha faz um editorial de primeira página acusando os arreganhos autoritários do governo Lula, vem a manchete: "Nossa Caixa beneficia aliados de Alckmin".

Não pode haver, como se vê, veículo mais isento do que este. À esquerda, apanha Lula; à direita, Alckmin. O lead do texto da primeira página é o seguinte: "O governo de Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência, direcionou recursos de publicidade da Nossa Caixa para favorecer políticos aliados na Assembléia Legislativa". Mais adiante: "Entre os favorecidos então ainda a Rede Vida e a revista Primeira Leitura, criada por Luiz Carlos Mendonça de Barros, ministro no governo FHC". O texto na página A-16 começa assim: " O governo Geraldo Alckmin (PSDB) direcionou recursos da Nossa Caixa para favorecer jornais, revistas e programas de rádio e televisão mantidos ou indicados por deputados da base aliada na Assembléia Legislativa".

Não é só isso. No terceiro parágrafo do mesmo texto, informa o jornalista Frederico Vasconcelos: "[a cúpula palaciana] autorizou a veiculação de anúncios mensais na revista Primeira Leitura, publicação criada por Luiz Carlos Mendonça de Barros, ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso. Ele é cotado para assessorar Alckmin na área econômica. Recentemente, a Quest Investimentos, empresa de Mendonça de Barros, foi escolhida para gerir um fundo da Nossa Caixa ". Em seguida, Vasconcelos afirma que o "banho de ética" prometido por Alckmin "recebe uma ducha de água fria".

E pronto. O enredo já parece suficiente para justificar os objetivos e chegar ao corolário, que remete à tese central do PT: são todos iguais. À esquerda e à direita. Lá e cá.

Lamenta-se aqui que a verdade não tenha parecido forte o bastante a Vasconcelos, e ele tenha criado uma teia verossimilhante de ilações para conferir mais peso à reportagem. Primeira Leitura, de fato, foi criada por Luiz Carlos Mendonça de Barros. Mas não pertence mais ao ex-ministro desde setembro de 2004. Como informa o próprio jornal, "de outubro de 2004 até julho de 2005 (...), Primeira Leitura circulou com anúncios de página dupla da Full Jazz". Ou seja: Mendonça de Barros já não tinha mais qualquer vínculo com a revista, de que deixou de ser, infelizmente, até mesmo colunista.

É estranho que tal informação não esteja no jornal. Não a ignora Frederico Vasconcelos. Não a ignoram as pessoas que respondem por aquilo que sai publicado no jornal. A omissão torna o cardápio mais saboroso: o leitor tem a impressão de que o ex-ministro, "cotado" para assessorar Alckmin, está sendo beneficiado não apenas neste negócio, como também em outro, do qual não se dá detalhe porque a parte picante do prato do dia tem de ficar com o mistério, tem de estar na ilação, na sugestão da irregularidade.

Antiga campanha publicitária da Folha demonstrava que se podia mentir falando apenas a verdade. É verdade que Mendonça criou Primeira Leitura; é verdade que ele foi um dos interlocutores de Alckmin para assuntos econômicos; é verdade que outra empresa a que é ligado mantém relações comerciais – e legais! – com a Nossa Caixa. O conjunto, embalado como está, induz a uma mentira.

Os fatos
A reportagem omite que os anúncios da Nossa Caixa foram veiculados tanto no site como na revista Primeira Leitura. Faziam parte de um pacote, e era este o acordo que tínhamos firmado coma agência de publicidade, que era com quem Primeira Leitura tratava do assunto. O veículo impresso tem uma tiragem auditada de 25 mil exemplares, com distribuição nacional. Está longe de ser uma publicação clandestina. E quem a conhece, goste ou não de sua linha editorial, não se atreve a dizer que seja malfeita ou busque atender ao interesse deste ou daquele deputado estadual. Aliás, eis um defeito nosso: não conhecemos um só parlamentar da Assembléia Legislativa de São Paulo.

O site Primeira Leitura está, certamente, entre os mais visitados no Brasil. A Brasil Telecom, onde está hospedado, dispõe de sistema fechado de verificação de audiência. Em julho de 2005, mês da última veiculação de anúncio da Nossa Caixa, Primeira Leitura teve 348.608 visitas, com 1.437.567 page views. No mês seguinte, o site alcançava 496.712 visitas e 1.897.003 page views. Tais números fazem dele um dos sites de política e economia mais visitados do país — se é que não está disputando o primeiro lugar. Site e revista não precisam recorrer a relações escusas, fora do âmbito profissional e técnico, para conquistar os anúncios que tem.

No texto da primeira página, afirma a Folha, referindo-se inclusive a nós: "Os demais acusados também negam irregularidades". Pergunta-se ao jornal: do que somos "acusados" exatamente?

Aliados de quem?
Se a reportagem não provasse que a publicidade da estatal serviu ao propósito de beneficiar os aliados de Geraldo Alckmin, então ela estaria, digamos, meio furada para os propósitos a que se destina e não mereceria o destaque que mereceu, ombreando, na balança da isenção, com o editorial que acusa os desvios de conduta democrática do governo Lula.

Aliás, lendo o editorial editorial, não há como ignorar que tudo aquilo já foi dito aqui. Desde janeiro de 2002. Pois bem, assim, é preciso que as omissões sustentem o que se quer provar: omite-se que Mendonça de Barros não é mais dono da revista; omite-se que os anúncios do banco eram veiculados mensalmente na revista e todos os dias no site. E se omite, queremos crer, o mais importante.

Se estivéssemos mesmo fazendo site e revista a soldo de Geraldo Alckmin, seríamos, ademais, notórios traidores, vira-casacas. Que saibamos, Primeira Leitura foi o único veículo de comunicação que anunciou seu apoio à pré-candidatura de José Serra à Presidência da República. Foram escritos nada menos de 40 textos a respeito. Mais do que isso: o debate chegou a azedar em muitos momentos com partidários da candidatura do governador. E atenção: nunca, em nenhum momento, o secretário Roger Ferreira ou qualquer outro emissário dos Bandeirantes resolveu lembrar que a Nossa Caixa tinha sido anunciante da revista, cobrando as "obrigações" correspondentes.

A área comercial de Primeira Leitura interfere na redação da revista tanto quanto, ou menos, a da Folha interfere no jornal. Não fazemos, por exemplo, suplementos voltados para segmentos do mercado com pauta dirigida. Não há nada de ilegal nisso. Mas não fazemos.

Nada disso interessou à reportagem. O leitor pouco atento ao detalhe há de concluir que Primeira Leitura está ligado a algum deputado estadual (lead da chamada de capa e da reportagem principal), pertence a Luiz Carlos Mendonça de Barros (que estaria sendo irregularmente beneficiado) e, claro, apoiou o pleito do governador, que queria ser candidato à Presidência da República. Por isso levou os aúncios da Nossa Caixa.

Não vamos mudar
Uma matéria como esta da Folha é coisa boa para Primeira Leitura? No que diz respeito a nosso público leitor, é indiferente. Os que cotidianamente nos acusam de força-auxiliar dos tucanos continuarão a fazê-lo, agora munidos de supostas "provas". Os que aprenderam a resistir à maledicência têm motivos novos para atravessar mais esta maré. É claro que, no que respeita ao mercado publicitário, bom não é.

O leitor precisa saber: nestas horas, um ou outro anunciantes podem ficar temerosos: "Não é aquela revista do Alckmin? E se o Lula ganhar?" O Departamento Comercial de Primeira Leitura já tinha pronta uma nova proposta para ser enviada à Nossa Caixa. É o que fazem todas as publicações do mundo: procuram anunciantes. Melhor rasgar. Afinal, uma revista de "política, economia e pensamento", com 25 mil exemplares, tida até por seus inimigos como das mais bem escritas do país, e um site diário, com uma média mensal de 1,5 milhão de page views, só podem contar com o anúncio de um banco estadual se estiverem metidos em alguma safadeza.

Com ou sem revista, com ou sem site diário, no formato que tem hoje ou em outro qualquer, Primeira Leitura não vai morrer. Não vai deixar de dizer o que diz. Há cinco anos estamos por aí, combatendo aquele mesmo espírito totalitário identificado no editorial da própria Folha neste domingo. Por todas as razões que lá estão expostas e também porque entendíamos que o país precisa de um outro rumo — político, econômico e até institucional —, consideramos que José Serra era a melhor opções para a Presidência da República.

Outro foi o caminho escolhido pelo PSDB. O governador Geraldo Alckmin não precisa pagar as nossas contas para que digamos, agora, com a mais absoluta clareza: que vença a disputa pela Presidência da República! Os eventos recentes envolvendo Francenildo Costa não deixam espaço para reticências ou hesitações.

Parece que os documentos que chegaram à Folha têm origem numa sindicância interna da Nossa Caixa e também passam pelo Ministério Público Estadual. É evidente que se misturaram alhos com bugalhos, e fomos incluídos num rol de patrocinados que supostamente têm vínculos com deputados estaduais. Quem selecionou e-mails que citavam Primeira Leitura sabia muito bem o que estava fazendo: não é a primeira agressão. Não será a última.

No site do PT, procurem lá, uma moça que se identifica como jornalista nos acusa de agentes da black propaganda da CIA. Nada menos de três pessoas identificadas com o partido processam a revista, numa tentativa de asfixiá-la economicamente. Processos que fariam Kafka corar de constrangimento.

Como já se disse aqui, se fosse o caso de escrever por 30 dinheiros, todo mundo sabe que o outro lado pagaria muito mais. Os nossos internautas e leitores fiquem tranqüilos. Não desistiremos. Se preciso, a gente escreve "na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapé". A agressão à Primeira Leitura pertence à mesma  lógica que tentou transformar Francenildo num bandido; que, em minutos, fez de uma testemunha um investigado

Wednesday, March 08, 2006

Professor Luizinho também escapa da cassação

Professor Luizinho também escapa da cassação
O ex-líder do governo na Câmara é quarto deputado acusado de envolvimento no esquema do mensalão a ser absolvido


Dida Sampaio/AE

Brasília - O ex-líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP) livrou-se de ter seu mandato cassado por envolvimento no esquema do mensalão. Ao todos votaram 449 deputados, dos quais 253 foram contra a cassação, 183 a favor, 10 se abstiveram e três votaram em branco. Horas antes, foi a vez do deputado Roberto Brant (PFL-MG) ser absolvido da perda de mandato, por mais de cem votos de vantagem.

Em ambos os casos o plenário da Câmara contrariou a decisão do Conselho de Ética. Luizinho é o quatro é o quarto deputado absolvido. Os outros são: Sandro Mabel (PL-GO), Romeu Queiroz (PTB-MG), além de Brant.

Professor Luizinho terminou seu discurso de defesa reafirmando que não deu autorização para que um assessor sacasse dinheiro de contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Ao concluir sua defesa, os presentes, em sua maioria petistas, aplaudiram o parlamentar, reação igual a manifestada para o deputado Roberto Brant (PFL-MG), que hoje conseguiu escapar da cassação.

Ao contrário do que ocorreu no julgamento do pefelista, os deputados evitaram arriscar o resultado do destino de Professor Luizinho. Ele passou o dia visitando parlamentares em seus gabinetes.

Muitas versões

O petista é acusado de receber R$ 20 mil do esquema de caixa 2 operado por Marcos Valério. O assessor parlamentar do deputado, José Nilson dos Santos, sacou o dinheiro em 23 de dezembro 2003, na agência do Banco Rural da avenida Paulista, em São Paulo.

Quando a CPI dos Correios recebeu documentos do Banco Rural, o nome José Nilson dos Santos constava da relação de sacadores. A chefe-de-gabinete do deputado, Rosana Lima, disse que a pessoa que aparecia na lista não era o assessor. "Os documentos não batem. Não têm nada a ver com o José Nilson do escritório", disse ela.

No dia 23 de julho de 2005, a assessoria de imprensa do deputado deu a versão de que o verdadeiro sacador era um homônimo de José Nilson, mas Luizinho admitiu que a pessoa que foi ao caixa do Rural era mesmo seu assessor: "Ele (Nilson) me ligou dizendo que não tinha nada com o saque. Eu pedi para verificar a documentação, inclusive o RG dele, e verifiquei que o número é o mesmo que consta da autorização do banco."

Mentira

Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, no dia 9 de novembro de 2005, o deputado afirmou que o repasse da quantia foi fruto de um acordo entre José Nilson e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, sem seu conhecimento. Mas o relator do processo, Pedro Canedo (PP-GO), entendeu que Luizinho "tentou enganar o conselho", ao insistir que o assessor negociou diretamente com Delúbio. "Minha concepção é de que o deputado Professor Luizinho mentiu e mentira é falta de decoro parlamentar", disse o relator, que recomendou a cassação do deputado.

Depois da leitura do relatório favorável à cassação, no dia 19 de janeiro de 2006, o deputado petista protestou contra o parecer: "Não pode dar pena de morte para quem bate uma carteira e para quem assassina." Ao perceber que parecia admitir alguma culpa, imediatamente ele acrescentou: "Ou para alguém que passou na rua e foi confundido. Eu fui confundido."

O Conselho de Ética aprovou por nove votos a favor e quatro contra o relatório que pediu a perda do mandato do deputado, eleito com 142.812 votos.

Wednesday, March 01, 2006

"Why the economy is a lot stronger than you think"



Why The Economy Is A Lot Stronger Than You Think
Why The Economy Is A Lot Stronger Than You Think
In a knowledge-based world, the traditional measures don't tell the story. Intangibles like R are tracked poorly, if at all. Factor them in and everything changes

podcast
COVER STORY PODCAST

You read this magazine religiously, watch CNBC while dressing for work, scan the Web for economic reports. You've heard, over and over, about the underlying problems with the U.S. economy -- the paltry investment rate, the yawning current account deficit, the pathetic amount Americans salt away. And you know what the experts are saying: that the U.S. faces a perilous economic future unless we cut back on spending and change our profligate ways.

But what if we told you that the doomsayers, while not definitively wrong, aren't seeing the whole picture? What if we told you that businesses are investing about $1 trillion a year more than the official numbers show? Or that the savings rate, far from being negative, is actually positive? Or, for that matter, that our deficit with the rest of the world is much smaller than advertised, and that gross domestic product may be growing faster than the latest gloomy numbers show? You'd be pretty surprised, wouldn't you?

Slide Show
Well, don't be. Because the economy you thought you knew -- the one all those government statistics purport to measure and make rational and understandable -- actually may be on a stronger footing than you think. Then again, it could be much more volatile than before, with bigger booms and deeper busts. If true, that has major implications for policymakers -- not least Ben Bernanke, who on Feb. 1 succeeded Alan Greenspan as chairman of the Federal Reserve.

Everyone knows the U.S. is well down the road to becoming a knowledge economy, one driven by ideas and innovation. What you may not realize is that the government's decades-old system of number collection and crunching captures investments in equipment, buildings, and software, but for the most part misses the growing portion of GDP that is generating the cool, game-changing ideas. "As we've become a more knowledge-based economy," says University of Maryland economist Charles R. Hulten, "our statistics have not shifted to capture the effects."

The statistical wizards at the Bureau of Economic Analysis in Washington can whip up a spreadsheet showing how much the railroads spend on furniture ($39 million in 2004, to be exact). But they have no way of tracking the billions of dollars companies spend each year on innovation and product design, brand-building, employee training, or any of the other intangible investments required to compete in today's global economy. That means that the resources put into creating such world-beating innovations as the anticancer drug Avastin, inhaled insulin, Starbuck's (SBUX ), exchange-traded funds, and yes, even the iPod, don't show up in the official numbers.

Now, a generation of economists who came of professional age watching the dot-com boom and bust are trying to get a grip on this shadow economy: People like Carol A. Corrado and Daniel E. Sichel of the Federal Reserve Board, who, along with Hulten, figured out that businesses are spending much more on future-oriented investments than widely believed. In a way, these economists are disciples of Greenspan, who understood earlier than most that the conventional numbers don't capture the emerging knowledge economy.

Greenspan was continually digging into arcane factoids he hoped would give him a better insight into what was going on under the hood of the U.S. economy. And Bernanke seems to understand the importance of doing the same. In a speech last year, he said that intangible investments "appear to be quantitatively important." As a result, Bernanke noted, "aggregate saving and investment may be significantly understated in the U.S. official statistics."

BEYOND WIDGETS
As Greenspan would be the first to tell you, it's a lot easier counting how many widgets the nation produces in a year than quantifying the creation and marketing of knowledge. After all, we're talking about intangibles: brand equity, the development of talent, the export of best practices.

This stuff is hard to measure, but to ignore it is to miss what the economy is telling us. And to miss that is to increase the likelihood of committing policy blunders. Including these intangible investments could provide a better picture of the economy, one that offers more advance warning of recessions, slippage in our ability to innovate, and other nasty surprises.

To understand why the government measures the economy the way it does, it helps to go back in time to the 1930s. The Great Depression had the nation in a death grip, and government planners and politicians lacked the tools to answer the big question of the day: Was the economy getting better or worse? To find out, the Commerce Dept. brought in economist Simon Kuznets , then at the National Bureau of Economic Research, to calculate for the first time the nation's income and output -- the purchasing power and production of the U.S. economy. Setting such a benchmark would allow the government to figure out if the economy was growing or shrinking.

Working with handwritten data, Kuznets and a small group of fellow economists began counting tangible things like machines and buildings as long-term investments. It made sense, since this was still the Industrial Age. And such calculations came in handy during World War II, when the Roosevelt Administration needed a fix on the nation's capacity to grind out tanks, ships, and planes.

A BREAK WITH THE PAST
Kuznets' work set the tone for the rest of the century, not to mention helping win him the Nobel prize in Economics in 1971. Machines and buildings were counted as future-oriented investment, but spending on education, training, and R was not. No attempt was made to judge the social utility of expenditures. For example, the $6 million cost of building the Flamingo Hotel, the Las Vegas casino opened by Bugsy Siegel in 1946, was tallied as an investment. But AT funding of Bell Labs, where the transistor was invented around the same time, wasn't even included in GDP. Kuznets himself acknowledged the limitations of his system, yet it stayed basically the same for most of the postwar period.

By the early '90s, Greenspan was becoming increasingly frustrated by the official numbers' inability to explain a rapidly evolving economy. In 1996 and 1997 he refused to accept conventional data telling him that productivity growth was falling in much of the service sector, noting -- correctly, as it turns out -- that "this pattern is highly unlikely." He also pointed out that the official numbers for consumer inflation were too high.

At the Washington offices of the BEA, J. Steven Landefeld, who became director in 1995, felt pressure to include numbers that better reflected the knowledge economy. Landefeld isn't a rash fellow, and the pace of change at the BEA, while quick for a statistical agency, would be called deliberate by most. But in 1999 -- six decades after Kuznets laid the groundwork for calculating GDP -- Landefeld and the BEA decided to break with the past.

The BEA started treating business spending on software as a long-lived investment. The decision was overdue. Companies were spending more than $150 billion annually on software, far more than the $100 billion for computer hardware. And the software often stayed in use longer than the hardware. The fact that economists could go into stores and see software in brightly colored boxes reassured them that it was real. "Prepackaged software is a lot easier" to count, recalls Landefeld.

Silly as it may seem now, it was a revolutionary change at the time. But over the past seven years the economy has continued to evolve while the numbers we use to capture it have remained the same. Globalization, outsourcing, and the emphasis on innovation and creativity are forcing businesses to shift at a dramatic rate from tangible to intangible investments.

According to BusinessWeek's calculations, the top 10 biggest U.S. corporations that report their R outlays -- a list that includes ExxonMobil (XOM ), Procter Gamble (PG ), General Electric (GE ), Microsoft (MSFT ), and Intel (INTC ) -- have boosted R spending by 42%, or almost $11 billion, since 2000. Yet over the same period, they have only increased capital spending by a meager 2%, or less than $1 billion. So all together, these giants have actually increased their future-oriented investment by roughly $12 billion -- most of which doesn't show up in the BEA numbers.

This shift to intangibles looks all the more remarkable when we look a bit further back. P for example, has boosted its spending on R which doesn't count as investment in the GDP statistics, by 39% since 1996. By contrast, the company's capital budget, which does factor into GDP, is no bigger today than it was back then. The same is true at spicemaker McCormick Co. (MKC ), where capital spending is basically flat compared to 1996 but R outlays to create new products have tripled over the same period.

Want to see how this works? Grab your iPod, flip it over, and read the script at the bottom. It says: "Designed by Apple in California. Assembled in China." Where the gizmo is made is immaterial to its popularity. It is great design, technical innovation, and savvy marketing that have helped Apple Computer sell more than 40 million iPods. Yet the folks at the BEA don't count what Apple spends on R and brand development, which totaled at least $800 million in 2005. Rather, they count each iPod twice: when it arrives from China, and when it sells. That, in effect, reduces Apple -- one of the world's greatest innovators -- to a reseller of imported goods.

That's why the new research from Corrado, Sichel, and Hulten is so important, and why building and improving upon it could become a key goal of economists in the coming years. Ultimately, we might end up with a "knowledge-adjusted" GDP, which would track the spending so crucial for global competitiveness.

Right now, though, rough calculations of these intangibles are all we have. To help come up with their $1 trillion number for unmeasured business investment, for example, Corrado, Sichel, and Hulten counted the portion of advertising designed to have long-lived effects on perception (that would include the sort of corporate image advertising seen here at BusinessWeek). They also estimated the value of new product development in the financial-services industry, which current R numbers miss. "We had to hunt around for bits and pieces of data," says Hulten.

Assessing how much bang for the buck companies get from their spending on intangibles is even harder, especially in the fast-changing knowledge economy. Take employee training. In the old days, that required flying people to a teaching facility, which cost companies a lot of time on top of the cost of the instructors and real estate. Now online learning and other innovations are driving down the cost of training. At IBM (IBM ), the training budget fell by $10 million from 2003 to 2004, a 1.4% decline, while the number of classroom and e-learning hours rose by 29%. Are other companies seeing an equally dramatic decline in the cost of training? No one knows.

CHANGING PERCEPTIONS
That's why the BEA doesn't want to move too fast. It plans to publish supplementary accounts for R in the next few years, which will track R spending without adding it into the official GDP numbers. Other intangibles, though, remain below the radar. "No one disagrees with this conceptually," says BEA chief Landefeld. "The problem is in the empirical measurement."

But look at how our perception of the economy changes once you add in things like R and brand-building. The published data show that total investment -- business, residential, and government -- has been falling over the past three decades as a share of national spending, while consumption has been rising. Add in the intangible investments provided by our three economists, and the picture changes completely.

Total investment rises, going from 23.8% of national spending in the 1970s to 25.1% in the early 2000s -- much higher than the 18.3% the conventional numbers show. That helps explain why the economy has sustained strong productivity growth, and why foreign investors continue to pour money into the U.S.

Factoring in the knowledge economy also helps us understand why the recession of 2001 seemed worse than the official statistics showed -- and why the recovery was so slow. According to the published numbers, the six-month recession of 2001 was so mild the business sector actually grew at a modest 0.4% pace that year. By 2003, however, more than 3 million private sector jobs had disappeared.

One reason for this disconnect is simple: Corporations hacked back their budgets for R advertising, training, and so forth. Yes, that canceled out a ton of high-paying jobs, but had no direct effect on GDP. Remember that R and other intangible business investments are not currently counted as national output. Therefore, when a company laid off an engineer doing long-term product development but kept selling the same number of its old products, GDP stayed the same. Productivity even went up, because fewer workers were producing the same amount of output. And if that laid-off engineer went to work, say, building houses? National output might even have risen.

There's enough data available through 2003 to estimate how business intangibles would have changed the growth numbers. For our purposes, let's assume that overall intangible business investment followed the same path as industrial R and advertising, for which annual data are available. Crunch the numbers and it looks like the business sector really grew by only 0.1% in 2001, less than a quarter of the size of the official increase. Growth in 2002 now also looks slower than the published data.

By contrast, the conventional numbers may be understating the strength of the economy today. The BEA announced on Jan. 27 that growth in the fourth quarter of 2005 was only 1.1%. In part that was because of a smaller-than-expected increase in business capital spending. However, employment at design and management-consulting firms is up sharply in the quarter, suggesting that businesses may be spending on intangibles instead. Indeed, the consumer confidence number for January zoomed to the highest level since 2002, as Americans became more optimistic about finding jobs.

Then again, the economy may hit bigger bumps in the years ahead. When companies significantly trim their spending on R design, training, and other knowledge-enhancing activities, as they did in 2001, the resulting pain in terms of job losses and reduced innovation could deepen the next downturn.

Perhaps the trickiest and most controversial aspect of the shadow economy is how it alters our assessment of international trade. The same intangible investments not counted in GDP, such as business knowhow and brand equity, are for the most part left out of foreign trade stats, too. Also largely ignored is the mass influx of trained workers into the U.S. They represent an immense contribution of human capital to the economy that the U.S. gets free of charge, which can substantially balance out the trade deficit of goods and services. "I don't know that the trade deficit really tells you where you are in the global economy," says Gary L. Ellis, chief financial officer of Medtronic Inc., a world leader in medical devices such as implantable defibrillators. "We're exporting a lot of knowledge."

Time for another real-world example. In December, Intel Corp. (INTC ) announced plans to build a new wafer-fabrication plant in Israel. To the statisticians, the value of that foreign investment is the book value of the plant -- that is, the cost of erecting the building and installing the chipmaking machinery.

Not counted is the systematic export of knowhow to Israel that enables that factory to operate profitably. At the core is a program called Copy Exactly!, which requires that a new fab duplicate an existing one that is working well, down to how often the plant's pumps are serviced. All of this critical information is documented and transferred from the U.S. to the new plant, but it is not picked up by the trade statistics.

The numbers don't catch Intel's exhaustive training program either. To get its new plants running quickly, the chipmaker brings 800 or 900 employees from the new fab to spend a minimum of six months in Hillsboro, Ore., where Intel develops new production processes. By the time they return home, these people will have picked up not just the details of the process but also tribal knowledge -- the unwritten lore of how Intel works. With that info in their heads, they're equipped to get the new factory up and running at high volume within a quarter, rather than taking a year or more. In economics speak, this is a classic transfer of human capital. So why isn't it called an export?

Ricardo Hausmann, director of Harvard's Center for International Development, believes it should be. He describes these cross-border flows of knowhow as "dark matter." Hausmann notes that U.S. multinationals consistently earn higher rates of return than their foreign counterparts -- an average of 6% on foreign operations since 2000, vs. the 1.2% foreign multinationals earn in the U.S., according to the latest BEA figures. From that, he infers that the multinationals are benefiting, in part, from knowledge exported from the U.S., a country with faster productivity growth than the rest of the industrialized world.

Using these arguments, Hausmann finds that the U.S. current account deficit actually disappears, averaged over time. "With globalization, you develop a blueprint and sell it in all countries," he says. "Countries that are good at creating blueprints get more exports of dark matter."

Admittedly, most trade experts are hostile to Hausmann's conclusions. A recent report from Goldman, Sachs Co. (GS ) likened Hausmann's dark matter to cold fusion. And the economists at the BEA worry that adding knowledge exports to the trade stats would make published data less useful. "I have a problem putting fabricated flows into exports," says Ralph H. Kozlow, who oversees international accounts at the BEA. "You get into an impossible statistical maze when you try to value all of this at anything that anyone would believe."

But even if Hausmann is overstating his case, he's on the right track. There's no doubt that the statistical problems are formidable, but it's also certain that the conventional trade statistics are missing a big portion of the knowledge flows that create value these days. Suppose we assume that U.S. multinationals can earn an extra percentage point of return on their foreign investments by being able to use business intangibles exported from the U.S. Then a rough estimate of the value of the unmeasured exports of knowledge is anywhere from $25 billion to $100 billion per year, depending on what assumptions are used.

And let's not forget about immigrants. The workers who move to the U.S. each year bring with them a mother lode of education and skills -- human capital -- for free. One celebrated example is Jonathan Ive, the man who designed the iPod and iMac. Ive was born in England and educated at Newcastle Polytechnic University of Northumbria before joining Apple Computer Inc. in California in 1992.

Ive is not unique. Most of the workers who immigrate to the U.S. each year have at least a high school diploma, while about a third have a college education or better. Since it costs, on average, roughly $100,000 to provide 12 years of elementary and secondary education, and another $100,000 to pay for a college degree, immigrants are providing a subsidy of at least $50 billion annually to the U.S. economy in free human capital. Alternatively, valuing their contribution to the economy by the total wages they expect to earn during their lifetime would put the value of the human capital of new immigrants closer to $200 billion per year. Either the low or high estimate would make the current account deficit look smaller.

These numbers may also seem squishy. Still, if Fed chief Bernanke, corporate executives, and ordinary investors want to know where we've been, and where we're headed, tracking the creation and flow of knowledge is the only way to go.