Redecker é enterrado sob protestos em Novo Hamburgo
Publicada em 20/07/2007 às 22h28m
Higino Barros - O GloboClic RBS; Agência Câmara; Agência Brasil; O Globo Online;BRASÍLIA, PORTO ALEGRE e WASHINGTON - O corpo do deputado federal Júlio Redecker (PSDB-RS) , uma das vítimas do acidente de terça-feira com o Airbus da TAM , foi enterrado no fim da tarde desta sexta, sob clima de comoção e tristeza, na cidade de Novo Hamburgo, a 40 quilômetros da capital gaúcha. O governo federal foi representado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, que esteve no velório. A cerimônia fúnebre foi realizada no Palácio Piratini, que é a sede do Poder Executivo gaúcho.
O senador Tasso Jereissati (PSDB/CE), o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT/RS), e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), viajaram à cidade gaúcha para acompanhar a cerimônia.
Um dos filhos do deputado, Júlio Redecker, Lucas, de 26 anos, que é considerado seu herdeiro político, reclamou da TAM e, também, do governo federal. Durante o velório do deputado, Lucas, de 26 anos, disse que a família, até agora, não foi contatada pela empresa aérea:
- Apenas os governos do Rio Grande do Sul e de São Paulo foram solidários com nossa família. E, se não tivéssemos recebido esse apoio, até agora estaríamos sem informações.
Lucas Redecker pediu, ainda, providências ao presidente Lula, no sentido de acelerar as investigações sobre as causas do acidente ocorrido em Congonhas, que vitimou seu pai:
- É o mínimo que o governo federal pode fazer em respeito às vítimas do acidente. Isso tem que ser feito para que outras famílias não chorem perdas de seus entes queridos, como estamos chorando.
Cerca de seis mil pessoas, segundo os cálculos da Brigada Militar, passaram pelo velório do deputado tucano gaúcho. Para o governador mineiro Aécio Neves, Julio Redecker era um dos parlamentares brasileiros mais preocupados com a crise da aviação brasileira. Tornou-se uma vítima dela:
- Sua fibra e sua indignação com os descaminhos por que passa o país servirão como exemplo para jovens como ele, que formavam uma nova geração de políticos brasileiros.
Ainda na opinião de Aécio Neves, o governo federal tem se mostrado incompetente na condução da crise ins$na aviação civil brasileira. Segundo ele, falta um plano estratégico para enfrentar os problemas que vêm ocorrendo desde o acidente com o avião da Gol, em setembro do ano passado:
- Não cabe falar sobre as causas do acidente que vitimou o Júlio Redecker e enlutou dezenas de lares. Mas que a crise não tem sido administrada com inteligência, este é um sentimento que assola, hoje, todos os brasileiros.
Ontem, em Porto Alegre, também foram realizados o velório e o enterro do ex-presidente do Internacional Paulo Rogério Amoretty. Seu corpo foi velado no Estádio Beira-Rio. A cerimônia fúnebre contou com as presenças de dirigentes de clubes do futebol brasileiro, além de centenas de torcedores.
Nesta quinta, a presidente da Câmara de Representantes dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, comandou manifestação de um minuto de silêncio em homenagem ao deputado. Redecker faria escala em Congonhas rumo a Washington, onde iria se encontrar com parlamentares americanos. Em São Paulo, o deputado se juntaria ao colega Luiz Sérgio (PT-RJ) e ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que também seguiriam em missão oficial.
Deputados farão a tradicional doação para a família: R$ 564.711A família do deputado vai receber, no mês que vem, ajuda financeira de R$ 564.711,08 dos outros deputados federais. De acordo com a Diretoria-Geral da Câmara, quando um deputado federal morre no exercício do mandato, são descontados dois dias de salário de cada um dos 513 deputados, no mês seguinte ao falecimento, e esse dinheiro é repassado à família do parlamentar. Segundo a diretoria, a norma é antiga e surgiu de ato da Mesa Diretora da Câmara.
Como o salário de um deputado hoje é de R$ 16.512,02, cada um dos 513 parlamentares no exercício do mandato vai deixar de receber no mês de agosto R$ 1.100,80, que serão repassados à família de Redecker.
Além da ajuda financeira, que é uma espécie de doação obrigatória de cada parlamentar, os familiares (mulher e filhos) de Redecker vão receber da Câmara uma pensão proporcional aos anos em que ele exerceu o mandato. Júlio Redecker estava no quarto mandato como deputado federal. Ainda não se sabe qual será o valor dessa pensão.
Neste ano, a ajuda financeira dos colegas já foi concedida à família dos deputados Enéas Carneiro (PR-SP) e Gerônimo da Adefal (DEM-AL). Carneiro morreu em maio e Gerônimo, em março deste ano.
Na quarta-feira, diversos parlamentares prestaram homenagens ao deputado tucano. O líder do DEM na Câmara, deputado Onyx Lorenzoni (RS), lamentou o falecimento de Redecker. Onyx destacou a amizade que tinha com o deputado, ambos parlamentares gaúchos.
- Neste momento de dor, temos que ser solidários com todas as famílias que perderam pessoas neste acidente. Redecker era um amigo querido e, sem dúvida, um dos grandes nomes da política gaúcha e que cumpria com muito honestidade e responsabilidade seu papel como parlamentar. Sem dúvida é uma grande perda, para o Rio Grande do Sul e para o Brasil - disse o deputado.
O presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati, expressou pesar em comunicado . Na nota, Tasso diz que Redecker era "combatido e destemido".
Luiz Sérgio (RJ), líder do PT na Câmara e que viajaria com Redecker na noite de terça aos EUA em missão oficial da Casa, lamentou o acidente ocorrido em Congonhas. O parlamentar expressou seus "mais sinceros sentimentos de pesar" e fez uma homenagem a seu colega Redecker, em nota:
"Participei, como líder do PT, de alguns debates com o deputado Júlio Redecker, que exercia a liderança da Minoria na Casa. Obviamente nossos pontos de vista eram, quase sempre, distintos, mas o debate sempre foi leal, cordial e honesto como deve ser para o pleno e correto exercício da democracia. Com a morte prematura de Júlio Redecker, a Câmara perde um parlamentar brilhante e o Brasil, uma liderança emergente e promissora".
O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), autor da proposta de criação da CPI do Apagão, também disse estar muito consternado pela morte de Redecker, seu amigo e companheiro de partido.
"Ele foi um dos parlamentares que, a meu lado, esteve no Aeroporto de Congonhas colhendo assinatura dos cidadãos para abaixo-assinado da sociedade pedindo a instalação da CPI, que enfrentava a resistência dos partidos aliados à situação", afirmou Macris em nota.
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), também lamentou o acidente e homenageou o deputado, dizendo que ele exercia a função com brilhantismo.
Ainda na noite de terça, dia do acidente, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM) e o governador de São Paulo, José Serra lamentaram que o colega de partido estivesse no avião. Virgílio divulgou uma nota em que diz: "Das autoridades, espera a rigorosa apuração das causas. Há meses que o PSDB denuncia os problemas sobejamente conhecidos que afetam o tráfego aéreo e os principais aeroportos do país e reclamando providências das autoridades".
Suplente assume vaga de Redecker na CâmaraCom a morte do deputado, assume a vaga de titular o deputado Cláudio Diaz (PSDB-RS), que estava provisoriamente como parlamentar no lugar de Nelson Proença (PPS-RS), que se afastou para assumir uma secretaria estadual no Rio Grande do Sul. Para a vaga de suplente de Proença, vai o advogado e professor de Direito Matteo Rota Chiarelli (DEM-RS), agora primeiro suplente da coligação formada por PSDB, PPS, DEM e PL (agora PR) nas eleições de 2006
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