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Saturday, July 22, 2006

Eduardo Jorge foi esmagado por procuradores e jornalistas irresponsáveis. Leia abaixo. PRIMEIRA LEITURA

Em sua edição de setembro de 2002, Primeira Leitura publicou reportagem na qual mostra como o ex-secretário de FHC Eduardo Jorge foi esmagado por procuradores e jornalistas irresponsáveis. Leia abaixo.

    BRASIL ESPECIAL     
 

PRIMEIRA LEITURA — 07


  ILUSTRAÇÃO SOBRE FOTO: JOEDSON ALVES/AE
UMA FARSA EM PRETO-E-BRANCO: Eduardo J. tenta se livrar das malhas do surrealismo
Eduardo J.
ou O Processo

Ele foi esmagado por procuradores e jornalistas irresponsáveis. Nem acusação formal há contra ele. Estrela quando crucificado sem provas, foi esquecido quando sobram evidências de sua inocência. Por Rui Nogueira

Eduardo Jorge Caldas Pereira experimentou e experimenta ainda as agruras de Joseph K., personagem central de O Processo, de Franz Kafka, aquele homem acusado de alguma coisa que ninguém sabe o que é. A diferença está numa certa passividade a distinguir aquela vítima desta. Eduardo J. quer que reconheçam a sua inocência, já que também não consegue saber qual é a acusação. Joseph K. é quase um clichê a servir como emblema de situações absurdas. Acompanhe, leitor, a história. A recorrência é inescapável. No auge do ataque de denuncismo, em julho de 2000, Eduardo J. trancou-se no seu apartamento, no Rio; jamais acendia a luz nos cômodos para não revelar a presença aos jornalistas.

A atenção dos irmãos e de dois assessores de FHC — Eduardo Graef e Andrea Matarazo —, com quem mantinha contatos esporádicos, tirou-o do estado catatônico. Lá fora, a imprensa perseguia pelas ruas da cidade a mulher e o filho mais novo, que acabou perdendo o ano letivo.

Quando o Senado marcou a data do depoimento para 3 de agosto daquele ano, Eduardo J. viajou de carro do Rio para Brasília para não ter de encarar os passageiros no saguão do aeroporto e fugir de olhares curiosos e inquisitoriais no avião. Rodados mais de 700 quilômetros, o motorista parou para o almoço em Três Marias, cidade mineira a poucos quilômetros da divisa com Goiás. Alertado pelo pressentimento de que podia passar por dissabores até em um restaurante de beira de estrada, ficou no carro, enquanto o motorista almoçava. Estava certo.

Ao voltar, o motorista narrou-lhe os comentários de um animado grupo de viajantes que, na mesa ao lado, se regozijavam pelo fato de terem pegado "aquele EJ". O debate dos comensais fora provocado pelo noticiário exibido na TV do restaurante, e o adjetivo menos pesado — e publicável — que o motorista ouvira foi "ladrão". Apesar de ter perdido 12 quilos em 20 dias, o biótipo do ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo J. Caldas Pereira, 60, facilita o reconhecimento e dificilmente escaparia da fúria popular que mordera o Brasil inteiro.

Eduardo J. havia deixado o governo em abril de 1998, participara da campanha da reeleição de FHC e não voltara ao Planalto. Menos de um ano depois de ter saído da vida pública, os holofotes se acenderiam sobre os seus negócios privados. A faísca foi a CPI do Judiciário e uma enxurrada de cartas anônimas.

FALSA INDULGÊNCIA. Dois anos depois de não deixar pergunta sem resposta e sobreviver a duas sabatinas de 14 horas no Congresso — completados no início do mês passado — e de ter aberto três processos contra veículos de imprensa e jornalistas, Eduardo J. perdeu a esperança de obter um mea-culpa espontâneo da mídia. Prepara agora uma ação de reparação de danos morais contra a União. Ainda que vagarosa por tradição, a justiça deve chegar a tempo de fazer um reparo financeiro proporcional aos erros que equipes do Ministério Público Federal, no DF e em SP, cometeram. O contribuinte, por meio da União, pagará a conta.

Os processos contra a imprensa têm uma única motivação: obrigá-la a se retratar e a indenizá-lo por terem jornalistas, revistas e jornais passado da suspeição à acusação sem uma mísera prova. Nem sequer um indício. O Ministério Público justifica-se com uma frase costumeira do procurador Guilherme Schelb: "É impossível arquivar, é uma temeridade denunciar [Eduardo J. ao Judiciário]".

Eduardo J. reconhece e dá crédito às vozes isoladas da imprensa que admitiram o erro de condená-lo sem indícios, mas tornou-se um cidadão obcecado pelo direito de não ser tratado como anistiado. Não quer a falsa indulgência, artifício com que a imprensa vem tentando desembarcar do caso, a cínica constatação de que "nada foi encontrado" contra o ex-secretário-geral. No segundo depoimento ao Senado, no ano passado, ele encerrou sua fala revelando o temor de que o pior — o silêncio da imprensa — ainda poderia estar a caminho. Agora, desafia: "Revisitem o caso, rememorem o que disseram contra mim e desmintam tudo de forma clara e inequívoca".

ADVERTÊNCIA: em e-mail, ao menos um procurador alertou para a mistificação

AÇÕES CAUTELARES. Em duas manhãs de conversa com Primeira Leitura (o que resultou em quatro horas de depoimento gravado e em dezenas de documentos checados), Eduardo J. rejeitou o que jornais e jornalistas lhe oferecem hoje: "Não se trata de arquivamento por falta de provas, pois isso se traduz para a opinião pública na idéia de que houve impunidade, de que o roubo foi bem-feito. Jornalistas e procuradores cristalizaram uma imagem de um Eduardo Jorge sem caráter nem ética. A anistia que se concede a culpados é um perdão".

Eduardo J. quer apenas o justo. É o que esta revista faz ao revirar o caso, ouvir jornalistas, juízes (que pediram para não ser identificados) e familiares e chegar a meia dúzia de constatações elementares e irrefutáveis: 1) até hoje não existe um só processo contra o ex-secretário, nem ao menos uma acusação explicitada; 2) não existe um só indício revelado por todas as investigações abertas; 3) ele nunca foi chamado a depor pelo procurador Luiz Franscisco; 4) depois de duas devassas da Receita, não existe multa alguma por sonegação; nem um só centavo do patrimônio está sem origem clara, transparente e legítima; 5) nem um centavo do caso do Fórum do TRT-SP foi depositado ou transitou por suas contas bancárias; 6) nenhum procurador conseguiu indício suficiente para que o Judiciário concedesse, em nenhum dos casos que constituíram o "caso EJ", quebra de sigilo de suas contas bancárias; 7) por último, mas não menos importante, não existe nada que não permita chamar Eduardo J. de cidadão inocente.

"A manutenção de suspeitas infundadas, hoje, dói tanto quanto as calúnias anteriores", diz. Ele jamais foi denunciado. O que a imprensa chamou o tempo todo de processos são, na verdade, "ações cautelares para a obtenção de elementos para uma investigação que deveria verificar a existência de um crime que nem sequer está definido", ensina um juiz e confirma um procurador. Uma das irmãs de Eduardo J., Maria Delith, executiva do Sebrae, não tem dúvida de que a reparação só se dará por via judicial. "O meu irmão gasta tempo, energia, determinação e competência por algo que é muito improvável. Era o mínimo que a imprensa deveria fazer [reconhecer a inocência], mas não acredito."

O tempo gasto a que se refere Delith é o hábito cotidiano de Eduardo J. de responder, questionar, provocar e sensibilizar os principais jornalistas do país com telefonemas e e-mails que variam entre mensagens de poucas linhas e quilométricos e fundamentados desabafos, além de reptos à imprensa, ora rejeitados, ora ignorados. Desde que saiu das cordas, com o depoimento dado ao Senado naquele 3 de agosto de 2000, ele não deixa reportagem sem resposta e aproveita toda matéria que guarde paralelismo com seu caso — como a investigação do Ministério Público na prefeitura petista de Santo André (SP) — para chamar a atenção dos jornalistas para os critérios de trabalho, a forma como as notícias são construídas.

A TABELA. Desprovida de competência e de capacidade para interferir na batalha judicial que Eduardo J. começou a travar, à Primeira Leitura interessa revelar que parte coube aos jornalistas nesse latifúndio da desonra profissional. O caso pode ser considerado o resultado mais escancarado do parâmetro que transformou a indústria do furo em excelência investigativa e informativa. Nunca o conceito do que seja notícia foi traduzido de modo tão espúrio pela prática da não-apuração das informações (!) publicadas. Na história recente do jornalismo, nunca se enganou tanto leitor em tão pouco tempo e em tanto espaço.

Avalizando boatos e suspeitas sem um mínimo de apuração, os procuradores foram os autores intelectuais da maioria absoluta das reportagens — só não se ocuparam da redação, o que ficou a cargo de jornalistas transformados em digitadores. Por pelo menos seis meses, sucursais de jornais, revistas e emissoras em Brasília, além de redações de jornais locais, não foram mais do que porta-vozes de um grupo do Ministério Público Federal.

A prova mais contundente dessa engambelação é a tabela que o autor desta reportagem viu nas mãos de um jornalista, um "setorista" de Luiz Francisco — aquele repórter que todos os jornais destacaram, no auge do caso Eduardo J., para cobrir o assunto. Por ordem do comando das redações, a cobertura previamente planejada previa que os "setoristas" grudariam nos procuradores para estar sempre a par das suspeitas que chegavam ao Ministério Público. A curiosa tabela, xerocada em uma folha A3, dividia-se em quatro colunas.

A primeira dava título aos casos em que se subdividia o caso Eduardo J., tudo em que supostamente o ex-secretário estaria envolvido; a segunda coluna trazia uma sumaríssima descrição do tal caso, não mais de uma ou duas linhas impressas; a terceira tinha o nome do veículo de comunicação ao qual a Procuradoria entregara o caso — para ajudar (!) na investigação; a quarta estava reservada ao detalhamento do que os jornalistas haviam conseguido investigar, pois, supõe até hoje Luiz Francisco, o caso Eduardo J., assim como outros, só iria adiante graças a "bravos jornalistas que passam noites acordados procurando falcatruas".

PALAVRAS INFELIZES. Em um e-mail de circulação interna, na Procuradoria, provocado por um debate sobre a ação desmedida de certos procuradores e pelo vazamento de informações para a imprensa sem qualquer investigação, Luiz Francisco disse mais: que sempre ficará honrado "por ter estes jornalistas engajados [no sentido de Sartre] como bons amigos e informantes". A razão para tamanha "simbiose entre imprensa e Ministério Público" é que o procurador tem os jornalistas, como definiu no tal e-mail, como "peritos em informações e análises". Apesar dessa perícia, a quarta coluna da tabela do procurador está vazia até hoje.

O Ministério Público Federal não só não obteve indícios contra Eduardo J. como não arrumou tempo, transcorridos quase três anos de investigações, para chamá-lo a depor. A falta de investigações na quarta coluna da burlesca tabela não impediu que jornalistas montassem reportagens de página inteira com as suspeitas descritas na minúscula sinopse da segunda coluna.

Luiz Francisco enquadra-se no grupo de servidores que "tentam fazer alguma coisa". O procurador Cláudio Fontelles, em outro e-mail de circulação interna a que Primeira Leitura teve acesso, rebateu: "São palavras infelizes (...) Nossa missão institucional está muito claramente disposta na Constituição federal, e temos de exercitá-la todos os dias: preservar a dignidade da pessoa humana, preservando o Estado Democrático de Direito e seus postulados". Fontelles acrescentou: "Não temos que produzir — fazer acontecer (?) — fatos jornalísticos que se perdem na rama, porque sempre perfunctórios e trazidos com alta dose de sensacionalismo novelesco, tão peculiar às intrigas de folhetins".

Foi assim que nasceram delirantes reportagens sobre o "caso Boca Raton", o "caso do apartamento no Rio", o "caso Banco do Brasil", o "caso Encol", o "caso Montreal/ Denatran", o "caso Chapecó", para citar apenas os mais esdrúxulos, em que jornais e jornalistas, procuradores e políticos de oposição tinham a convicção de que Eduardo J. era um PC Farias, e o fim do governo FHC seria questão de tempo.

A concorrência predatória entre os grandes jornais, tudo por uma nova suspeita que envolvesse Eduardo J.-FHC, fez o comando da redação de um grande jornal se reunir para detalhar o espírito investigativo que deveria orientar os repórteres: levar a apuração para dentro do Planalto, "pois desta vez nós pegamos o FHC". O presidente teria escapado nos casos da compra de votos da reeleição, dos grampos do BNDES etc., mas "desta vez"...

No caso Eduardo J., faltou substância, mas sobraram adjetivos: "farsante", "corvo", "aspone", "mosca varejeira", "traidor", "refém do Luiz Estevão", "parceiro da trinca com o juiz Nicolau e Estevão". A família foi chamada de "família estatal", e Eduardo J. chegou até a ser envolvido no suicídio de uma secretária e foi acusado de ter ingressado nos quadros do Senado, em 1964, por meio de um concurso fraudado. O vale-tudo havia se instalado nas redações, desenterrava-se de tudo, prevalecia o jornalismo ventania, que sopra para um lado só. Apurar o que os procuradores vazavam era tarefa fora de propósito — quem investisse nessa checagem perderia tempo e, se levasse furo do concorrente que publicou sem apurar nada, ficaria em maus lençóis.

FHC: O ALVO. Em conversa com um jornalista, Eduardo J. ouviu um argumento cândido para essa ferocidade desenfreada: "A República inteira achava isso [que ele era culpado]". Ao que lhe restou responder: "A República inteira achou que os donos da Escola Base eram pedófilos, e não era verdade. A República só acha isso porque a imprensa publicou". A irmã, Delith, resume tudo em uma imagem culinária: "A imprensa bateu as claras que fizeram o bolo crescer". Um dos filhos, Leonardo Pereira, doutor em história e professor de teoria literária na Unicamp, dá uma boa definição do momento: "O mercado de furos estabeleceu um completo descompromisso dos jornalistas com a verdade".


  JOEDSON ALVES/AE  
DE VOLTA À VIDA: mesmo sem saber a acusação, ele quer que lhe reconheçam a inocência

Eduardo J. lembra que, depois da primeira reportagem da revista Veja, em junho de 1999, sobre os telefonemas entre o ex-secretário da Presidência e o juiz Nicolau dos Santos Neto, do caso TRT-SP, botou debaixo do braço um dossiê que explicava as ligações e o relacionamento do Planalto com o juiz e percorreu todas as redações de São Paulo e Brasília. De todos os encontros, ficou-lhe na memória o que a experiência "do velho Frias" — Otavio Frias de Oliveira, publisher e proprietário da Folha de S.Paulo, lhe disse: "Eduardo, todo mundo conhece você, sabe como você trabalha, não dê bola que isso não vai progredir". Em 2000, outra irmã de Eduardo J. alertou o PT, em mais especificamente Marco Aurélio Garcia — na época, secretário de relações internacionais do partido — sobre a injustiça que estava sendo cometida. A resposta foi que eles deveriam se despreocupar, pois "o alvo era FHC".

A competição na mídia chegou a tanto que mais de um jornal tentou fechar um acordo com o procurador Luiz Francisco para ter acesso em primeira mão a tudo quanto ele conseguisse reunir de suspeito contra o Planalto. Revelou-se uma aliança do roto com o esfarrapado, mas foi esse ambiente que levou o maior jornal da capital do país, o Correio Braziliense, a produzir a mais desvairada reportagem sobre o caso Eduardo J. e a ter de fazer um contundente pedido de desculpas aos leitores.

Esse caso começou com uma manchete servida ao público do Correio no dia em que Eduardo J. deporia na subcomissão do Senado, em agosto de 2000. A reportagem era a pá de cal na possibilidade de o ex-assessor de FHC sobreviver ao questionamento dos senadores e rasgou de fora a fora, na primeira página, o título: O Grande Negócio. A manchete do dia seguinte, garrafal como a do dia anterior, era: O Correio Errou.

O grande negócio foi descrito, segundo o autor da reportagem, com base em uma informação que lhe fora "soprada" por um telefonema. Eduardo J. estaria por trás de um megacontrato de R$ 120 milhões assinado pela empresa DBO, de Curitiba, com o Banco do Brasil. Um contrato para a criação de um novo sistema de transmissão de dados, que podia chegar a negócios de R$ 3 bilhões e era executado por uma tal de DTC, de propriedade do empresário Mário Petrelli e da qual Eduardo J. fora sócio. "Redigi a matéria sem ouvir Mário Petrelli nem ninguém ligado a ele. Não ouvi os donos da empresa DBO", confessou o repórter. A redação descobriria, depois, que o contrato da DBO com o banco não existia, a DTC não tinha relação com a DBO e, pior, a DBO que existia chamava-se BDO, mas ficava em São Paulo, não no Paraná.

O azar do Correio é que um jovem repórter da área de cultura, quase estreante na editoria de política, farejara a impunidade que reinava nas redações e dera "tratamento jornalístico" a uma carta anônima que chegara a todas as redações e sucursais de Brasília. Todos os erros da reportagem eram erros da carta anônima. A ombudsman da Folha de S. Paulo saudou o Correio por ter reparado o erro e lamentou que o monumental tropeço tivesse acontecido com um jornal que, "no momento, além da Folha, [era] dos poucos a demonstrar empenho em apurar o caso Eduardo Jorge". A verdade é outra: ninguém apurou nada do caso Eduardo J. porque a competição predatória estabelecida permitia que apenas se desse corpo, tinta e papel às suspeitas de Luiz Francisco.

FONTE MENTIROSA. A isenção sumiu das redações, e o espírito de revanche passou a pautar algumas reportagens. O exemplo mais risível, mas de conseqüências avassaladoras, começou com uma reportagem sobre o lendário disquete de Eduardo J. com cargos e favores devidos pelos parlamentares ao Planalto. A fonte da reportagem, publicada em O Globo, o professor universitário Carlos Pereira, enganara meio mundo ao mentir, na tese sobre a suposta dominação do Congresso pelo Planalto por meio de mecanismos de cooptação, que o ex-ministro Eduardo J. lhe fornecera dados relacionados às negociações do Executivo com os parlamentares.

Pereira enganara o próprio O Globo e teve de se retratar. Enviou e-mail à redação afirmando: "Com referência à matéria publicada no jornal O Globo, no dia 30 de abril de 2000, gostaria de deixar claro que o ex-ministro Eduardo Jorge Caldas Pereira não me forneceu dados relacionados às negociações do Executivo com os parlamentares. Atenciosamente, Carlos Pereira". Para o sociólogo Fernando Jorge, irmão do ex-secretário, o caso Eduardo J. "revela o estado de instituições como o Ministério Público e a imprensa. Experiências desse tipo só podem ser superadas se conseguirmos transformá-las em algo construtivo", diz, ao passar em revista a vida recente de uma família que mora há três gerações em Brasília e que pode juntar até cerca de 60 pessoas nos fins de semana. Uma ala apóia FHC, outra é petista de carteirinha. Os tios estão mais para o PSDB; os sobrinhos, para o PT.

Não descrêem de nada, mas, entre eles, independentemente do matiz político, há hoje esta certeza: "O Ministério Público mostrou-se o reino da impunidade por estar sem controle, aberto à hiperpolitização e com mecanismos de sanção estritamente corporativos, inócuos". Eles já chegaram a uma conclusão. A nossa, na mídia, qual é?

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