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Saturday, April 22, 2006

Livro de Mercadante apresenta Lula como estadista

Livro de Mercadante apresenta Lula como estadista

Lula Marques/Folha Imagem
 

 

O senador petista Aloizio Mercadante (SP) lança nesta segunda-feira o livro "Brasil: Primeiro Tempo". Contém o pecado da adjetivação engajada. Lula, por exemplo, é apresentado como um "estadista", cuja "autoridade e competência" é reconhecida pelo "mundo". "Não há líder no planeta que não queira reunir-se com ele", escreve Mercadante, "para trocar idéias e percepções sobre a construção do futuro".

 

À margem dos vícios de retórica, a maior virtude do livro encontra-se em seus trechos mais enfadonhos. São nacos do texto que compõem um minucioso exame comparativo dos três primeiros anos de Lula com os oito anos de FHC. Mercadante promove em 286 páginas, levadas às prateleiras sob o selo da Editora Planeta, um exaustivo cotejo entre os dois governos.

 

É, nas palavras do autor, "a confrontação de dois modelos". Um, "de inspiração neoliberal", e outro, "progressista". A obra coleciona informações e estatísticas das duas eras. O PSDB decerto terá dados diferentes a exibir. Segundo a lição de Disraeli (1804-1881), resgatada na autobiografia de Mark Twain, "há três espécies de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas".

 

Assim, é razoável supor que, a partir da divulgação da "verdade" de Mercadante, o tucanato também apresente a sua "verdade". Terá de fazê-lo, porém, com números, a exemplo do senador petista. E o (e)leitor escolherá, entre as duas "verdades", aquela que lhe pareça mais plausível. O que há de relevante no livro é que, ao dar contornos numéricos às gestões de Lula e de FHC, o trabalho introduz algo sólido num debate que, até aqui, perde-se em gasosos discursos eleitorais.

 

A julgar pelos números reunidos por Mercadante, um Lula de três anos (2003-2005) vale mais do que um FHC de oito (1995-2002). No levantamento composto pelo senador, a gestão atual prevalece sobre a anterior em todas as áreas, da política externa à econômica, passando pela social. Veja aqui um quadro comparativo, que foi inserido entre as páginas 229 e 233 do livro.

 

Eis alguns exemplos empilhados no texto de Mercadante: Sob Lula, a taxa anual de crescimento das exportações foi de 25,1%, contra 4,2% de FHC. O saldo comercial acumulado em três anos de Lula resultou em superávit de US$ 103,8 bilhões, contra um déficit de US$ 8,7 bilhões anotado nos oito anos de FHC. A taxa de "desemprego aberto", que crescera 35% na gestão FHC, teria diminuído 9,83% sob Lula. Também a taxa média de crescimento do PIB teve desempenho menos constrangedor sob Lula (2,54%) do que sob FHC (2,31%).

 

Antecipando-se ao contra-ataque tucano, Mercadante anota na página 26: "Alguns críticos argumentam que o governo está aproveitando conjuntura internacional favorável. É verdade. Porém, as exportações brasileiras vêm crescendo num ritmo bem superior à média global. Nesses três anos do governo Lula, estima-se que as exportações mundiais tenham crescido cerca de 60%, ao passo que as exportações brasileiras aumentaram 96%".

 

Entre 95 e 96, "auge do Plano Real", anotou Mercadante, com "a economia internacional em expansão e os preços externos mais favoráveis", as exportações brasileiras foram tonificadas em 9,6%, contra um incremento de 26% nas exportações mundiais.

 

Para Mercadante, o governo Lula mudou "a qualidade do nosso desenvolvimento". "Não é tudo o que gostaríamos de ter feito", escreve. "Mas não é pouco." O senador dedica um capítulo à "redução" da inflação, iniciada sob FHC, e ao "controle" do flagelo da escalada de preços, assegurado sob Lula. A análise consta do capítulo número quatro, que você pode ler aqui, enquanto aguarda pelas "verdades" do PSDB.

Escrito por Josias de Souza às 00h06

Sunday, April 16, 2006

Roberto Jefferson: 'Não sou pior do que os caras do PT'

O DIA
Roberto Jefferson: 'Não sou pior do que os caras do PT'

Ex-deputado e ex-presidente do PTB, o político, de 52 anos, diz não ter arrependimento por denunciar esquema de distribuição de mesada encabeçado pelo PT após se sentir prejudicado

Dácio Malta e Fabiana Sobral

Rio - Mesmo longe do Congresso Nacional, o ex-deputado Roberto Jefferson dispara contra seus maiores desafetos: o PT e seus pares. O advogado, que voltou a exercer a profissão após ter o mandato cassado por quebra de decoro, diz que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, "está podre" por ter, segundo ele, atuado como advogado de um crime de violação de sigilo. Apesar da tempestade, não pretende abdicar da política. Quer eleger a filha, a vereadora Cristiane Brasil, deputada federal, e o genro, Marcos Vinícius, deputado estadual. E avisa: em 2014, volta à luta e vai disputar um cargo executivo.

—Hoje o senhor está arrependido?

—De quê?

—De tudo o que aconteceu. Faria alguma coisa diferente?

—Eu não. Fiz o que tinha que ser feito. A luta era essa, e eu enfrentei essa operação que o PT montou contra mim, que o governo montou contra mim. De peito aberto, fui para essa luta. Disse que ia fazer, e avisei ao País que ia fazer, que eu ia enfrentá-lo, e acabou dando nisso aí. Explodiu isso tudo. Eu faria de novo, sem nenhum problema.

—Qual a sua opinião sobre a queda do ex-ministro Antonio Palocci?

—Um episódio muito ruim. O grave foi tentar intimidar o caseiro, antidemocrático, um negócio de uma violência que acabou arrastando o ministro da Justiça. Funcionou como um advogado para aconselhar o Palocci. Está igual a técnico de futebol. "Estou prestigiado pelo presidente" (repetiu a frase de Bastos da semana passada). Está podre.

O ministro da Justiça está podre, apodreceu. Ele não foi ministro da Justiça. Atuou como advogado de um crime de violação de privacidade, de sigilo de uma pessoa humilde. A máquina do estado foi usada, a Polícia Federal, a Caixa Econômica, para oprimir um caseiro. Se é no Fernando Henrique Cardoso (governo), eu nem imagino o que o PT ia fazer. Se é com o Collor (Fernando)... Se o Collor faz isso com aquele Eriberto (Eriberto França, o motorista que denunciou o ex-presidente), imagina, estava linchado em praça pública.

—O que o senhor acha de a Justiça ter autorizado a investigação sobre o caseiro Francenildo Costa?

—Se tem notícia, que investigue. Que faça uma investigação judicial. Mas do jeito que foi feito, uma coisa de truculência, prepotência...

—Isso chega até o presidente Lula?

—Acho que isso está tão perto do Lula... Mas não sou a favor do impeachment, não. Ele vai querer sair de vítima. Deixa vir a eleição. Senão, vai dar uma de Hugo Chávez (presidente da Venezuela). Vai dividir o Brasil em dois. Ele é o pobre que vai ser perseguido pelas elites.

—Quem é seu candidato à Presidência?

—Vai ser contra o Lula. Quem tiver condição de derrotar o Lula, terá o meu apoio. Não fico com o Lula de jeito nenhum.

—O senhor acha que prestou um serviço à Nação denunciando o mensalão?

—Não vou dizer que fiz isso. Não foi por isso que fiz. Só não sou pior do que os caras do PT. Não sou herói, nem vilão, mas não podia ficar no meu colo um crime que não pratiquei. Sabia que ia ser cassado na hora que rompi com a instituição. Mas não me preocupei com isso. Mais importante que o mandato é a honra pessoal. Eu disse que ia sair de cabeça erguida, pela porta da frente. Caixa 2 todo mundo sempre fez, mas mensalão eu nunca recebi. Não aluguei minha bancada. Financiamento de campanha por fora (caixa 2), sempre foi assim no Brasil.

—Isso vai mudar agora?

—Não vai, não. A legislação não mudou.

—Nada vai mudar?

—Vai. A vigilância do povo é que vai mudar. Quem abusar com despesas eleitorais, com uma campanha muito rica, o povo vai perceber.

—O senhor tem munição para combater ataques?

—Não. Eu vou enfrentar mesmo. Que moral tem petista para me acusar? Que moral tem essa gente? O mais corrupto governo que testemunhei ao longo da minha carreira política é o governo do PT. O PC Farias virou ladrão de galinha perto dessa turma. O símbolo do Lula é macaquinho de souvenir: "não falo, não vejo e não ouço." Esses caras vão falar o quê? Apodreceu. O governo está podre.

—Certa vez, o senhor disse que havia recebido R$ 4 milhões, que havia posto no cofre do PTB, que devolveria esse dinheiro ao PT. Nada aconteceu. Os R$ 4 milhões existem ainda? Foram gastos?

—Se recebi, dei aplicação política a ele. Se recebi. É só essa a resposta. Se recebi, o dinheiro teve uma aplicação política de financiamento de candidatura.

—O senhor teria como apresentar os gastos?

—Claro que não. Se repassei, não vou comprometer ninguém. Meu nome é Roberto Jefferson, não é Genoino. Não colocaria isso nas costas de companheiros meus.

—Recentemente, seu nome acabou citado no escândalo de fraudes na Delegacia Regional do Trabalho.

—Eu não fui envolvido, não. O Henrique Pinho, ex-delegado regional, era pessoa do PTB, sim. Mas embaixo, a estrutura toda é do PT. Era uma luta interna do PT. A chefia da fiscalização e a chefia da Segurança e Medicina do Trabalho são pessoas do PT. E a luta, que está monstruosa na DRT, são grupos da ex-ministra Benedita da Silva e do ex-ministro Jaques Wagner. Eles brigam de se matar por dinheiro.

É uma luta interna do PT. A delegada atual (Lívia Arueira) não fiscaliza as terceirizadas. Isso é do velho acordo do Jaques Wagner. O grande poder aqui no Rio está nas terceirizadas da Petrobras e de Furnas. E esses interesses estão nessas terceirizadas. Ela (a delegada regional) fica prendendo fiscal que fez um favor a uma empresa de ônibus, a um supermercado. Está pegando o varejo, mas embaixo dela, o principal, que é o atacado, as terceirizadas, ela não mexe. E essa é a disputa que se trava, do PT. Quiseram fazer uma bomba de fumaça e jogar no meu colo, mas não cola.

—Mas o PTB teve cargos no governo...

—Todos os cargos que o PTB possuía no governo foram devolvidos. À exceção de um vice-presidente da Caixa, colocado lá pelo Walfrido (Walfrido dos Mares Guia, ministro do Turismo).

—Existe alguma vantagem de obter cargos de segundo escalão?

—Todo mundo, todo partido, quando indica presidente de estatal, é para fazer caixa. Porque a partir do presidente, do diretor, você estabelece uma rede de relação das empresas que gravitam em torno dessa diretoria ou dessa presidência. E eles fazem caixa para o partido, é assim. Sempre funcionou assim. O PT que quis mudar a lógica, quis monopolizar isso. Dava a cabeça... Por exemplo, o presidente da Eletronorte era do PTB, mas, embaixo, toda a estrutura era petista. Então você não conseguia fazer arrecadação para o PTB. O PT quis fazer caixa único para esses repasses do tipo mensalão.

—E durante o tempo que o PTB teve os cargos na mão, ajudou?

—A minha luta foi essa. Os nossos eram apenas as rainhas da Inglaterra. Eu não aceitei fazer esse jogo de receber repasse. Eu dizia para o Genoino, para o Zé Dirceu: quem faz caixa no partido sou eu. Tem uma linha amarela no chão que eu sei como caminho. Não aceito mesada de vocês.

A mesada desmoraliza e escraviza. Eu faço o caixa do partido. Senão, ficaria na mão deles tendo que fazer aquele papelão que fizeram o PP, o PL, o PCdoB. Quem deveria fazer o caixa era eu, através das pessoas que indicava para as empresas, mas não consegui. O PT centralizava. Teve um sistema único de arrecadação de caixa 2. Daí, o megaescândalo com o Marcos Valério.

—O senhor tem medo do José Dirceu?

—O medo que tenho do Zé não é medo dele, em relação a ele. É do que eu pudesse fazer com ele. Ele é muito mentiroso. Meu ímpeto era bater nele, pegar na mão. Graças a Deus, passou.


Thursday, April 13, 2006

Sobre percepções de corrupção

Sobre percepções de corrupção

Eduardo Graeff (13/04/06 08:07)

Permitida a reprodução citando a fonte
http://www.e-agora.org.br

A Folha publica hoje na seção de cartas esta mensagem minha:
"Clóvis Rossi poderia ser mais rigoroso ao afirmar, em sua coluna de
terça, que 'em 1998, a percepção de corrupção no governo FHC era bem
similar [à do governo Lula hoje]'. Admito que algo assim possa
aparecer em levantamentos com perguntas do tipo 'existe corrupção no
governo?' O próprio Rossi já se penitenciou, em alguma medida, pela
contribuição que possa ter dado para esse equívoco, quando engrossou
por um tempo, com grande parte da imprensa, a campanha difamatória
contra Eduardo Jorge, por exemplo. O que os detratores, hoje com todos
os instrumentos do governo, foram capazes de provar contra FHC? Que
denúncias ao menos formalizaram? Eu agradeceria se Rossi consentisse
em responder a uma pesquisa qualitativa: a percepção pessoal dele de
corrupção nos dois governos também é similar?"

Eduardo Graeff, secretário-geral da Presidência da República no
governo Fernando Henrique Cardoso (São Paulo, SP)
Dá para entender, mas não para justificar, que Lula e o PT queiram dar
a questão ética por superada puxando a tudo e a todos para o brejo em
que atolaram. Por isso mesmo, a imprensa, sobretudo jornalistas
qualificados como Clóvis Rossi, deveria ser mais rigorosa do que nunca
nesta hora para mostrar as diferenças e não engrossar o nevoeiro do
cinismo geral. Mas é mais difícil e arriscado ser independente para
julgar do que para não julgar...
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Comentários

Hoja ele (clóvis Rossi) escreveu:

"Caíram definitivamente todas as máscaras. Resta ao PT trocar o 13,
seu número original, pelo 288, o artigo do Código Penal que tipifica
"formação de quadrilha"."

Ele mesmo deu sua contribuição na construção do monstro. Só se
assustou com a criatura porque, como jornalista, pode ser engolido.

Enviado por josé em 13/04/06 10:06

Sr. Graeff, se para cada artigo do Rossi fosse escrita uma carta ou
e-mail, cobrando-lhe coerência e correção, faltaria espaço ou memória
para se manter tudo arquivado.
Discordo quanto a classificá-lo como qualificado.
Seu estilo "uma no cravo e outra na ferradura" visa apenas disfarçar
sua tendenciosidade petista.
Já faz mais de um ano que ele vem, lenta e gradualmente, pulando fora
do barco petista, que prestimosamente ajudou a eleger.
Mas o faz sempre da mesma forma, reclama (desiludido) do PT , mas
sempre lança alguma ressalva contra FHC, com o que contribui para a
"tese" lulista do "somos todos iguais"

Enviado por Flávio em 13/04/06 10:11

Sr. Graeff, esse Rosso pode até ocupar uma coluna de destaque (mesmo
sem chegar aos pés do finado Claudio Abramo), mas é tudo menos
qualificado. Não queira perder seu tempo em debater com um petralhete
pouco enrustido que ninguém mais leva a sério.

Enviado por Troço em 13/04/06 10:37

A tática petista de igualar a todos na lama moral é a parte mais bem
definida das artimanhas para livrar Lula de problemas maiores. Começou
na propina de Waldomiro Diniz, seguiu na crise do mensalão e perdura
até o momento de modo articulado. Assumir e tentar generalizar o uso
do caixa 2, acusar falhas em nossa legislação eleitoral e aquela velha
conversa de herança maldita não bastam para o PT se safar.
É preciso mais. Daí essa nova tática. É uma criação de grupo. Não saiu
só da cabeça do Lula, evidentemente. É simples: ataca-se as famílias
de adversários (e não estou aqui discutindo a culpa de Alckmin neste
caso) e depois surge o próprio Lula como uma ser magnânimo para dar a
mão ao adversário.

Se isso der certo o PT estará não mais como parte de uma organização
criminosa Será uma vítima das imperfeições do sistema. Desse modo,
além de ser "anistiado", o partido pode até levar uma grana como
indenização.

Enviado por José Pires em 13/04/06 11:30

A tática é bem elaborada segue passos muito bem definidos. Um na
frente do outro, bem colocados, cada um em seu lugar em uma cronologia
exata.

Primeiro atacaram a família de Alckmin. Agora o passo seguinte: hoje
Lula disse que "deseja ver o partido longe do que chama de baixaria
eleitoral". Está no blog do Josias de Souza e vai ser o assunto daqui
em diante. Família, para Lula, "não é assunto de campanha".

Parece chantagem e é exatamente isso: não fale dos meus que pouparei
os seus. Desse modo os negócios de Lulinha – o menino-prodígio da
família Lula – com a Telemar ficam de fora do debate político.
Esquece-se os negócios estranhos, que já renderam ao filho do
presidente R$ 10 milhões. E já para debaixo do tapete as dívidas da
filha Lurian, pagas pelo Okamotto. Aliás, deixa-se para lá todos os
problemas familiares de Lula, que não são poucos. Tem as jóias da
patroa. E até compadre no meio.

Enviado por José Pires em 13/04/06 11:32

A cronologia segue perfeita. Primeiro bateram. Agora Lula surge,
magnânimo, ético e generoso – "poupem a família de Alckmin,
companheirada..." Já vejo a notícia nos jornais televisivos comovendo
os brasileiros menos esclarecidos. Esse Lula é bom, respeita a
família.

É mais um desserviço de Lula à cidadania. A idéia é ignorar um dos
maiores males brasileiros: o uso do bem público em favorecimento de
familiares. Mas Lula lá tem algum escrúpulo?

O PSDB faria bem se os seus líderes viessem a público exigir o
esclarecimento de tudo, com família ou sem família no meio. Mas sabem
o que é pior? É capaz dos tucanos aceitarem o acordo.

Enviado por José Pires em 13/04/06 11:35

José Pires,

o Reinaldo escreveu sobre isto. Está lá no site do Primeira Leitura. O
que ele propõe? Convoque-se o filho de um e o filho do outro. Ponto.

Enviado por Vinci em 13/04/06 12:30

Graeff, sugiro que você volte suas baterias para Elio Gaspari. Eita
Petralhóide chato!!!

Enviado por Picolé de Jurubeba em 13/04/06 16:47

Tuesday, April 11, 2006

Lula se reuniu com Palocci e Bastos após acerto de defesa

folha
Lula se reuniu com Palocci e Bastos após acerto de defesa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No mesmo dia em que se reuniram na casa do então ministro Antonio Palocci para definir estratégias de sua defesa, o ministro Márcio Thomaz Bastos e o próprio Palocci estiveram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva até as 22h. Já outros participantes da reunião na casa de Palocci, o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso e o advogado Arnaldo Malheiros, seguiram para um encontro com a cúpula da estatal num apartamento da Asa Sul, em Brasília.
Antes de partir para destinos diferentes, Palocci, Thomaz Bastos, Mattoso e Malheiros trataram, no dia 23 de março, da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, conforme revelou a revista "Veja".
Na versão de Malheiros, houve uma discussão genérica sobre o que seria o crime de violação de sigilo. De acordo com ele, não entraram em detalhes, como uma eventual confissão de Palocci de que seria o mandante da violação. Na versão do ministro da Justiça, ele apenas apresentou o advogado criminalista ao então ministro da Fazenda.
No entanto, essas versões se chocam com os bastidores apurados pela Folha a respeito da reunião da noite entre Lula, Thomaz Bastos e Palocci. A partir daquela data, Lula passou a estudar nomes para substituir Palocci e sondou o então presidente do BNDES, Guido Mantega, que assumiria a Fazenda na semana seguinte.
Mais: na noite daquele dia, Thomaz Bastos disse a Lula, na frente de Palocci, que achava que o ministro da Fazenda deveria deixar o governo. Ou seja, há indícios de que o ministro da Justiça tinha mais informações do que apenas as obtidas numa discussão genérica sobre o crime de violação de sigilo, como relata Malheiros.
Na reunião com Lula e Thomaz Bastos, Palocci ficou contrariado, mas reconheceu que perdera "as condições políticas" de permanecer na Fazenda. No entanto, de acordo com a versão de membros da cúpula do governo, ele continuou a negar até o dia de sua demissão, 27 de março, segunda-feira, a autoria da violação e do vazamento do sigilo.

Ordem para Mattoso
A Folha apurou que Palocci deu a ordem para Mattoso violar o sigilo. O então presidente da Caixa entregou o extrato a Palocci no dia 16 de março e esteve na casa do então ministro com Malheiros e Thomaz Bastos no dia 23, uma semana depois.
Ao sair da casa de Palocci, Malheiros e Mattoso seguiram juntos, segundo a Folha apurou, para um apartamento na Asa Sul, em Brasília. Lá, se reuniram com a a vice-presidente de Tecnologia da CEF, Clarice Copetti, o consultor da presidência Ricardo Schumann e o chefe-de-gabinete de Mattoso, Philippe Torelly.
Na versão contada ontem à Folha, o objetivo desse encontro foi reconstituir o processo de extração de dados da conta do caseiro Francenildo Costa na Caixa. Não há relato sobre eventual oferta de dinheiro para que um funcionário da estatal assumisse a responsabilidade pela violação. Reportagem da revista "Veja" diz que essa hipótese foi discutida nessa data e que a oferta seria de R$ 1 milhão. Os supostos envolvidos negam.
A tentativa de suborno realmente aconteceu, segundo disseram à Folha dois funcionários que participaram do acesso aos dados bancários do caseiro. Mas, oficialmente, os funcionários negam que tenham recebido tal proposta.

Detalhes
Conforme a Folha apurou, na reunião na casa de Palocci, ele próprio e Thomaz Bastos estavam preocupados em saber detalhes de toda a operação. Mattoso disse que ele mesmo não dispunha de detalhes, mas iria levantá-los com sua equipe. A violação dos dados ocorrera havia uma semana.
Depois, Mattoso e Malheiros ouviram a descrição de Clarice Coppeti. Ela teria deixado claro que todos os procedimentos estavam registrados pelos equipamentos da Caixa e seriam "facilmente reconstituíveis". Frisou, inclusive, que, àquela altura, a comissão de sindicância da própria instituição já tinha condições de reconstituir toda a operação, passo a passo.
O primeiro a sair foi Malheiros, cerca de 40 minutos depois. Mattoso ainda continuou no apartamento, com os assessores.
Dois dias antes dessa reunião no apartamento da Asa Sul, Copetti recebeu, ao lado de Mattoso, uma comissão de senadores da CPI dos Bingos. Na ocasião, expôs dificuldades para rastrear o acesso aos dados bancários do caseiro.
Uma sindicância fora aberta na Caixa para apurar eventuais responsabilidades. Depois de tentar evitar seu depoimento à Polícia Federal, Mattoso assumiu a responsabilidade pela violação dos dados bancários do caseiro -que prefere classificar de cumprimento de uma rotina burocrática- na segunda-feira, 27 de março, data de sua demissão.
Ontem, os supostos participantes da reunião negaram a presença no encontro ou se recusaram a falar sobre ele. Philippe Torelly afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que não tomou conhecimento da reunião. Clarice Copetti também nega. Ricardo Schumann, que reassumiu ontem o cargo no comando da estatal depois de um período de licença, não respondeu à Folha.

Lula segura ministro
Em reunião ontem da Coordenação de Governo, grupo que reúne os ministros que discutem com o presidente as diretrizes da gestão petista, Lula pediu a eles apoio irrestrito a Thomaz Bastos ao debater a revelação da revista "Veja" desta semana de que o ministro da Justiça foi à casa de Palocci com Malheiros.
Foi decidido que o ministro da Justiça se colocaria à disposição para ir ao Congresso o mais rápido possível. Lula acha que Thomaz Bastos agiu corretamente entre "a solidariedade a Palocci e a firmeza para apurar a violação", segundo expressão ouvida pela Folha ontem no Planalto.
Além da avaliação da situação de Thomaz Bastos, Lula e auxiliares ouviram uma exposição do ministro da Fazenda, Guido Mantega. O novo titular da Fazenda disse que, no auge da campanha eleitoral, a economia estará crescendo a uma taxa de 4% ao ano.
(KENNEDY ALENCAR, ELIANE CANTANHÊDE e MARTA SALOMON)

Saturday, April 08, 2006

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